HOMEM/orante-trabalhador Homem rezador ou trabalhador? Por Casimiro João


HOMEM/orante-trabalhador
Homem rezador ou trabalhador? Por Casimiro João
sábado, 2 de fevereiro de 2019
Tempos atrás havia o homem “rezador”. E o homem “trabalhador”. Para muitos, só interessava e só se investia no homem “rezador”, isto é, o homem rezador é que encontrava Deus, o outro não.

Porém, na espiritualidade atual, tanto pode estar unido a Deus tanto um como o outro. Na verdade o ser humano hoje em dia descobriu que o mundo funciona com as suas próprias leis. 
Muitos, acostumados a ver Deus só na igreja, da sacristia para dentro, começaram pensando  que quem seguisse essas leis do mundo e da evolução estaria se separando de Deus ou seria um ateu. Porém não é bem assim.

Para poder escolher devemos ter certa autonomia, e conscientes de nossa capacidade, nosso valor como sujeitos e de nossa responsabilidade. E a pessoas humana torna-se crítica, talvez rebelde, mas só assim ela vira um sujeito livre e questionador. 
Na verdade, não escolher significa ser empurrado, manipulado e não ganhar uma identidade. Por isso que um dos objetivos fundamentais da educação e de uma pastoral atualizada de hoje deve ensinar o homem a escolher.

Com efeito, tempos atrás vivia-se numa sociedade rural onde havia um controle social muito rigoroso. Cada um sabia tudo sobre cada um e todas as estripulias eram conhecidas de todo mundo. Havia abortos? Havia, e tantas vezes para evitar a pressão social da vizinhança.
Nas cidades hoje em dia tal pressão existe em muito menos escala, e há mais tolerância, o que é condição para viver mais em harmonia e crescimento na personalidade, e também responsabilidade. No ambiente rural era-se guiado por estruturas rígidas e a pessoa nadava num ambiente bitolado e despersonalizante, não exercitava muito a sua liberdade.

Ora, o caminho desta liberdade obriga o homem a uma nova honestidade e responsabilidade que não é a mesma de comportamentos obrigatórios a que antes era obrigado na sociedade rural. Nela, a estrutura o mantinha no caminho. 
A estrutura decidia por ele, de tal maneira que, muita vezes, ele nunca tinha  de assumir uma atitude pessoal. Por isso que um dos objetivos fundamentais de uma pastoral urbana de hoje deve ensinar o homem a escolher.

Retomamos então o inicio deste tema, que não é só da sacristia para entro que o cristão se santifica mas no seu balcão, na escola e nos seus computadores. E também quando realiza uma tarefa que ajuda os outros seres humanos e quando, de alguma maneira fica à disposição de ajudar o próximo, e quando pode dar amor, alegria e felicidade a alguém. 
Aí o ser humano descobre que o caminho rumo a Deus é o caminho rumo aos homens. E vice versa, o caminho do serviço aos homens é o caminho para Deus.

É aqui que a espiritualidade do leigo coloca de pé uma Igreja que não é mais a pregação de ser um santo da sacristia para dentro porque do lado de fora não existiria Deus. Seria assim como o reino do pecado todo serviço fora da sacristia e da igreja.
Aquelas atitudes nasceram dos pressupostos e preconceitos de que o homem urbano teria perdido a sua religiosidade e que ele teria se tornado um ser secularizado, ou profano. Será que é verdade? 

Felizmente que a Igreja nas novas orientações tem vindo com muitos documentos tirar isso da nossa cabeça, essa separação e esse dualismo: de um lado a Igreja e do outro o que não é Igreja o mundo, ou o “século” de onde vem a palavra “secular” ou “secularizado”. Nada do que é humano é estranho a Deus, já diz o jargão cristão a partir de Montaigne.
Na verdade, todo o gênero humano gravita em torno do mesmo Deus que a todos abraça no mesmo amor de presença e salvação. “Nada do que é humano é estranho a Deus, e se o mal e os desvios estão na Criação, bem mais está o Bem e o Amor de Deus para com todos” dizia o autor do ANEL DE TUCUM Blog Chapadinha 2.2.19

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