PÁSCOA ressuscitai para um mundo novo
Estamos em tempo de crise económica, uma crise que se avolumou sobre o povo português porque se
esbanjou muito dinheiro em obras megalómanas e noutras que não se entendem
sequer. O FMI poderá dizer algo. É neste ambiente de carência e de pobreza que
vamos celebrar a Páscoa.Páscoa em que celebramos nós, os cristãos, o mistério
da nossa redenção, da nossa salvação: a morte e a ressurreição de Cristo. O
mistério é o centro da vida cristã na sua liturgia, na acção pastoral, na vida
espiritual. Não há ressurreição sem haver morte.
Neste ano e nos próximos somos chamados e obrigados a sofrer cortes no que
recebíamos todos os dias ou meses. Os impostos, os magros vencimentos, as
exigências do FMI, a pobreza que já afectava entre 20 a 25% da população
aumenta; muitos passam fome. Outros não têm férias. Outros vêem seus direitos
espezinhados. Somos, é verdade, um povo esmagado nacional e internacionalmente.
Será uma sexta-feira santa prolongada, muito dependente do governo que iremos
ter depois das eleições, da sua capacidade de governar em tempos muitos
difíceis e da capacidade do povo português para aumentar a produtividade para o
consumo interno e para a exportação.
Há que enfrentar a resolução dos governantes que tão mal nos conduziram e
que nos deixaram esta pesada herança.
Mas vivemos com esperança. A Igreja tem estado junto dos atingidos com
todos os meios possíveis estando a mão para dar aos que precisam de
alimentação, de roupa para vestir, de pagamentos de água e luz, de atender aos
problemas das crianças e uma sopinha quente a quem nada comeu durante o dia. De
muitas e variadas formas que as iniciativas e a criatividade para fazer o bem é
a força da Cáritas nacional e internacional. De louvar o número de voluntários
que colaboram especialmente os/as estudantes universitários.
Os judeus subiam a Jerusalém para celebrarem a Páscoa judaica, recordando o
Deus presente na sua história e a libertação do povo da opressão.
S. Paulo disse aos cristãos de Corinto que não deviam celebrar a Páscoa
antiga, mas a nova, a de Cristo como cordeiro imolado (1 Cor. 5, 7-8). É esta
nova Páscoa que celebramos. Páscoa é para nós ressurreição de Cristo, é
passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, da escravidão para a
libertação. É esperança da vida plena em Cristo, do encontro com a sua pessoa
viva, do seu amor total, da sua perfeita verdade. É triunfo sobre o pecado,
sobre o mal, sobre a idolatria das armas, do dinheiro, da droga, do prazer. É
presença viva nas encruzilhadas que a vida tem: nas tristezas, nos desânimos,
nos que choram, nos que rezam, nos que trabalham, nos que o esperam, na
natureza, na imensidão do mar, no belo.
Páscoa é encontro com Cristo e com os irmãos: a correr como as mulheres por
quem Jesus ressuscitado se deixou ver. Sejamos um povo novo. Sem corrupção. Sem
ódios. Sem invejas. Sem egoísmos. Sem lutas vergonhosas em tempo de crise.
Fazendo tudo o que pudermos pelos outros que pouco ou nada têm. Façamos um
mundo novo. Proclamemo-lo aos que estão sufocados na fragilidade para avançar
nos caminhos de Deus. Uma Santa Páscoa para ti que me deste a alegria de me
ler. Cristo ressuscitou, Aleluia. Ressuscitemos com Ele. Feliz Páscoa
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