ÁFRICA BENTO XVI alerta para novas formas de Escravatura

Exortação apostólica, assinada no Benim, condena exploração dos recursos africanos e pede julgamento para responsáveis por guerras e tráficos
Bento XVI alertou hoje contra “novas formas de escravatura e de colonização” em África, condenando ainda a exploração dos recursos naturais deste continente.
A posição é assumida na exortação apostólica pós-sinodal ‘Africae Munus’, ‘O serviço da África’, assinada ao início da tarde em Ajudá, Benim, na região ocidental do continente, durante uma breve cerimónia na basílica da Imaculada Conceição.
“O açambarcamento dos bens da terra por uma minoria em detrimento de povos inteiros é inaceitável porque imoral”, lamenta o Papa no documento, que aprovou em quatro línguas oficiais, incluindo o português.
Referindo que “Deus dotou a África de importantes recursos naturais”, Bento XVI destaca que, ao ver “a pobreza crónica das suas populações, vítimas de exploração e prevaricações locais e estrangeiras, a consciência humana sente-se chocada com a opulência de alguns grupos”.
A exortação apostólica pós-sinodal encerra o processo da II Assembleia Especial para África do Sínodo dos Bispos, que decorreu no Vaticano, em outubro de 2009, sobre os temas da justiça, da paz e da reconciliação.
“A memória da África guarda a dolorosa recordação das cicatrizes deixadas pelas lutas fratricidas entre as etnias, pela escravatura e pela colonização”, pode ler-se.
O documento papal pede uma reconciliação “efetiva”, que passa “por um acto corajoso e honesto: a busca dos responsáveis destes conflitos, daqueles que financiaram os crimes e se dedicam a todo o tipo de tráficos, e a determinação das suas responsabilidades “As vítimas têm direito à verdade e à justiça. É importante no presente e para o futuro purificar a memória”, escreve Bento XVI.
Noutra passagem do documento, o Papa fala de um “choque cultural” em África que “ameaça os alicerces milenários da vida social e, por vezes, torna difícil o encontro com a modernidade”.
A exortação aponta ainda o dedo a “graves injustiças” sociais e pede um maior empenho na “promoção e a educação da mulher”, por considerar que “são ainda demasiado numerosas as práticas que humilham as mulheres e as degradam em nome de antigas tradições”.
O Papa quer ainda “deplorar e denunciar vigorosamente os intoleráveis maus tratos infligidos a tantas crianças” em África.
Bento XVI deixa apelos pelo fim da pena de morte, pela "reforma do sistema penal" e em favor de uma "boa governação" do continente.
A ‘Africae Munus’ vai ser entregue este domingo aos 35 presidentes das Conferências Episcopais nacionais e aos sete responsáveis das Conferências regionais da Igreja Católica em África.
A viagem de Bento XVI ao Benim, a segunda do Papa ao continente africano, inclui passagens por Cotonou, cidade mais populosa do país, e Ajudá (Ouidah), na antiga ‘Costa dos Escravos’, a 40 km da capital económica, entre sexta-feira e domingo. OC/ECCLESIA 18 11 2011

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