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Deus conta contigo
Lemos no Livro do Génesis que Deus criou
todas as coisas. E sentiu-se feliz. Quando criou o homem à sua imagem e
semelhança, achou que tudo era maravilhoso. Projecto de Deus que em breve o
homem havia de transtornar! Deus deu uma tarefa ao homem: perpetuar a vida,
física e espiritualmente, e inscreveu esta tarefa-mensagem no coração de cada
homem.
É esta uma tarefa grandiosa e maravilhosa a
que somos chamados. Se a enjeitamos, não estamos a cumprir. Tarefa de dar a
vida, o que não é fácil, pois muitas vezes será no silêncio, no meio de teias
de ódio e rancor, de má vontade contra pessoas por invenções da nossa cabeça,
porque nosso coração é pequenino e não é capaz de ver mais longe.
Num grupo de amigos – dos que o querem ser de
verdade e não se aproveitam para enganar os outros, pois seriam de nível muito
baixo, intrometidos e uns eternos descontentes – é preciso que a palavra de
ordem seja um por todos e todos por um. Na sociedade em que vivemos só assim é
possível uma corrente de vida, que nos conduza com a força do Espírito até
Jesus Cristo, que em breve nos espera. «Depende de nós que a esperança nunca
falte ao mundo, depende de nós», dizia Charles Péguy.
O mundo em que vivemos tornou-se um mundo de
barbaridades. Mas já assim sucedeu na história dos homens antigamente. Adão
desobedeceu a Deus, Caím matou Abel, os habitantes de Sodoma e de Gomorra
prostituíam-se uns com os outros, nem sequer meia dúzia de justos havia numa
grande cidade. O dilúvio, que pode muito bem ter sido um fenómeno natural mas
real, destruiu a humanidade que não merecia esse nome, e Deus fez uma
humanidade nova, com Noé e a sua família.
Roma foi destruída, o império cresceu,
dominou povos e nações, mas deixou-se vencer e envenenar pela riqueza, pelo luxo e pela loucura do prazer. A derrota
teve a sua origem na via “à romana”: luxo, prazer, mulheres, vinho, banquetes,
banhos de luxúria, orgias diabólicas,…
Jesus Cristo anunciou um novo reino. Fundou
uma nova humanidade. Um reino de paz, de justiça, de beleza, de felicidade, de
fraternidade, de respeito mútuo, de dignidade humana. Mataram-no, pois
incomodava. Mas a força do Espírito vale mais que os poucos anos que os humanos
vivem neste pobre mundo. Pelo pior que façam à humanidade, seus nomes, mesmo
enquanto governantes, ficarão rapidamente banidos das páginas dos livros de
história e esquecidos no pó dos túmulos nos cemitérios, nas pirâmides ou nos
panteões. Os nomes dos que lutaram pelo homem, pela sua dignidade integral,
pelos direitos humanos, esses estarão escritos no livro da vida e serão lembrados eternamente. A história o
confirma.
A
Igreja recebeu a mensagem que faz a humanidade nova, reafirma-o João
Paulo II, mas a humanidade vai-se enterrando no caos. Destrói-se a pessoa, que
não se respeita, mata-se o outro que incomoda ou rouba-se porque é mais fácil
“andar à boa vida”, não há normas éticas e morais porque é mais fácil cada um
viver como lhe apetece. Até se chama a isto ética do povo, “republicana” ou
outras palermices capazes de enganar os incautos.
Estamos num mundo em que não há dignidade
humana, põe-se em causa a família natural inventando-se formas esporádicas de
amor – paliativos da responsabilidade, mas que se querem institucionalizados,
roubam-se as igrejas, roubam-se as pessoas, cresce o número de homicídios,
aumenta o número de desastres nas estradas, o Sida é o cancro dos nossos dias,
as inundações e terramotos sucedem-se em todo o mundo, e o vírus da malária
resiste à tradicional cloroquina tornando-se epidemia. «A catástrofe ecológica
e humana avança», no dizer de João Paulo II.
O homem quer e apostou em destruir-se e fá-lo
conscientemente, mesmo sem a intervenção de Deus. Aliás o homem vangloria-se
até de ter “matado” ou esquecido Deus no século passado – porventura o século
em que houve mais violência e mais mortos! A natureza está-se vingando e
veremos a curto prazo nações destruídas pelo Sida e pela fome.
Deus confiou-nos a tarefa de transformar o
mundo, pois nós é que estragamos a obra da criação. Temos uma só vida para
viver. Temos um mundo para construir. Deus conta connosco. Com todos nós. Tens
coragem de negar tua colaboração?
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