CUBA Bento XVI em Cuba Nossa Senhora da Caridade do Cobre


BENTO XVI é recebido por Raúl Castro

A história da colonização cubana conta que em 1509, um soldado espanhol estava muito doente e foi levado a oeste da Ilha para ser tratado pelos curandeiros da tribo indígena da região da Macaca. Sarou, mas o tratamento foi lento. O soldado, durante a recuperação, aprendeu a língua dos nativos e ensinou-lhes o Evangelho de Cristo. Depois, estimulou os índios a erguerem uma pequena capela  para a comunidade rezar. No altar colocaram o crucifixo e o “santinho” com a imagem da Virgem Maria, que o soldado lhes dera. Com o tempo, ao redor desta capela surgiu a actual El Cobre.
No início do século XVII, quer a tradição, que Nossa Senhora tenha manifestado um especial sinal a seus filhos, permitindo que três humildes pescadores encontrassem sua imagem flutuando nas águas agitadas do alto mar do Caribe. Dois irmãos índios João e Rodrigo de Hoyos, mais o escravo João Moreno, de dez anos, avistaram algo no meio das águas. Após confundir com uma gaivota morta, com alegria recolheram a estátua de Nossa Senhora com o Menino em seus braços, que trazia sob os pés uma placa com os dizeres: “Eu sou a Virgem da Caridade”.
Uma grande devoção se propagou por toda Ilha de Cuba. O povo preferiu que a Virgem fosse venerada no antigo Templo Paroquial do Cobre, construído pelos índios e o soldado espanhol., Nossa Senhora da Caridade do Cobre, foi declarada Padroeira de Cuba, pelo Papa Bento XV.
Porém, a partir de 1960 o regime comunista proibiu as procissões e outras manifestações públicas de fé. Isto fez aumentar esta devoção, que se propagou às famílias cubanas exiladas. Em 1977, o Papa Paulo VI elevou o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Caridade do Cobre à categoria de Basílica. O Papa João Paulo II visitou Cuba em 1997. Após essa histórica visita, o governo revogou a antiga proibição do culto público e de procissões em todo o país.
Bento XVI reza a Nossa Senhora da Caridade
do Cobre

No Santuário da Virgem do Cobre
Bento XVI visitou o Santuário evocando as pessoas “privadas da liberdade”.” “Fazei saber, a quantos se encontram perto ou longe, que confiei à Mãe de Deus o futuro da pátria pedindo-lhe que avance por caminhos de renovação e de esperança para o maior bem de todos os cubanos”, disse,
O Papa entrou na igreja e ajoelhou-se diante da imagem da Virgem, proclamando a oração do ano jubilar, em honra da “mãe de todos os cubanos”, cujo texto convida a “superar a divisão, o rancor e a inimizade”. À oração seguiu-se a colocação de uma vela junto da imagem da Virgem da Caridade, cumprindo o ritual próprio da peregrinação no ano jubilar celebrado pela Igreja cubana, nos 400 anos da descoberta da imagem. O Papa recordou  “as pessoas que sofrem, as que estão privadas da liberdade, os descendentes dos escravos africanos e a população do vizinho Haiti, “que sofre ainda as consequências do conhecido terramoto de dois anos atrás”. “Vim como peregrino até ao solar da imagem de Nossa Senhora da Caridade – ‘a Mambisa’, como carinhosamente a invocais”.

Apelos à reconciliação nacional
Bento XVI iniciou a 26 de Março sua primeira visita a Cuba. Rezou por todos os cubanos. A oração foi feita na missa inaugural da viagem, em Santiago de Cuba, região oriental do país, poucas horas depois da chegada do Papa, vindo do México.
A cerimónia de boas-vindas no aeroporto local, onde Bento XVI discursou perante o presidente Raul Castro e da Conferência Episcopal Cubana. Bento XVI no avião afirmou que a ideologia marxista, como foi concebida, já não responde à realidade”, pelo que é necessário “encontrar novos modelos”. O presidente da Conferência Episcopal Cubana, D. Garcia, disse aos jornalistas que as declarações de Bento XVI sobre o marxismo “não iriam ter qualquer repercussão negativa” no decorrer da visita,. O Papa foi “surpreendido” pela alegria e pelo acolhimento que recebeu nas ruas de Santiago de Cuba.
Há em Cuba 6,7 milhões de católicos, o que corresponde a 60,19 por cento da população da ilha. “Bento XVI esteve em Cuba  como peregrino do amor, da caridade”.
O Papa entregou à Virgem da Caridade a Rosa de Ouro, sinal de devoção especial a este local de culto mariano.

Justas aspirações dos cubanos
No dia 28 de Março, o Papa partiu para Havana, onde visitou Raul Castro no Palácio da Revolução Na Praça da Revolução foi celebrada a última missa. Às 16h30 despediu –se de Cuba com um discurso no aeroporto de Havana.
Presidente Raul Castro destacou as boas relações com a Santa Sé e «concordância» de posições com Bento XVI
Este afirmou que o país vive um momento importante em que olha “para o amanhã”, procurando “renovar e ampliar os seus horizontes”.



Bento XVI encontrou-se com Fidel Castro
Perante o presidente Raul Castro, o Papa lembrou em particular as expectativas “dos jovens e dos idosos, dos adolescentes e das crianças, dos doentes e dos trabalhadores, dos presos e dos seus familiares, bem como dos pobres e necessitados”.
João Paulo II, em 1998 , “deu novo vigor à Igreja em Cuba”, ao mesmo tempo que “reacendeu a esperança e revigorou o desejo de trabalhar corajosamente por um futuro melhor”. “Para isso contribuirá aquele imenso património de valores espirituais e morais que plasmaram a sua identidade mais genuína”, observou, falando em “profundas raízes cristãs” da alma cubana.
Bento XVI saudou: “com todo o carinho os fiéis da Igreja Católica em Cuba, e todos os cubanos”,”onde quer que se encontrem”, pedindo para que todos possam seguir “pelas sendas da justiça, da paz, da liberdade e da reconciliação”.
Raul Castro, por sua vez, disse a Bento XVI que Cuba se “sente honrada com a sua presença” e o recebe “com afecto e respeito”, lembrando os “grandes sacrifícios” feitos pelo povo em prol do direito “à liberdade, à paz e à justiça”, numa alusão ao embargo decretado pelos Estados Unidos da América.
O presidente cubano destacou as “boas relações” diplomáticas com a Santa Sé, que existem há 76 anos, de forma ininterrupta, e elogiou a “coincidência” de posições em vários temas, como, a necessidade de renovação ética perante a actual crise financeira, com Bento XVI a elogiar o papel de “homens rectos e de firmes convicções morais e altos valores de fundo” para a “regeneração das sociedades e do mundo”


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