Fazer falar as pedras
E
eles próprios deram a resposta: «Vamos fazê-las falar»!
Hoje
encontramos várias associações e grupos de voluntários reunidos em federação
sob o nome de “Ars et Fides”, que procuram salvar o património
religioso-cultural dos visitantes como testemunhas vivas de uma fé cristã que
falou fazendo arte e que fala ainda hoje a partir da arte de ontem.
O
turismo movimenta hoje à volta de 900 milhões de pessoas abrindo-lhes horizontes
novos. No geral contentam-se com a quantidade de terras ou países visitados
ainda que à pressa. Correm muito, fazem muitos quilómetros de comboio, de
barco, de avião, de autocarro ou de automóvel, visitam muitos monumentos, tiram
muitas fotografias para mostrarem aos amigos e confirmarem que estiveram em tal
ou tal parte. E as férias são passadas, quantas vezes, a correr e num ambiente
tão agitado ou ainda mais, quanto à vida quotidiana.
Tem-se
insistido na Igreja em novas formas de evangelização. Podemos falar também de
novos lugares de evangelização. É este um tema sugerido por Bento XVI com
programas e orientações de valor. Até porque hoje o turismo segue uma vertente
religiosa. Deus tem sempre um lugar novo e inesperado para surpreender os
homens em qualquer momento. O nosso Deus é um Deus surpresa. Temos nós de ser profetas
para ver e mostrar a arte como caminho de felicidade em descobri-lO. E se as
catedrais estão vazias nos momentos de grandes celebrações litúrgicas, elas
enchem-se de pessoas nas horas de visita turística. Não será ocasião para fazer
falar essas pedras da dimensão e do dinamismo da fé dos que nos precederam na
mesma e questionar os visitantes no sentido de tomarem consciência da sua fé?
A
arte permite falar da fé e é a fé dos nossos antepassados que se encontra
traduzida em forma de arte com a sua beleza, a sua originalidade, os seus
símbolos, as suas formas universais ou peculiares de cada cultura com as suas
características locais.
Quem
não se sente atraído para o Alto ao admirar uma catedral de Chartres, de
Colónia, de Sevilha, de Léon ou de Burgos ou a catedral de Brasília, a igreja
da Polana, em Moçambique, ou uma bela igreja da Camacha (Madeira), igrejas
modernas e funcionais? Igrejas que nos atiram para as alturas?
Como
disse alguém: «As catedrais podem fazer falar a Europa. A Europa pode fazer
falar as catedrais».
O
silêncio e obscuridade duma igreja românica, a iluminação sóbria, a
música-ambiental gregoriana, a palavra carinhosa de um amigo que faz falar as
pedras, podem ser ocasião para um acontecimento de paz, de tranquilidade, ou de
resposta a interrogações adormecidas.
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