O trabalho, o ócio, festas e férias - Opinião - DN

O trabalho, o ócio, festas e férias - Opinião - DN
por Anselmo Borges04 Agosto 2012 158 comentários  Comentário de Armando Soares

"Ócio significa tempo livre, possibilidade, oportunidade de algo." Neste quadro, o ócio era, para Platão, o pressuposto para a filosofia, em conexão com a liberdade e a verdade. Num contexto de escravatura, era, pois, privilégio dos homens livres.
Karl Marx escreveu que "o homem se diferencia dos animais a partir do momento em que começa a produzir os seus meios de vida".
Enquanto o animal se acomoda ao que a natureza dá, o homem, em ordem à satisfação das suas necessidades, transforma-a. O trabalho consiste neste intercâmbio entre o ser humano e a natureza: acolhe a natureza, transforma-a.

Na medida em que forma a pessoa e configura as relações sociais, o trabalho, para lá de meio de sobrevivência e realização do indivíduo, adquire o sentido amplo de serviço à sociedade, tanto no trabalho manual, industrial, como no trabalho intelectual, espiritual. Por isso, o desemprego não é só desastroso por pôr em causa os meios de vida, mas também porque fere a dignidade pessoal e marginaliza, impedindo a identidade própria no contributo para a realização da sociedade.

O ócio, a festa e as férias estão vinculados ao trabalho. O homem é homo laborans, faber e homo festivus. A festa tem originariamente sentido religioso, implicando a suspensão do tempo vulgar.

Uma visão integral do ser humano significa vê-lo na harmonia das suas múltiplas dimensões: "A sua dimensão laboral e cultural-cultural, social e pessoal, activa e contemplativa, produtiva e artística, a dimensão do dever e a do desejo, a determinação e a liberdade", o ter e o ser.


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