JMJ 2019: I Encontro Mundial de Juventude Indígena Por P. Armando Soares
JMJ 2019
I Encontro Mundial de
Juventude Indígena
1 Fevereiro, 2019
Foto: Vatican Media |
Preservai vossas raízes e celebrai a fé
“Sede corajosos perante os desafios que
se vos apresentam
“O
Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo aos jovens do EMJI, ‘encontro
mundial da juventude indígena’, que se realizou como preparação para a JMJ
2019, de 17 a 21 de janeiro na cidade de Soloy, capital da região indígena
Ngäbe-Buglé, diocese de David, no Panamá. E disse-lhes: “preservai vossas
culturas, vossas raízes e que elas cresçam, floresçam, frutifiquem; celebrai a
fé em Jesus Cristo a partir da riqueza milenar das vossas culturas originais,
mostrai o rosto indígena da nossa Igreja e afirmai o nosso compromisso de
proteger a Casa Comum e de colaborar na construção de um outro mundo possível,
mais justo e mais humano ”.
Logotipo do Primeiro Encontro Mundial da Juventude Indígena |
O
lema escolhido para este primeiro Emji, realizado na esteira da encíclica
Laudato si, foi “Assumir a memória do nosso passado para construir
com coragem a esperança”. Estas palavras foram dirigidas pelo Papa aos jovens
voluntários no final da JMJ em Cracóvia, em julho de 2016.
Este
primeiro encontro mundial reuniu mais de mil jovens indígenas, provenientes de
vários países. Estes jovens, que se unirão aos demais, de 23 a 28, na cidade do
Panamá, representam os cerca de 60 milhões de indígenas de 522 povos
diferentes, das Américas e Austrália.
Francisco
agradeceu a iniciativa da Seção para a Pastoral Indígena da Conferência
Episcopal do Panamá, apoiada pelo CELAM, e convidou os jovens indígenas
presentes no encontro a “refletir e celebrar sua fé em Jesus Cristo a partir da
riqueza milenar de suas culturas originais”.
No
dia 21 de janeiro, os jovens foram para a Cidade do Panamá para a 34ª JMJ. Num
parque da cidade, foi preparada uma verdadeira aldeia indígena, com artesanato,
música e dança.
Indígenas brasileiros na JMJ
Compartilhar a realidade brasileira
“A
Igreja deveria reforçar o protagonismo dos povos indígenas”, é o depoimento de
um jovem indígena brasileiro do povo Tukano. Os jovens inspiram-se nas palavras
do Pontífice: “seguir em frente valorizando as memórias do passado, com coragem
no presente e esperança para o futuro.”
Depoimentos
dos jovens indígenas brasileiros: são jovens de diferentes povos e regiões, que
esperam que o encontro seja uma “grande oportunidade para a gente poder fazer
uma troca de experiências” e conhecer a visão de jovens indígenas de outros
espaços gegra´ficos”, segundo Ionara, uma jovem de 18 anos do povo guarani
kaiowa de Mato Grosso do Sul.
Sidiclei,
é um jovem do povo tukano, seminarista da diocese de São Gabriel da Cachoeira,
no Amazonas, que em 2019 vai ser ordenado diácono e sacerdote. Atento aos
clamores dos povos indígenas, ele destaca o direito à vida: “os povos indígenas
desde há 500 anos, desde a colonização, continuam sendo mortos, parece que o
ser humano não cresce, não evolui para a humanização.”
O clero autóctone da diocese, pode
ajudar “os povos indígenas a caminharem por si mesmos, a valorizarem suas
tradições culturais, seus valores éticos, a lutarem pela ecologia integral, e
pela sobrevivência do próprio ser humano”.
Índios esquecidos e atacados
Missionários e líderes indígenas
defendem seu território
A
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi ao Brasil em novembro
passado (2018), para uma visita a aldeias em Altamira (PA), Santarém (PA) e
Dourados (MS).
Após
a visita, a Comissão, que é ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA),
elaborou um relatório
em que acentua a violência contra indígenas e a negligência do Estado na
demarcação de suas terras tradicionais e chama atenção para o “assédio, ameaças
e ataques a defensores, líderes e comunidades indígenas que defendem seu
território ”.
A
situação vivenciada pelos indígenas no estado de Mato Grosso do Sul, dos
Guarani e Kaiowá, foi destacada como uma “grave situação humanitária”. Para a
CIDH, o confinamento destes povos em pequenas reservas superlotadas e os
conflitos resultantes dessa política “privam o Guarani e Kaiowá de uma vida
decente”. A intolerância e violência têm aumentado nos últimos tempos, com
mortos e dezenas de feridos por causa da demarcação de terras indígenas na
região de Guaíra.
Os
missionários apoiam estes povos em suas decisões, escutam suas demandas e fazem
com que esta violência contra os indígenas chegue às autoridades, e também ao
foro internacional.
Ameaças contra o Povo Karipuna podem terminar em genocídio
Invasão do território indígena
“Ninguém
tem liberdade para andar no território, nem para colher frutas do mato,
colher um remédio, ir caçar, ir pescar, porque corre o risco de ser morto
pelos invasores dentro do território.”
O
poder político, aliado com o poder económico, presente através do agronegócio,
das madeireiras e das mineradoras, é o grandes inimigo dos povos indígenas.
O
Conselho Indigenista Missionário (CIMI) de Rondónia manifesta sua preocupação
com a situação que está vivendo o Povo Karipuna. Há menos de trinta anos atrás,
com a colonização, o povo ficou reduzido a 8 pessoas. Foi recuperando e hoje
são 58.
Do
ano 2011 até 2015, foi uma verdadeira invasão do território. Os grupos
económicos, sentiram-se fortalecidos e começaram um processo de loteamento da
Terra Karipuna.
A
situação agrava-se dia a dia. A Secretaria de Meio Ambiental de Rondónia,
concede licença e facilita o roubo de madeira dentro da Terra Indígena.
Até
o próprio “Procurador da República de Rondónia fala de uma “situação de
eminente genocídio de um povo”, sendo essa “a nossa grande preocupação enquanto
Igreja da Arquidiocese de Porto Velho”.
No
ano 2018, houve duas denúncias de lideranças indígenas na ONU. O que está
previsto na Constituição Federal é manter a integridade física, cultural e
territorial dos povos”.
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