MÉDIO ORIENTE Sínodo dos Bispos: Comunhão e testemunho

Texto: Armando Soares
“Guiados pelo Espírito Santo, reavivar a comunhão da Igreja Católica no Médio Oriente, no interior de cada Igreja, entre todos os seus membros e, depois… também nas relações com as outras Igrejas”, defendeu o Papa Bento XVI, como um dos grandes objectivos do Sínodo que se iniciou, em Roma, no dia 10 para terminar no dia 24. Presentes no Sínodo, no Vaticano, 186 participantes.
Embora de dimensão prevalentemente pastoral, não pode de modo algum ignorar-se “a delicada e  muitas vezes dramática situação social e política de alguns países”. “Viver dignamente na sua própria pátria é um direito fundamental”, sublinhou Bento XVI, numa alusão à situação dos católicos da Terra Santa e dos palestinianos em geral. “Há que favorecer condições de paz e de justiça, indispensáveis para o desenvolvimento harmonioso de todos os habitantes da região”, defendeu.
Nestas terras, a única Igreja de Cristo exprime-se na variedade de Tradições litúrgicas, espirituais, culturais e disciplinares das seis venerandas Igrejas  Católicas «sui júris», com também na Tradição latina.
O Médio Oriente «é a terra de Abraão, de Isaac e de Jacob; a terra do Êxodo e do regresso do exílio; a terra do Templo e dos Profetas; a terra em que o Filho Unigénito nasceu de Maria; ali viveu, morreu e ressuscitou; é o berço da Igreja, constituída para levar o Evangelho de Cristo até aos confins do mundo. Também nós, como crentes, é nesta óptica que olhamos para o Médio Oriente, na perspectiva da história da salvação, a óptica interior que me guiou nas viagens apostólicas à Turquia, à Terra Santa – Jordânia, Israel, Palestina – e a Chipre, onde pude conhecer de perto as alegrias e preocupações das comunidades cristãs».
A  Igreja é constituída para ser, no meio dos homens, sinal e instrumento do único e universal projecto salvífico de Deus. Cumpre esta missão sendo, simplesmente, ela mesma, isto é, «comunhão e testemunho», como indica o tema desta assembleia sinodal, recordou Bento XVI.
Na primeira sessão de trabalho do Sínodo, Bento XVI alertou para as ideologias terroristas que espalham o terror e a morte, e a violência, aparentemente até em nome de Deus; apontou no dedo aos capitais anónimos que escravizam as pessoas num modo de vida imoral, à força, “que como uma besta voraz conquista com as suas garras a terra inteira e destrói”, e ao modo de vida propagado pela opinião pública actual”, no qual “o casamento já não conta” e “a castidade já não é uma virtude”. E concluiu dizendo: “ estamos numa luta contra estas falsidades que destroem o mundo”.
 Depois da intervenção do Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, D. António  Naguib, Patriarca de Alexandria dos Coptas (Egipto) disse que o Ocidente cujos Estados se dizem laicos o que fazem é perseguirem e oporem-se aos princípios da fé cristã.  Apelou a que se reconheça a tolerância que passe pela justiça e igualdade, baseada na cidadania, na liberdade religiosa e nos direitos humanos. Apresentou como trágica a situação dos cristãos no Iraque que são “as vítimas principais da guerra e das suas consequências”. A presença dos cristãos no Médio Oriente deve testemunhar a caridade, baseada na fé, e sublinhou as instituições sociais da Igreja, os numerosos estabelecimentos de ensino, os centros médicos que constituem “ um testemunho eloquente do amor ao próximo, sem distinção nem discriminação alguma, assinalou.
O Médio Oriente é preocupação para toda a humanidade.
Bento XVI na missa de encerramento do Sínodo para o Médio Oriente, no dia 24 de Outubro, Dia Mundial das Missões, denunciou, "os conflitos, as guerras, a violência e o terrorismo”, e fez fortes apelos à paz: «é preciso nunca resignar-se perante a falta de paz. A paz é possível. A paz é urgente. A paz é a condição indispensável para uma vida digna da pessoa humana e da sociedade. Bento XVI disse ainda que “outro contributo que os cristãos podem dar à sociedade é a promoção de uma autêntica liberdade religiosa e de consciência, um dos direitos fundamentais da pessoa humana que todos os Estados deveriam sempre respeitar”.
“A paz, que é dom de Deus, é também os resultados dos esforços dos homens de boa vontade, das instituições nacionais e internacionais, em particular dos Estados mais envolvidos na busca da solução dos conflitos”, assinalou. Para o Papa, “a paz é também o melhor remédio para evitar a emigração do Médio Oriente”, pedindo orações “pela paz na Terra Santa”.
Desejamos que o Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente seja um garante da liberdade religiosa, e uma ajuda eficaz para a verdadeira paz, cuja concretização todos ansiamos.
FONTES: DM / Rádio Vaticano / Fides / Ecclesia / Lusa.
 Leia o livro: NA FORÇA DO DIÁLOGO. por Armando Soares, a sair brevemente, com capa paginação e design gráfico de Terra das Ideias.

Comentários

Mensagens populares