O Ensino da Religião e Moral no ocidente por ARMANDO SOARES
Até
à Idade Média. Tem sido posto em causa o ensino da religião e moral nas
escolas. É uma vergonha para um país de maioria católica, ainda que seja
governado por pessoas que algumas vezes de fé nada têm.
No entanto, a religião cristã empapa e embebe toda a nossa história e cultura ainda que falsamente tentemos negá-lo ou não o aceitar, ou até escorraçar a ideia de que a civilização ocidental é de raiz cristã.
Pretendo explicar um pouco este tema, a começar pela educação nas escolas a partir dos primeiros séculos do cristianismo.
A partir do século III, põe-se aos pais o problema da educação dos filhos, pois a única escola existente era pagã – idolátrica. A educação fazia-se na família e nas assembleias litúrgicas.
Durante o império romano, professores e alunos, se frequentassem essas escolas, estariam a promover positivamente a idolatria. Assim fala Tertuliano. E São Basílio previne os jovens contra a literatura pagã.
No século IV, um estado oficialmente cristão, na Ásia menor onde a maior parte da população era cristã, jovens e adolescentes cristãos frequentam a escola oficial pagã recebendo ensinamentos pagãos contidos nos clássicos pagãos, mas não aceitando os seus conteúdos culturais contrários à concepção da vida cristã.
Ainda no século IV, num império já cristão, a Igreja não criou uma escola confessional para a formação do seu clero e laicado culto, mas aceita como necessidade a escola pública, embora perigosa para a concepção da vida cristã. Rejeita tudo o que é anti-cristão. Alerta os alunos para os perigos e orienta-os para a leitura da Bíblia e dos autores cristãos.
Quando a obra da evangelização se espalhou para além do império romano e se implantou no meio dos povos “bárbaros” ou que não tinham assimilado a cultura greco-romana, a Igreja estabeleceu uma cultura cristã, traduzindo a Bíblia e usando a linguagem vernácula falada pela população e instituiu escolas suas para a formação do seu clero.
No século IV ainda, afirma-se o monaquismo oriental criando escolas para os jovens monges. Com as invasões babaras, a influência do sistema eclesiástico diminui, com a redução dos centros de difusão da cultura clássica e das escolas; a cultura torna-se gradualmente acessível só à aristocracia.
No fim do século V e no início do VI paralelamente às escolas monásticas, surgem e difundem-se para a formação do clero, as escolas episcopais e presbiteriais, com conteúdo ascético – bíblico.
No início do século VI, os monges na Gália, e um século mais tarde, na Itália e, em meados do século VII, os monges irlandeses e anglo-saxónicos, fundaram centros ascéticos em que eram ensinadas as sagradas letras em clima de rígida disciplina monástica.
Apesar de terem por finalidade o estudo da Bíblia e da celebração da Liturgia, abriram-se aos estudos liberais e à gramática. (469)
Escola medieval e Universidades. A partir do renascimento carolíngeo, séculos IX-X, até à segunda metade do século XII, aparece lentamente mas com mais evidência um primeiro reingresso da cultura pagã no mundo cristão: cultura literária, jurídica, o direito romano, a filosofia aristotélica, a física, a metafísica, os comentários árabes traduzidos em latim.
Na sociedade medieval surgem por obra da Igreja, as Universidades, as escolas urbanas, a partir do século XIII. A cristandade medieval não consegue conceber cultura e escola ainda que universitária, mesmo que os conteúdos sejam profanos (artes, medicina), a não ser sob o controle da Igreja. Cultura e escola, conteúdo profano-religioso devem inserir-se numa visão cristã da vida e numa prática religiosa como elementos colaborantes e não como obstáculos. A Igreja sente-se responsável por todo o ensino universitário e não só pelo sagrado, ministrado na Faculdade de Teologia. Ela mesma organiza as Universidades.
No início da época moderna não muda a atitude da Igreja. Em pleno humanismo, a tentativa de promover uma reforma, acabou por falhar, afirmando de uma maneira inequívoca a competência da Igreja no campo da educação da juventude, continuando a exigir uma escola rigidamente confessional.
A Igreja toma consciência de se dirigir ao mundo ainda oficialmente cristão nas suas estruturas sócio-culturais, e exige que a escola favoreça positivamente a formação cristã dos jovens. Numa sociedade oficialmente cristã, a Igreja quer uma escola cristã
.
Na época contemporânea. Passam mais 4 séculos da história do mundo da Igreja. Esta estende-se a todos os continentes e a todas as culturas e raças. Com estruturas abundantemente laicizadas e descristianizadas ou anti-cristãs.A educação e a escola emancipam-se da Igreja. A pedagogia afirma-se como valor autónomo e muitas vezes anti-cristão. Prescinde-se ou luta-se contra a visão cristã da vida. Isto criou um estado de descontentamento no âmbito da Igreja, hierarquia e laicado. A Igreja sentiu-se obrigada a condenar os erros e a tomar posições para defender e ajudar os católicos, nos seus direitos de pais, sobretudo perante regimes monopolizadores da escola e da educação para fins políticos ou perante posições laicistas passadas e presentes.
No entanto, a religião cristã empapa e embebe toda a nossa história e cultura ainda que falsamente tentemos negá-lo ou não o aceitar, ou até escorraçar a ideia de que a civilização ocidental é de raiz cristã.
Pretendo explicar um pouco este tema, a começar pela educação nas escolas a partir dos primeiros séculos do cristianismo.
A partir do século III, põe-se aos pais o problema da educação dos filhos, pois a única escola existente era pagã – idolátrica. A educação fazia-se na família e nas assembleias litúrgicas.
Durante o império romano, professores e alunos, se frequentassem essas escolas, estariam a promover positivamente a idolatria. Assim fala Tertuliano. E São Basílio previne os jovens contra a literatura pagã.
No século IV, um estado oficialmente cristão, na Ásia menor onde a maior parte da população era cristã, jovens e adolescentes cristãos frequentam a escola oficial pagã recebendo ensinamentos pagãos contidos nos clássicos pagãos, mas não aceitando os seus conteúdos culturais contrários à concepção da vida cristã.
Ainda no século IV, num império já cristão, a Igreja não criou uma escola confessional para a formação do seu clero e laicado culto, mas aceita como necessidade a escola pública, embora perigosa para a concepção da vida cristã. Rejeita tudo o que é anti-cristão. Alerta os alunos para os perigos e orienta-os para a leitura da Bíblia e dos autores cristãos.
Quando a obra da evangelização se espalhou para além do império romano e se implantou no meio dos povos “bárbaros” ou que não tinham assimilado a cultura greco-romana, a Igreja estabeleceu uma cultura cristã, traduzindo a Bíblia e usando a linguagem vernácula falada pela população e instituiu escolas suas para a formação do seu clero.
No século IV ainda, afirma-se o monaquismo oriental criando escolas para os jovens monges. Com as invasões babaras, a influência do sistema eclesiástico diminui, com a redução dos centros de difusão da cultura clássica e das escolas; a cultura torna-se gradualmente acessível só à aristocracia.
No fim do século V e no início do VI paralelamente às escolas monásticas, surgem e difundem-se para a formação do clero, as escolas episcopais e presbiteriais, com conteúdo ascético – bíblico.
No início do século VI, os monges na Gália, e um século mais tarde, na Itália e, em meados do século VII, os monges irlandeses e anglo-saxónicos, fundaram centros ascéticos em que eram ensinadas as sagradas letras em clima de rígida disciplina monástica.
Apesar de terem por finalidade o estudo da Bíblia e da celebração da Liturgia, abriram-se aos estudos liberais e à gramática. (469)
Escola medieval e Universidades. A partir do renascimento carolíngeo, séculos IX-X, até à segunda metade do século XII, aparece lentamente mas com mais evidência um primeiro reingresso da cultura pagã no mundo cristão: cultura literária, jurídica, o direito romano, a filosofia aristotélica, a física, a metafísica, os comentários árabes traduzidos em latim.
Na sociedade medieval surgem por obra da Igreja, as Universidades, as escolas urbanas, a partir do século XIII. A cristandade medieval não consegue conceber cultura e escola ainda que universitária, mesmo que os conteúdos sejam profanos (artes, medicina), a não ser sob o controle da Igreja. Cultura e escola, conteúdo profano-religioso devem inserir-se numa visão cristã da vida e numa prática religiosa como elementos colaborantes e não como obstáculos. A Igreja sente-se responsável por todo o ensino universitário e não só pelo sagrado, ministrado na Faculdade de Teologia. Ela mesma organiza as Universidades.
No início da época moderna não muda a atitude da Igreja. Em pleno humanismo, a tentativa de promover uma reforma, acabou por falhar, afirmando de uma maneira inequívoca a competência da Igreja no campo da educação da juventude, continuando a exigir uma escola rigidamente confessional.
A Igreja toma consciência de se dirigir ao mundo ainda oficialmente cristão nas suas estruturas sócio-culturais, e exige que a escola favoreça positivamente a formação cristã dos jovens. Numa sociedade oficialmente cristã, a Igreja quer uma escola cristã
.
Na época contemporânea. Passam mais 4 séculos da história do mundo da Igreja. Esta estende-se a todos os continentes e a todas as culturas e raças. Com estruturas abundantemente laicizadas e descristianizadas ou anti-cristãs.A educação e a escola emancipam-se da Igreja. A pedagogia afirma-se como valor autónomo e muitas vezes anti-cristão. Prescinde-se ou luta-se contra a visão cristã da vida. Isto criou um estado de descontentamento no âmbito da Igreja, hierarquia e laicado. A Igreja sentiu-se obrigada a condenar os erros e a tomar posições para defender e ajudar os católicos, nos seus direitos de pais, sobretudo perante regimes monopolizadores da escola e da educação para fins políticos ou perante posições laicistas passadas e presentes.
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