TURQUIA primeiro-ministro turco garante que não cede aos protestos de uma "minoria"

Erdogan volta a classificar manifestantes como extremistas, dizendo que há terroristas entre eles

Primeiro Ministro Erdogan
Voltando a criticar quem participa nos protestos, dizendo que se trata de “extremistas”, acrescentando até que “estrangeiros” estavam envolvidos, assim como “pessoas implicadas em terrorismo”, Erdogan volta a um discurso duro que tinha sido abandonado pelo Governo. O primeiro-ministro falou em Tunes, onde termina uma visita que manteve apesar dos protestos, antes de regressar, ainda hoje, à Turquia.
Os protestos cresceram depois de a polícia ter usado a força para retirar um grupo de manifestantes no Parque Gezi, adjacente à Praça Taksim, que pediam que o parque não fosse destruído para dar lugar à recriação de uma caserna militar otomana que um dia ali esteve. Depois da violência da acção policial, muitos manifestantes juntaram-se a uma contestação mais alargada pela liberdade de expressão e contra o estilo cada vez mais autoritário do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan que, como dizia um comentador, cada vez que fala sobre a situação, ainda a inflama mais.
Já culpou o Twitter e a oposição e já antes tinha acusado os manifestantes de ligações a “terroristas”, dizendo ainda que se tratava de meia dúzia de vândalos ou saqueadores.
Nesta quinta-feira, garantiu que esta "minoria" não iria fazer reverter o projecto que, defendeu, "respeita a história, a cultura e o ambiente" da Turquia, disse. "O que estamos a fazer é a proteger os direitos da maioria", continuou – o primeiro-ministro tem-se referido frequentemente ao facto de uma maioria ter votado nele. "E preservar a beleza de Istambul."

Há informações de quatro mortos relacionados com os protestos em circunstâncias não esclarecidas, de mais de 3000 feridos incluindo algumas dezenas com gravidade – incluindo pessoas que perderam um olho ou um dedo. Foram ainda detidas centenas de pessoas nos protestos – e pelo menos 25 foram acusadas de espalhar informação falsa através das redes sociais.
O protesto estendeu-se a várias cidades, com pedidos para a demissão de Erdogan. Este venceu três eleições com maiorias cada vez mais expressivas, e planeava candidatar-se à presidência, cargo com poderes alargados após a revisão constitucional que deverá ser feita em breve. Assim estaria na presidência no centenário da república, em 2023.
Ainda nesta quinta-feira, o colunista Mustafa Akyol tinha aconselhado o primeiro-ministro a tentar convencer os seus opositores em vez de os tentar vencer pela intimidação. Até agora, a dureza do discurso – e da acção no terreno – está a fortalecer o movimento. Num cartaz com a agora famosa “mulher de vermelho” – uma jovem de vestido de algodão encarnado que aparece a ser atingida por um spray de gás pela polícia –, esta aparecia desenhada muito maior do que o polícia. A legenda dizia: “Quanto mais nos atiram spray, maiores ficamos.”  Maria João Guimarães 06/06/2013 - 16:23






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