PORTUGAL E A EUROPA, poder e política por Anselmo Borges em DN 22 junho 2013



Portugal e a Europa, poder e política por Anselmo Borges em DN 22 junho 2013 (Resumo por Armando Soares)

É histórico: os mélios não quiseram juntar-se aos atenienses contra Esparta e os atenienses arrasaram a cidade, mataram os homens, venderam como escravos as mulheres e as crianças.
Razão apresentada pelos mélios: a protecção dos deuses. Os atenienses responderam: "Quanto à divina benevolência, nós também cremos que os deuses e os homens (no primeiro caso, trata-se de uma opinião, e, no segundo, de uma certeza) imperam sempre em virtude de uma lei natural sobre aqueles a quem superam em poder. Não fomos nós que estabelecemos esta lei nem fomos os primeiros a aplicá-la. Já existia quando a recebemos e havemos de deixá-la como legado à posteridade.
Está aí, no seu esplendor e horror, a defesa da lei do mais forte.

 A organização não-governamental Oxfam revela que nos paraísos fiscais se encontram 14 biliões de euros, tendo dois terços origem na União Europeia.
Com esses 14 biliões, poder-se-ia acabar com a pobreza extrema no mundo duas vezes.
Portugal recebeu, ao longo dos últimos 25 anos, 81 mil milhões de euros de fundos comunitários, o que significa 9 milhões por dia. Pergunta-se para onde foi tanto dinheiro, se teve as aplicações mais racionais... E porque é que continuamos o País mais desigual da Europa. E, quando Portugal se afunda na crise, como se explica tanta impunidade.

Paulo Morais diz no seu livro “Da Corrupção à Crise. Que Fazer?”, que "enquanto o País empobrece, a classe média se extingue e o desemprego alastra, a corrupção continua a aumentar, e cresce a promiscuidade entre a política e os negócios".
Vivemos num mundo deveras perigoso que põe em risco a paz e a democracia.
Portugal não tem solução fora da Europa. E a Europa, sem união e procurando o caminho de estruturas federativas, não tem futuro. Em todo este contexto, o célebre sociólogo Zygmunt Bauman, tem razão, quando reclama o recasamento do poder e da política.
Qual é o problema? Nos tempos modernos, nos Estados-nação, houve durante cerca de duzentos anos um casamento entre poder e política, e julgou-se que "poder e política” deveriam continuar a viver juntos.


Ora, o que está a acontecer é que numa globalização meramente negativa não conseguimos ainda instituições políticas de carácter global e o poder tende a evaporar-se no ciberespaço "O poder globaliza-se enquanto a política permanece local". "A política encontra-se cada vez mais desprovida (e torna-se cada vez mais destituída) de poder, e os Estados-nação, como tal, podem fazer cada vez menos do que faziam antes."

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