VATICANO II IV Igreja e Eclesiologia
Entre várias
decisões conciliares, destacam-se as renovações na constituição e na pastoral da Igreja, que passou a ser mais alicerçada na igual dignidade de todos os
fiéis e a ser mais virada e aberta para o mundo. Além disso, reformou-se também
a Liturgia, onde a Missa de
rito romano foi simplificada e passou a ser celebrada em
língua vernácula.
Foi clarificada
a relação entre a Revelação
divina e a Tradição e foi também impulsionada a liberdade
religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relação de tolerância com os não-cristãos e o apostolado dos leigos.
O Concílio
Vaticano II não proclamou nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais,
pastorais e práticas são de extrema importância para a Igreja actual.
Eclesiologia: Lumen Gentium.
O tema da Igreja, nos seus
aspectos dogmáticos e pastorais, mereceram uma grande atenção dos padres
conciliares, ou seja, dos participantes-eleitores do Concílio Vaticano II.
O Concílio
Vaticano II, reflectindo sobre a constituição e a natureza da Igreja, reafirmou
várias verdades eclesiológicas, sendo os seus juízos registados na constituição dogmática "Lumen Gentium".
Este documento salientou que "a
única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo,
subsiste (subsistit in) na Igreja
Católica" Também destacou que "a Igreja é sacramento de Cristo e instrumento de união do homem com Deus, e da unidade de todo o género humano". Ele continua que, para atingir esta missão da Igreja, é necessário
dar aos católicos "uma
"consciência de Igreja" mais coerente, para que também se possam
valorizar as relações com as outras religiões" (cristãs ou não) e
com o mundo moderno. "Com esse
objectivo, os padres conciliares dirigiram a sua atenção para: o primado do
método bíblico; o sacerdócio comum de todo o "Povo de Deus"; a
função profética, sacerdotal e real de todo baptizado; a colegialidade
episcopal; a missão de serviço da Igreja, que deve estar voltada para toda a
humanidade".
A partir de
então, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição hierarquizada, mas também como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o mundo e
constituintes do Corpo
Místico de Cristo. Por isso, a constituição e "as estruturas da Igreja modificaram-se
parcialmente e abriu-se espaço para maior participação e apostolado dos leigos, incluindo as mulheres, na vida eclesial". Clarificou também a igual dignidade de todos os católicos (clérigos ou leigos). Mas, mesmo assim, a estrutura da Cúria Romana permaneceu intacta, o que permite ainda um governo da Igreja centralizado
nas mãos do Papa.
Pastoral: Gaudium
et spes
Alguns temas
eclesiológicos debatidos na "Lumen
Gentium", tais como a missão de serviço ou o sacerdócio comum do
Povo de Deus, são também tratados pela constituição pastoral "Gaudium et
spes", que foi aprovada somente em 8 de dezembro de 1965, dia de encerramento do Concílio.
Mas, este
documento centra sobretudo a sua atenção nos aspectos pastorais e não-dogmáticos da Igreja e nos diversos problemas do mundo actual:
"a explosão demográfica, as injustiças sociais entre classes e entre povos e o perigo da
guerra nuclear", entre outros problemas sociais e
económicos. Esta constituição também mostrou uma maior abertura da Igreja para
os progressos
científicos.
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