PORTUGAL/fome Braga: Arcebispo alerta para a «verdade inconveniente» da «fome» em Portugal
PORTUGAL/fome
Braga: Arcebispo
alerta para a «verdade inconveniente» da «fome» em Portugal
Dez 6, 2018 - 15:45 Ecclesia
«Realidade deve levar-nos a um
sério exame de consciência» – D. Jorge Ortiga
Foto: Arquidiocese de Braga |
O arcebispo de Braga afirmou que são “muitas as pessoas
desesperadas e indefesas” à procura de “cura, libertação, de um futuro melhor e
esperança” e, como a Igreja, “as entidades com maior responsabilidade”
devem “questionar-se, avaliar e agir”.
“São muitos os casos
de pobreza, fome, debilidade e sofrimento. São muitas as multidões que procuram
esperança, um presente seguro e um futuro próspero. Sabemos, ao mesmo tempo,
que as imensas solicitações que chegam todos os dias podem ser avassaladoras”,
disse D. Jorge Ortiga, na Missa em memória de São Geraldo, padroeiro
principal da cidade, esta quarta-feira.
O arcebispo primaz
referiu que “são muitos, talvez demasiados”, os problemas de ordem social e
humana para que as pessoas e instituições “não se unam pelo bem comum”, e
destacou o “bonito testemunho” dos milhares de voluntários que se “uniram” na
campanha do Banco Alimentar Contra a Fome.
Esta quarta-feira,
Dia Internacional do Voluntariado (5 de dezembro), D. Jorge Ortiga louvou esse
trabalho, considerando que este “grande número de gente tão dedicada é
património”.
O arcebispo alertou
para a “verdade inconveniente” que “ainda existe fome” em Portugal.
“Relembro, muito
particular, os sem-abrigo sem uma refeição quente ou até os idosos reformados
cuja parca reforma os coloca no dilema de escolher entre a medicação e a
alimentação”, exemplificou.
“Com grande
preocupação”, recordou também os jovens que “lutam pela estabilidade laborar, a
independência familiar” e a ginástica financeira que têm de fazer e questiona
como se pode pedir que “sonhem e arrisquem” se “lhes são retiradas todas as
redes de proteção” numa fase de “maior necessidade”.
Para o arcebispo de
Braga a realidade atual “deve levar” a um “sério exame de consciência”, sendo
preciso “parar, avaliar e agir em conformidade”, a começar pela Igreja mas também
as “entidades com maior responsabilidade”.
“Não temos grandes
recursos para tantas solicitações, sejam elas de ordem espiritual ou material;
Teremos de trabalhar com maior qualidade pela dignificação da vida de todas as
pessoas. Devemos fazê-lo individualmente e através das nossas instituições”,
desenvolveu.
D. Jorge Ortiga
salientou que no dever de construção da cidade, “como espaço onde a todos é
garantido o indispensável para viver”, na quadra de Advento e Natal lembrou “o
trabalho das IPSS” – Instituições Particulares de Solidariedade Social.
“Estão a desempenhar
um papel insubstituível para garantir a qualidade de vida de tantos
portugueses”, observou, um dia depois de ter sido apresentado um estudo sobre a
‘Importância
Económica e Social das IPSS em Portugal’ com alertas de
encerramentos e despedimentos.
O responsável
explicou que o Evangelho da memória de S. Geraldo “não deixa a ninguém
indiferente” e, o relato da multidão de gente desesperada “pelos seus males
físicos” que quer a ajuda de Jesus, “tem tanto de comovente quanto de
dramático”.
“Jesus enfrenta com
coragem os problemas e não se esquiva a encontrar soluções. Curou-os a todos,
para espanto de muitos, e deu de comer e de beber a quem necessitava. Este é o
espírito dos Homens grandes”, desenvolveu sobre quem sabe partilhar o que tem
“mas também incluir as pessoas na procura de soluções”.
Na homilia publicada
no sítio online da diocese, o arcebispo de Braga referiu que chegou o tempo de
“avaliar com isenção as necessidades das pessoas, as prioridades e quais os
caminhos a seguir em conjunto” e que respeitem a identidade, a história e as
competências de cada instituição.
CB/OC
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