CRISTÃOS/MUÇULMANOS Encontros


CRISTÃOS/MUÇULMANOS
Encontros








Por M. Chiara Biagioni In SIR Trad. / edição: Rui Jorge Martins

«Sabemos que vivemos num contexto onde abundam os conflitos e as incompreensões, mas acreditamos no valor do encontro, da discussão e do debate inclusive sobre aquilo que permanece diferente e continua a dividir-nos.»

Esta declaração faz parte do texto redigido por cerca de 40 jovens muçulmanos e cristãos no termo dos quatro dias da primeira Escola de Verão islamocristã que terminou a 2 de setembro, em Florença, dedicada ao tema “Religiões e cidadania”.
A iniciativa, promovida pela Comissão para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Conferência Episcopal Italiana e várias associações muçulmanas, compreendeu momentos de encontro diversificados.
Além de sessões de trabalho e aprofundamento sobre o tema do encontro, a paz e a justiça social, realizaram-se «laboratórios interativos», espetáculos teatrais e projeção de um documentário, a par de momentos de oração, partilhados mas não sincréticos, entre os crentes.
Juntamente com a reflexão académica, foi precioso cultivar a oração, a convivialidade e a amizade, o pensar juntos sobre situações concretas e lidar com as nossas reações emotivas aos problemas colocados», escrevem os jovens ao fazerem o balanço da experiência.
«Tudo o que vivemos pede para ser protegido e transmitido, e com esta convicção confiamos em posteriores propostas, especialmente se dirigidas às realidades locais dos nossos países», assinalam.
O objetivo do projeto é «consolidar relações de amizade e diálogo entre muçulmanos e cristãos», além de «formar os jovens para os temas da cidadania, dos valores constitucionais e da convivência num contexto pluralista», explicam responsáveis dos bispos italianos.
«Precisamos de maiores relações entre nós. Se nos conhecermos melhor, podemos também compreender que os motivos de união são muito mais do que os da diversidade, e que os mesmos motivos de diversidade têm uma função hermenêutica para o conhecimento de nós próprios», afirmou o cardeal arcebispo de Florença, D. Giuseppe Betori, que acolheu os participantes juntamente com o imã da cidade, Izzedine Elzir.
Rosanna Sirignano, da Confederação Islâmica Italiana, sublinha «o grande valor do encontro pessoal, nada dado como adquirido num tempo, como o atual, em que há cada vez menos tempo para as relações interpessoais e onde a comunicação perdeu o valor do cara a cara, viaja cada vez mais no virtual e limita-se ao comentário e ao “gosto”».
Acompanhados por teólogos, os jovens puderam interrogar-se como os crentes se referem ao espaço social e como a sua fé pode contribuir para construir o tecido social e cultural de um país.
«Aos responsáveis políticos pedimos duas coisas: a primeira é que adiram à realidade, tendo em conta que é muito mais complexa do que aquilo que se pensa», aponta a responsável islâmica, lembrando o conjunto «de elementos culturais e religiosos que na história se entreteceram», «diversidades que, em vez de ser um problema, são e devem ser vividas como uma riqueza».
O outro pedido é para os políticos estarem «conscientes da perigosidade de toda a banalização e simplificação que, infelizmente, as redes sociais favorecem, divulgando, sem possibilidade de contraditório e verificação, falsidades e mentiras», o que requer da população o acesso a outras fontes de informação para além do Facebook e da televisão.

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