Jesus o tempo e nós
O
nascimento de Jesus assinalou a plenitude do tempo. O tempo não é para «se
matar», como às vezes se diz. Mas há tempo para viver, para morrer, para plantar, para regar, tempo para cumprir
tarefas e realizar projectos. A Bíblia mostra que o tempo é o lugar onde Deus
realiza os seus desígnios.
No
Antigo Testamento Deus preenche o tempo com as suas intervenções.
No
Novo Testamento, a vinda de Jesus leva o tempo à sua plenitude. Jesus disse na
sua pregação: «completou-se o tempo». Então há que viver o tempo de hoje, não
na preguiça mas na acção, pois o tempo é o lugar para realizar a vontade de
Deus, «tempo para chorar e tempo para rir, tempo para repreender, tempo para
estar só, e tempo para estar com os outros, tempo para falar e tempo para
silenciar». Jesus distinguia a «sua hora» das outras horas. Era a hora de estar
com a vontade do Pai, de cumprir a sua missão. «Não reconhecestes o tempo em
que fostes visitados?!» É preciso completar o plano de Deus.
O
nascimento de Jesus tornou-se ponto, marco de contagem do tempo. Não nos
arriscamos a viver um horário cheio com um tempo vazio?! Jesus Cristo meteu-se
no meio dos homens, na contingência do tempo, Ele Filho do Pai eterno. Lucas
dá-nos a imagem de um Deus escondido entre nós como qualquer ser humano, o
Jesus de Nazaré. As pessoas vizinhas podiam fazer seu bilhete de identidade,
sua altura, seu peso, seu rosto. Com a Encarnação, o nosso ser humano tornou-se
espaço da manifestação de Deus. Jesus Cristo tem experiência de tudo: lâmpadas
acesas, cozinhar o pão, mulher grávida, alegria da fé, pega nas crianças nos
braços, observa as pessoas que rezam, partilha a dor da angústia e da morte
quando morre o amigo Lázaro, comove-se com a morte, conhece o perigo dos
ladrões, tem uma grande gama de relações com gente de todos os tipos sociais,
ricos e pobres, sábios e ignorantes, crentes e pagãos, cultos e menos cultos,
pacíficos e cheios de raiva, religiosos da classe poderosa e dos oprimidos,
hipocrisia dos escribas e fariseus e bondade dos humildes. E, no silêncio da
noite, tem necessidade do amor, de falar com o Pai. Afasta-se dos discípulos e
da multidão. São horas de intimidade profunda com Aquele cuja vontade cumpre,
sempre obediente até à morte.
Anuncio-vos
uma grande alegria. Uma alegria que sempre permanecerá convosco, no Espírito,
até ao fim.
O
tempo de Jesus também é nosso. Ele assumiu-o. Deu-no-lo pelo dom da vida que
nos concedeu. É este o maior dom. O tempo é nosso. Que fazemos dele, e que
fazemos nele? Agora é tempo de fazer o bem!
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