Nigéria Cristãos sujeitos a autêntico «inferno»

Cerca de 10 mil pessoas perderam a vida, nos últimos quatro anos, devido à perseguição étnica e religiosa encetada por fundamentalistas muçulmanos.
A campanha de Quaresma da Fundação AIS vai privilegiar a recolha de fundos para apoiar projectos solidários na Nigéria, onde “a repressão violenta atinge milhões de cristãos”..
Em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, aquela organização católica condena o
“fundamentalismo” religioso que tomou conta do país, associado ao “grupo islâmico Boko Haram”, que
significa “Educação não Islâmica é pecado”.
“A violência atingiu um tal ponto que já se fala na eclosão de uma guerra civil”, avisa a AIS, lamentando
que uma nação que “podia ser quase um paraíso na terra”, devido aos recursos naturais que possui,
seja na verdade “quase um inferno”.  A Nigéria conta actualmente com uma população de 155
milhões de habitantes, entre os quais cerca de 64 milhões de cristãos.
Nos últimos quatro anos, os episódios de violência contra as comunidades cristãs, sobretudo na
região norte do país, maioritariamente muçulmana, já causaram mais de 10 mil mortos e milhões de
euros de prejuízos. De acordo com a Fundação, “cerca de 300 igrejas foram destruídas ou
danificadas e mais de 250 mil pessoas tiveram de abandonar as suas casas”, para escaparem à
morte.
O final de 2011 e o arranque do ano novo ficaram marcados por uma onda de atentados, em regiões
como Madalla, perto da capital Abuja, Adamawa, no nordeste nigeriano, em Kano, a segunda maior
cidade do país, e em Tafawa Balewa. Neste momento, perto de “35 mil pessoas estão a fugir do norte
da Nigéria”, onde reina o “pânico” devido aos ataques sucessivos do grupo Boko Haram, que já
prometeu não parar enquanto a lei islâmica (sharia) não estiver implantada em todo o país.
“A maior parte das pessoas deixou tudo para trás e foge para sítios onde pensa que estão seguras,
principalmente para sul”, adianta uma fonte da AIS.
Uma conjuntura que já motivou inclusivamente um apelo de Bento XVI, para que “com o concurso das
várias partes da sociedade, se encontrem a segurança e a serenidade”. “A violência é um caminho
que leva apenas à dor, à destruição e só o amor; o respeito, a reconciliação e são caminho para
atingir a paz”, sublinhou o Papa. Com cerca de 51 projectos espalhados por todo o país, aquela
organização pede o contributo dos portugueses para ajudar “este povo sofredor”.
Para além do apoio prestado às pessoas atingidas pela onda de violência, os donativos vão reverter
para obras relacionadas com a alfabetização e educação, a criação de redes de água potável e a prestação de cuidados de saúde.

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