FATIMA ESPERANÇA E PAZ por ARMANDO SOARES (Homilia Fátima)
FATIMA
ESPERANÇA E PAZ por ARMANDO
SOARES
Homilia do Papa Francisco na
missa do Santuário
13/5/2017, 11:16
AFP/Getty Imagex
Autores: Rita Garcia | Armando Soares
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Foi de esperança, paz e fé que o Papa Francisco falou na homilia da missa do Centenário das Aparições de Fátima. Disse que a Virgem transmitiu aos pastorinhos uma mensagem de amor e que foi o manto protector da mãe de Jesus que os protegeu de todas as dificuldades. Agora, como em 1917, a mensagem de Fátima é a mesma. Francisco repetiu mais uma vez que o lugar da Igreja é junto dos que sofrem e que a Igreja se quer missionária, acolhedora e “pobre em meios mas rica em amor”.
“… Ouvimos, no Evangelho,
Jesus dizer ao discípulo: ‘Eis a tua Mãe.’ (Jo 19, 26-27). Temos Mãe! Uma
‘Senhora tão bonita’, comentavam entre si os videntes de Fátima a caminho de
casa, naquele abençoado dia treze de maio de há cem anos atrás. E, à noite,
Jacinta não se conteve e contou o segredo à mãe: ‘Hoje vi Nossa Senhora’.
Tinham visto a Mãe do Céu. Francisco é conhecido por usar uma linguagem simples
e acessível a todos. O Papa explica que a Virgem não terá aparecido a Jacinta, Francisco
e Lúcia apenas para que a vissem, mas para apelar a mudanças drásticas na
Humanidade.
Para o líder dos católicos, as palavras de Maria em Fátima são as de
uma mãe que protege os filhos e lança um pedido de conversão aos homens para os
salvar do Inferno. Fátima é, por isso, “um manto de Luz” que cobre a Humanidade
em qualquer lugar da Terra.
“Queridos peregrinos, temos
Mãe. Agarremo-nos a Ela como filhos.” Quando Jesus subiu ao Céu, levou para
junto do Pai celeste a humanidade — a nossa humanidade — que tinha assumido no
seio da Virgem Mãe e nunca mais a
largará. Fundeemos nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita
do Pai. (Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança
que nos sustente sempre, até ao último respiro.”
Papa Francisco vem a Fátima falar de esperança. Este é, aliás, um tema
querido a Francisco. Ainda em fevereiro
deste ano, disse numa audiência geral que “os cristãos devem ser prova viva de
esperança”, sabendo que, especialmente em tempos de escuridão e dificuldade,
essa não é uma virtude fácil.
“Com esta esperança, nos
congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes
cem anos, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos
da Terra. Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa
Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os
levou a adorá-Lo. Aqui hauriam a força para superar contrariedades e
sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, na súplica
instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a ‘Jesus
Escondido’ no sacrário.”
Francisco já fez vários discursos e homilias sobre a esperança, a
esperança que ensina a sorrir. “As pessoas que se afastam de Deus perdepessoas
sem m o sorriso. Podem rir alto, mas falta-lhes o sorriso.” Francisco refere
ainda que foi a fé e a esperança em Deus que ajudou os novos santos Jacinta e
Francisco Marto a ultrapassar as contrariedades e sofrimentos que enfrentaram.
“Temos esperança porque Deus caminha connosco”, disse.
“Nas suas Memórias (III, n.6), a irmã Lúcia dá a palavra
a Jacinta que beneficiara de uma visão: ‘Não vês tanta estrada, tantos caminhos
e campos cheios de gente a chorar e com fome, e sem nada para comer? E o Santo
Padre numa Igreja, diante do Imaculado Coração de Maria a rezar? E tanta gente
a rezar com ele?’ Irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes! Não podia
deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-Lhe os seus filhos e filhas.
Sob o seu manto, não se perdem; dos seus braços virá a esperança e a paz de que
necessitam e que suplico para todos os meus irmãos no Baptismo e em humanidade,
de modo especial para os doentes e pessoas com deficiência, os presos e
desempregados, os pobres e abandonados. Queridos irmãos, rezamos a Deus com a
esperança de que nos escutem os homens; e dirigimo-nos aos Homens com a certeza
de que nos vale Deus.”
Pedir para rezar por ele é um gesto que já se tornou habitual em
Francisco. Aqui, agradece aos fiéis por virem ao seu encontro. O Papa volta
ainda a falar da esperança e da paz, que serviram de mote à sua viagem como
peregrino de Fátima. E, seguindo Jesus, dirige-se especificamente aos que
sofrem (doentes, pessoas com deficiência, presos, desempregados, pobres e abandonados).
É a eles, que estão nas periferias, que a Igreja deve fazer por chegar.
“Ele criou-nos como uma
esperança para os outros. Ao «pedir» e «exigir» o cumprimento dos nossos
deveres de estado, o Céu desencadeia uma verdadeira mobilização geral contra
esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. A vida só
pode sobreviver graças à generosidade de outra vida. Quando passamos através
dalguma cruz, Ele já passou antes. Assim, não subimos à cruz para encontrar
Jesus; mas foi Ele que Se humilhou e desceu até à cruz para nos encontrar a nós
e, em nós, vencer as trevas do mal e trazer-nos para a Luz.”
O Papa fala muitas vezes da cultura do encontro para fugir à
indiferença que “gela o coração e agrava a miopia do olhar”. O percurso do próprio
Francisco explica como o modelo de Jesus lhe serviu de inspiração nos momentos
mais duros da sua vida. Nos dois anos de exílio e provação individual impostos
a Bergoglio em Córdoba, entre 1990 e 1992, o sofrimento de Cristo esteve sempre
presente na mente do jesuíta, como forma de “vencer as trevas do mal e
trazer-nos para a Luz.”
“Sob a proteção de Maria,
sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro
rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o
rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora,
livre, fiel, pobre de meios e rica no amor.”
Francisco insiste: a Igreja deve sair de si mesma, ser missionária,
acolhedora e livre. O Papa volta ao conceito da Igreja pobre para os pobres,
mas rica em amor. in VM-Junho 2017
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