DEUS O Deus da vida surpreendido na favela
A perda do sentido de Deus torna-se um insulto à dignidade do homem. Trazemos para aqui o testemunho de uma missionária que conhece a degradação dos subúrbios brasileiros.
Para ir na favela do Morro do Peu, é necessária uma meia hora e aproveito esta oportunidade para entrar em contacto com as minhas fontes internas. Ultimamente eu me pego cantarolando ' Believe, acredito neste mundo "fé que renova (refrão de uma música de Jan-ndr), nas famílias que vou visitando, e procuro não me arriscar em túneis que formariam um labirinto, onde a luz dá forma a Penumbra e o ar parece estar faltando. Emergindo-me neste cenário, acompanhado por Cícero fiel, um leigo consagrado diocesano, natural de Ceará, muitas vezes me lembro do sonho do profeta Isaías: um mundo de paz e reconciliação, onde os extremos, hoje na luta, um dia vão dialogar e fazer a paz. Como no tempo do profeta, tudo isso aparece agora na favela, uma utopia estridente na frente de nós como nossos olhos são obrigados a ver: 'sinais do esgotamento da cultura da vida, um vício de esquecimento de Deus que torna sem graça a própria criatura.
Quem paga o preço mais elevado por esta perda do sentido de Deus e dos valores são as estações da vida mais frágeis: crianças, jovens, mulheres, idosos, marginalizados,... Ainda não é possível se acostumar (e espero que não aconteça sempre!) para passar à frente de traficantes de drogas, lidar com a morte com jovens e adultos, em cada cruzamento e tudo parecer normal.
Chegando na favela, eu me encontro com dona Maria, uma jovem que faz uso de drogas, que anda desconsolada com a morte de uma jovem amiga. ' Irmã, ir visitar a família, mãe de Elton, não deu a paz! Eles encontraram morto em sua cabine. Sempre activa. Finalmente pode ir para casa e abraçar sua mãe e irmãs. Eu fiquei lá quase toda a tarde, ouvindo o wailing de parentes, as memórias de Elton... Há palavras de conforto, só estou lá eu, junto à Cruz, tão cruel e absurda, como presença de ' suporte para a vida da família, porque a esperança nunca se apaga! Tornou-se quase uma aposta com o Deus da vida, que sempre consegue surpreender me e encantar-me, mais ainda neste contexto aparentemente tão desumano e chocante, tentando "sinais e germes de uma autêntica civilização do amor", como o famoso coleccionador de pérolas do Evangelho, que vai em busca da mais valioso.
E assim, como um Bloodhound, parece-me encontrar no ar que respiro que algo vai acontecer, o Reino de Deus na turbulência, em aparições incomuns. Dona Elza, proprietária de um pequeno bar na favela perto de Ipiranga, tem sido meu ‘homem na Comunidade. O que mais me impressiona é sua dedicação a dona Maria, uma velha mendiga, que você vê arrastar-se numa calçada, mal vestida e suja. Dona Elza, testemunha de Jeová, com uma insistência louvável e perseverança, a pesquisa. Lavagem de ajuda oferece uma refeição quente, e por alguns dias.... Um dia, na partilha de nossa fé, dona Elza diz: ' eu não posso deixá-la assim, negligenciada e abandonada. É um ser humano, impotente, que beneficia de todos vocês... Ele é o único Deus da vida que nos une na mesma missão: vocês crianças e eu a dona Maria»
* Adaptado de Irmã Sílvia Serra, missionária de Maria Imaculada no Brasil. Mondo e leiga, Jan.2012.
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