Já não há valores . resumo art.ABorges no DN 11 Junho 2013 por C.F.






Já não há valores! Aí está uma afirmação que se ouve constantemente, vinda  de quase toda a gente.A afirmação, porém, não é verdadeira.  Com efeito, não é possível viver sem valores. Não há sociedade sem valores. Mas a hierarquia dos valores, agora, é outra.
Abraham Maslow, psicólogo americano, estabeleceu: a pirâmide das necessidades humanas.  1.As necessidades básicas, fisiológicas: respirar, comer, beber, dormir, reproduzir-se. 2. a necessidade de segurança, que tem a ver com a integridade do corpo, da saúde, a salvaguarda dos bens e da propriedade. 3.As necessidades de pertença estão no terceiro plano e referem-se à necessidade de identidade e de afecto; daí, a importância da amizade, do amor, da vida familiar e grupal. 4.O quarto nível é ocupado pelas necessidades de estima, tanto no que se refere a si mesmo - auto-estima - como confiança nos outros: estimar-se a si e aos outros e ser estimado e respeitado pelos outros. 5.No quinto nível, temos a realização pessoal, com tudo o que isso implica de criatividade, ética, vida interior, sentido e transcendência.
A esta escala de necessidades corresponde uma escala de valores. É claro que as necessidades biológicas são as mais urgentes - sem a sua satisfação, não se sobrevive -, mas isso não significa que sejam as mais humanas, já que são partilhadas com os outros animais. Valor vem de valere - vale, valete era a saudação romana: passa bem!, passai bem! -, que significa ser forte, ter saúde, passar bem, estar de saúde.
Continua a haver valores. Mas a sua hierarquia transtornou-se e o que é meio tornou-se fim. E aí está o culto do bezerro de ouro, o egoísmo feroz, a avareza, a ganância sem limites. Mas são o dinheiro e a riqueza a finalidade última da vida? Os gregos apresentaram sabiamente a famosa lenda do rei Midas: tudo o que tocasse transformar-se-ia em ouro. Ora, quem ele tocou primeiro foi a filha. Depois, quando levava algo à boca para comer, também se transformava em ouro. E viu a sua desgraça trágica.

Precisamos é de repor uma escala decente de valores. Comecemos pela justiça, em ligação com a verdade e a igualdade; junte-se-lhe a liberdade, coroada pelo amor. Afinal, há gente riquíssima que é infeliz e quem viva feliz na sobriedade.

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