AVEIRO Dia da Igreja Diocesana com alertas para a «fragilidade das famílias» e para a «precarização do trabalho»
AVEIRO
Dia da Igreja Diocesana com alertas para a «fragilidade das
famílias» e para a «precarização do trabalho»
Jun 4, 2018 - 14:13
«Seja qual for a circunstância
é sempre a dignidade do ser humano que devemos promover», frisou D. António
Moiteiro
Fotos JCP / Agência Ecclesia |
A iniciativa teve
como objetivo encerrar de forma celebrativa o “congresso eucarístico” que teve
lugar nos últimos dias, centrado na necessidade de “valorizar” mais a
Eucaristia como “centro” de toda a vida cristã, “pessoal e comunitária”.
Mas foi ponto de
partida para o bispo de Aveiro deixar um conjunto de mensagens relacionadas com
a atualidade do país e da Igreja Católica.
D. António Moiteiro
referiu-se ao chumbo das propostas de lei sobre a eutanásia, considerando
estarmos perante “um sim à vida”, dom e dádiva de Deus que tem de ser
preservada “mesmo no final da existência”.
E recordou que “a lei
não é o supremo valor”, que há um outro “a que todos os outros se devem
subordinar” que “é o bem do ser humano”.
“Seja qual for a
circunstância em que se encontre, com saúde ou doente, é sempre a dignidade do
ser humano, enquanto imagem e semelhança de Deus, que nós devemos preservar e
promover”, sustentou.
O bispo de Aveiro
lembrou depois que “são vários os desafios que emergem” hoje, para os cristãos
e para a sociedade em geral, aos quais a Igreja Católica, na sua pastoral, é
chamada a estar atenta, mas também o Governo e as autoridades nacionais.
Como “a fragilidade
de tantas famílias, a precarização do trabalho, a turbulência dos jovens sem
horizontes de esperança para o futuro imediato, o envelhecimento da população e
a solidão dos idosos, entre tantos outros”.
“Desafios que existem
um esforço redobrado, da sociedade e das suas instituições”, frisou aquele
responsável.
Sobre a temática da
valorização da Eucaristia enquanto centro de toda a vida cristã, D. António
Moiteiro ligou-a não só a uma certa perda do significado do Domingo, como dia
de descanso, mas também à quebra da importância que as pessoas dão ao
“mistério” que ali é celebrado.
“Para além de pedir
que os trabalhadores descansem ao domingo e que o domingo não seja preenchido
por tantas atividades como temos hoje, o importante é que os cristãos se
responsabilizem, se consciencializem do valor da eucaristia semanal como a
Páscoa, a Páscoa cristã. E este é o trabalho que temos a fazer, porque se eu o
fizermos, o domingo terá outra dimensão”, completou o bispo.
Sobre esta última
temática, Florinda Lopes, ligada à Infância Missionária de Aveiro, destaca um
trabalho que tem de passar pelas estruturas da Igreja, “dos padres, do Papa”,
mas que deve começar em casa, nas famílias.
“O que me faz estar
ainda hoje aqui foi o ter uma família unida em casa, em que íamos à missa com
os nossos avós, com os nossos pais. Hoje em dia os nossos pais querem o domingo
para descansar e não levam os filhos”, aponta aquela responsável, que encontra
as mesmas dificuldades no movimento ao qual está ligada.
“As crianças estão,
querem estar, mas os pais não as levam. Portanto temos que criar dinâmicas para
que estes jovens e crianças voltem e venham para a Igreja”, salienta.
Como referiu o casal
Almeida, que veio da Paróquia de São Bernardo com os seus três filhos, é
conseguir “viver um bocadinho contracorrente”.
“Tentamos passar os
valores cristãos aos nossos filhos, que muitas vezes não é fácil porque até nos
sítios onde eles se movimentam, hoje em dia, sentimos que a fé já não está tão
presente e mesmo as famílias também já se organizam de outra forma”, frisa a
mãe.
“A procura deve ser
de ambas as partes e a Igreja também deve procurar chegar mais perto”,
completou o pai.
Do lado do clero
falou o padre Leonel Abrantes, responsável pelos setores da Pastoral Juvenil e
Universitária da Diocese de Aveiro.
O sacerdote admitiu que o afastamento que se verifica
atualmente entre as pessoas e a Igreja está ligado também a uma certa
“dificuldade na transmissão” da mensagem cristã à sociedade, em particular aos
jovens.
Daí que momentos como
este dia de festa, da Igreja Diocesana, sejam fundamentais.
“A Eucaristia é
também suposta ser esta festa que procuramos hoje mostrar. Mais velhos, mais
novos, crianças, jovens, adultos, todos juntos em torno da Eucaristia que é
esta presença de Deus junto de nós”, sustentou.
No meio da forma
“vertiginosa” como as pessoas hoje são levadas a viver a vida, visível
sobretudo no meio do trabalho, a Igreja Católica é chamada também a ser um
convite a “parar, a serenar”, acrescentou o padre Leonel Abrantes.
Neste Dia da Igreja
Diocesana de Aveiro, também tivemos oportunidade de falar com os mais novos,
para perceber de que forma é que eles olham para a realidade atual da Igreja e
da vivência da fé.
Gonçalo Salgueiro,
ligado ao Movimento dos Convívios Fraternos, destacou a importância de momentos
como este que foi vivido no Parque Infante D. Pedro, para entusiasmar mais as
novas gerações.
“Ver que estamos aqui
representados das paróquias todas é uma alegria enorme. A Igreja é isto, é nós
sairmos da nossa casa, neste caso dos nossos movimentos, e dar este testemunho
a qualquer um que apareça no nosso caminho”, referiu.
Já Luciana Correia,
que é catequista, defendeu a necessidade da Igreja “chamar os jovens porque
eles sozinhos não vão lá”.
Até porque “hoje em
dia os jovens vivem o domingo de forma muito diferente”, sendo um “dia de muita
coisa que muitas vezes não é Eucaristia”.
No final deste Dia da
Igreja Diocesana, o bispo de Aveiro celebrou o envio de diversos voluntários
missionários que no Verão irão realizar missões em vários países, de
solidariedade e de ajuda mútua. JCP|Ecclesia
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