Ano da fé, por Armando Soares”


Porta Dei, a porta que Deus abriu aos gentios na época do imperador Cláudio e das missões de Paulo, é uma pequena encíclica, cheia de referências bíblicas e percorrida por atenção sensibilíssima à época actual um mundo sujeito a  mudanças rápidas e imprevisíveis. Será aberto no sulco do Vaticano II e de quem o conduziu, governou, concluiu e iniciou a sua aplicação na Igreja e para o mundo: Paulo VI e João Paulo II. A data do seu começo – 11 de Outubro - é o quinquagésimo  aniversário da abertura do concílio e  memória litúrgica do Beato João XXIII, o Pontífice que teve a coragem de o convocar e o inaugurou, e, ao mesmo temo o vigésimo aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, que é o seu fruto doutrinal sucessivo mais rico. Bento XVI reafirma  que os textos dos Padres Conciliares “não perdem o seu valor e o seu vigor”, como escreveu João Paulo II na Novo Millenio Ineunte.E reafrima o que ele mesmo disse a propósito do do Vaticano Ii na audiência à Cúria Romana em 22 de Dezembro de 2005: “Se o lermos e o recebermos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser, e tornar-se cada vez mais, uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja”.
Deste modo, o Catecismo da Igreja Católica – publicado há 20 anos -  representa um dos frutos mais importantes do concílio Vaticano II para a formação dos cristãos, sobretudo na “intensificação na celebração da fé na liturgia, e em particular na Eucaristia”. A fé constitui base do compromisso eclesial como ponto de partida  para “uma autêntica e renovada  conversão ao Senhor”.
Bento XVI espera “um compromisso eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização para redescobrir a alegria de crer e o entusiasmo de comunicar a fé”.
Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (Mt 5, 13-16). Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva(Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da Vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (Jo 6, 51). De facto, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: “Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna” (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: “Que havemos nós de fazer para realizarmos as obras de Deus?” (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: “A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 29).
Por isso crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação. 

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