D.ANTÓNIO JOSÉ DA ROCHA COUTO ao serviço de todos com alegria e confiança de criança


O Papa Bento XVI nomeou como novo Bispo de Lamego D. António José da Rocha Couto, até agora Auxiliar de Braga. A Tomada de Posse está marcada para 29 de Janeiro de 2012, às 16h00.


1. Na mensagem que dirigiu à diocese de Lamego exprimiu-se com termos de carinho e termos iminentemente pastorais de proximidade e num propósito firme de incluir todos os diocesanos.        « Saúdo e abraço a bela, antiga e ilustre diocese de Lamego, rodos os filhos e filhas de Deus que nela levantam as mãos e o coração para Deus, desde os mais pequeninos até aos mais idosos, todos e todas as comunidades e Paróquias, com os/as seus/suas catequistas, cantores, acólitos, leitores, zeladoras, confrarias, movimentos, ministros da comunhão, animadores da caridade, seminaristas, Institutos Religiosos e  Seculares, Diáconos, Presbíteros, serviços e Secretariados, Colégio de Consultores e Cabido da Sé Catedral, e o meu querido amigo e irmão no Episcopado, D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, a quem saúdo com particular afeto. Uma mensagem abrangente no estilo Paulino, não esquecendo ninguém e personalizando todos os destinatários
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2. Mas, virando-se para trás deixa também palavras amigas para com a diocese de Braga que o acolheu como bispo.
               Deixa uma palavra de “afeto e gratidão”, em particular ao arcebispo D. Jorge Ortiga e a D. Manuel Linda, bispo auxiliar. « Quero, nesta hora de graça, manifestar também o meu afeto e gratidão à Igreja Bracarense, que Deus me deu a graça de servir nos últimos quatro anos. O meu abraço grato e fraterno ao Senhor Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, e ao Senhor Manuel da Silva Rodrigues Linda, que tem sido comigo Bispo Auxiliar. As minhas mais afetuosas saudações a todos aqueles que, nestes quatro anos, Deus colocou no meu caminho: presbíteros, diáconos, seminaristas, fiéis leigos empenhados no «trabalho do amor» (1 Tessalonicenses 1,3) e o bom povo de Deus, a quem tanto fico a dever.» afirmou.

3. D. António Couto é missionário da Sociedade Missionária da Boa Nova. na qual fez seus estudos secundários. Nasceu a 18 de abril de 1952 em Vila Boa do Bispo, concelho de Marco de Canaveses, distrito e diocese do Porto. A 2 de outubro de 1963 entrou no Seminário de Tomar, da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, hoje Sociedade Missionária da Boa Nova, na qual foi ordenado padre, em 1980.
               Depois de ter estado no Seminário de Tomar e sido professor na Escola de Santa Maria do Olival (na mesma cidade), em 1982 fez o curso de Capelães Militares e foi nomeado capelão militar do Batalhão de Serviço de Material do Entroncamento, e, pouco depois, também da Escola Prática de Engenharia, de Tancos.
               Em Roma, na Pontifícia Universidade Urbaniana, obteve a licenciatura canónica em Teologia Bíblica, em 1986, e em 1989 o respetivo doutoramento, depois da permanência de cerca de um ano em Jerusalém, no ‘Studium Biblicum Franciscanum’. No ano letivo de 1989-1990 foi professor de Sagrada Escritura no Seminário Maior de Luanda, antes de regressar a Portugal, onde é professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
               Após uma passagem, no ano lectivo de 1989-1990, pelo Seminário Maior de Luanda, onde foi professor, regressou a Portugal, tendo sido colocado no Seminário da Boa Nova, de Valadares, com o encargo da formação dos estudantes.de 1996 a 2002, ano em que foi eleito Superior Geral Sociedade Missionária da Boa Nova. Desde o regresso de Luanda tem sido Professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, no Porto.
A sua ordenação episcopal, foi em Cucujães, no Pavilhão Desportivo, em 23 de setembro de 2007, após ter sido nomeado, por Bento XVI, bispo auxiliar de Braga.
               O bispo de Lamego é também colaborador regular do Programa ECCLESIA (RTP2), da Igreja Católica, desde 2003, na sua qualidade de biblista. A sua presença é também habitual na Internet, no site www.boanova.pt, onde apresenta reflexões pessoais e estudos sobre a Bíblia.  É autor dos seguintes livros: Até um dia (poemas).1987; Raízes histórico-culturais de Vila Boa do Bispo (1988); A Aliança do Sinai como núcleo lógico-teológico central do Antigo Testamento (tese de doutoramento), 1990: Como uma dádiva. Caminhos de antropologia bíblica, 2002 (2ª edição revista em 2005);Pentateuco. Caminho da vida agraciada, 2003 (2ª edição revista em 2005. É também autor de inúmeros artigos em enciclopédias, colectâneas e revistas.
               É este homem com grande dinamismo missionário que a diocese de Lamego terá e na qual implementará as linhas pastorais da nova evangelização e de um rosto missionário.Uma diocese com uma população de 144 mil pessoas e mais de 143 mil católicos, a diocese de Lamego, no distrito de Viseu, conta com mais de 220 paróquias e tem uma história que remonta ao século VI, espera o vento do Espírito. Sobretudo no domínio da família, que está perdendo a sua identidade.


4.Mensagem de D. António Couto.
               «Com alegria e confiança de criança, levanto os meus olhos para os montes, para Aquele que guarda a minha vida, de noite e de dia, quando saio e quando entro, desde agora e para sempre! É com esta luminosa melodia do Salmo 121, que canto, neste dia, ao bom
Deus, que sei bem que «tem sido o meu pastor desde que existo até hoje» (Génesis 48,15). D’Ele quero ser transparência pura, sempre, como Ele, pastor que visita, com um olhar repleto de bondade, beleza e maravilha, os seus filhos e filhas que Ele agora me confia. Enche sempre, Senhor, o meu olhar, mãos e coração com a tua presença bela e boa. Que, em mim, sejas sempre Tu a visitar o teu povo. É esta divina maneira de ver bem, belo e bom (episképtomai), que diz o bispo (epískopos) e a visita ou visitação pastoral (episkopê) (Lucas 1,78 47,16;19,44).
               É nesta toada de comovida oração que saúdo e abraço a bela, antiga e ilustre Diocese de Lamego. E estarei em comunhão com todos vós na celebração do Dia da Igreja Diocesana, e sentirei convosco «A Família e a Igreja nos caminhos da Nova Evangelização». Que o Senhor a quem servimos e que nos mandou servir os nossos irmãos mais pequeninos encha das suas graças o jovem Ricardo Jorge Ribeiro Barroco, que amanhã receberá a Ordenação Diaconal. Para todos invoco a bênção de Cristo Rei, e a proteção de S. Sebastião, Padroeiro da nossa Diocese de Lamego, e de Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, que particularmente invocamos como Nossa Senhora dos Remédios.

5. À Igreja de Lamego que servirei agora, à Igreja de Braga que servi nestes quatro anos, à Sociedade Missionária da Boa Nova que me acolheu desde criança e em cujo seio aprendi a dilatar o coração, e a todas as Igrejas por onde tive a graça de passar e de servir, a todos peço que «luteis comigo na oração» (Romanos 15,30) para que eu possa ser sempre fiel à causa do Evangelho.
               Esta hora de graça serve ainda para atestar a minha fidelidade, comunhão e gratidão ao nosso Papa Bento XVI, e também a minha lealdade e comunhão ao Senhor Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, e a todo o Colégio Episcopal», referiu.

6 D. António é mesmo assim. É por natureza um homem simples, inteligente, atento aos outros, um pouco tímido talvez. Sente e vive o sabor da Palavra de Deus e a transmite com uma fé continuamente renovada. E vive o episcopado como um serviço aos humildes e aos pequeninos a quem se sente enviado. “Muita humildade e modéstia” dão-lhe essa capacidade.   Eu vivi e convivi com ele, pois somos vizinhos e somos membros do mesmo Instituto Missionário. Amante da reflexão, do silêncio, da Natureza, um homem sério, amigo de todos, contentando-se com pouco.
               Foi vigário geral da Sociedade Missionária e, em 2002, foi eleito Superior Geral da mesma Sociedade, cargo que ocupou até à sua ordenação episcopal, em 23 de Setembro de 2007. A SMBN é um Instituto de padres e leigos que dedicam a vida inteira ao serviço das missões e foi fundada pelo Papa Pio XI em 1930.
               Integra a Sociedade Missionária da Boa Nova sacerdotes diocesanos e leigos que se  Em 2004, o Papa João Paulo II tinha nomeado António Couto membro da Congregação para a Evangelização dos Povos.

7. D. Couto vai agora anunciar a palavra que tão bem anunciou na sua Sociedade Missionária e na Universidade Católica, e em tantas comunidades a quem sempre atendia, na diocese de Lamego. «Com a força do Espírito Santo e a sua dinâmica apostólica fará de certeza um bom tralhalho pastoral na Igreja lamecense”.
               Acerca de D. António, na altura da ordenação episcopal, testemunhou o Professor Levi Guerra: “Do privilégio da minha aproximação a tão grande personalidade de homem simples de porte quanto nobre de atitudes, testemunho que não é só um Mestre que ensina a Bíblia, mas é hoje um bispo que encarna as verdades bíblicas com uma convicção e fundamento que dá à sua palavra um poder irresistível de atracção e de convencimento”.
               Para o Prof. Aires Nascimento: « uma das características que dele assumo é a delicadeza de trato, agradecido sempre por qualquer gesto; outra é a inteligência de entender as situações, mesmo quando reconhece que há quem não corresponde ao que porventura esperou; terceira, e fundamental, a atenção à Palavra divina, que procura levar aos outros, com novidade e beleza. Quero crer que o lema episcopal "vejo uma amendoeira em flor" o levou às terras das amendoeiras, no Douro: a diocese de Lamego está debruçada sobre o rio. Ele pode, mais do que outros, e é capaz de entender essas amendoeiras a florir a contemplá-las no meio das figueiras e das oliveiras. Dele espero a magnanimidade para repartir a contemplação da beleza que Deus espalhou por essas terras quase esquecidas. »
               «Sendo o P. António Couto meu vizinho conterrâneo; tendo-o conhecido nas férias, quando os seminaristas de Avessadas e Vila Boa do Bispo rondavam a vintena; sendo seu colega de estudos de filosofia e teologia no ISET e no ICHT; sendo um seu leitor e admirador do modo e categoria com que ensina e partilha a Sagrada Escritura  e nas férias, quando seminarista, vinha frequentemente à missa e confessar-se neste Santuário do Menino Jesus de Praga; sei perfeitamente que a nomeação para Bispo não te vai roubar a mística começada na Ausenda, bem junto da Fonte que mana e corre, e aspirada na pureza das montanhas que te arrebatavam o pensamento e a oração. Também sei que não vai diminuir a inteligência e simplicidade com que Deus te dotou. Rezo por ti.», referiu o P. Agostinho Leal, ocd, quando foi nomeado bispo.
                D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e Bispo ordenante, começou por referir na homilia: “que esta ordenação deve ser, para a Igreja em Portugal, uma maior consciencialização pela causa do Evangelho comprometendo-se num autêntico empenho que, nos tempos actuais, deve transparecer como sinal e semente de esperança”. E o Padre Januário dos Santos intitula seu artigo: “Tenho um sonho: Ver nascer neste mundo um rosto missionário”.
               O Prof. Anselmo Borges,«admira fundamentalmente duas qualidades no bispo António Couto: a paixão pela Bíblia, que estuda com saber e sabor; e uma bondade que a timidez faz ressaltar.». E o Padre Manuel Sousa Vales, Pároco de Vila Boa do Bispo sempre viu nele: “um jovem simples, humilde, estudioso, amante do silêncio e da contemplação e, na sua vida pastoral em colaboração com a paróquia em curso bíblico, disseram participantes: metia a Bíblia  - a palavra de Deus - no coração das pessoas tal era o gosto e entusiasmo com que a comunicava.  E ainda: Não podemos esquecer que foi D. António Couto, que na altura da celebração do Milénio do Mosteiro de Vila Boa do Bispo, foi o primeiro a publicar um livro de profunda investigação e fez conferências sobre a história e arqueologia do mesmo” (Raízes histórico-culturais de Vila Boa do Bispo - 1988)
               Na homilia da ordenação episcopal, citando as palavras de Jeremias: “Tu me seduziste, Senhor, e eu deixei-me seduzir. Tu foste mais forte”, D. António Couto afirmou com graça: “Confesso que já perdi várias lutas com Deus. Luto com Ele, e tenho perdido sempre, e ainda bem. Já são muitos a zero. Ando nisto desde os dez anos. O que se passou hoje, aqui, é mais uma vitória d’Ele. Assumo publicamente a derrota.”
               É na força da oração que D. António Couto põe o segredo ou o êxito da Nova Evangelização. Esta é a arma de luta. E vai ser Ele que continuará a ganhar sempre.
(Enviado e publicado na VOZ DE LAMEGO, 10 de Janeiro de 2012)

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