Giorgio La Pira – “missionário da paz”
Giorgio La Pira – “missionário da paz”
Giorgio
La Pira nasceu na Sicília, Itália, em Janeiro de 1904. Era um jovem de profunda
espiritualidade. Formado em Direito Romano, escreveu livros sobre a questão
social e a política orientada pela fé cristã. Ele definia a política como um
âmbito privilegiado para testemunha a fé.
Foi
deputado e ministro do governo italiano. Incansável lutador, no período da
guerra fria e de ódios ideológicos, e fez muitas conferência sobre a paz.
La
Pira estava convencido que era necessário e urgente construir pontes de todo o
tipo para unir cidade e nações, acreditando que, apesar das contradições, a
história do mundo é direccionada para a unidade como o rio que corre para o
mar. Com esta convicção, tornou-se um missionário da paz! Em 1959 foi a Moscovo
para melhorar o relacionamento entre Estados Unidos e URSS, que poderia
degenerar numa terceira guerra mundial.
Distinguiu-se
como mediador entre Israel e os árabes. Embora nem sempre fosse bem recebido,
onde havia conflitos lá estava Giorgio como mensageiro da paz.
Seu
lema era a frase do profeta Isaías:
“Ele – o Senhor – julgará as nações e
pronunciará sentenças entre muitos povos, de sorte que converterão suas espadas
em enxadas e suas lanças em foices, e não se levantará povo contra povo e não
mais praticarão a guerra”(Is 2, 4).
La
Pira era movido pela convicção da necessidade de viver o Evangelho sempre, em
qualquer tarefa em que estejamos envolvidos e com todas as pessoas que
encontrarmos. Para ele não havia diferença entre falar com os poderosos da
terra ou com aqueles que o mundo não considera.
Exemplo de administrador – Como Prefeito
de Florença, Giorgio mostrou todas as habilidades e a coerência fundamentadas e
inspiradas em sua inabalável fé religiosa. Por morar num convento, era chamado
de “monge”. Celibatário por opção, católico praticante de missa diária, dizia
que para se amar as pessoas é necessário fazer política, mas de maneira ética e
cristã. Costumava repetir:
“Política, para os cristãos leigos, não é
somente uma opção, mas um compromisso de vida com a história da humanidade. O
prefeito é como um pai de família”.
Frente
às emergências do pós-guerra, Giorgio assumiu, sem opção partidária, a difícil
reconstrução de sua cidade e a assistência sanitária aos doentes. Dizia:
“Onde há alguém que sofre, o prefeito tem o
dever de intervir de todas as maneiras, com todos os meios que o amor sugere e
que a lei fornece, para que o sofrimento seja diminuído”.
Não era marxista – Houve polémicas sobre
as suas iniciativas e obras sociais. Havia quem dissesse que podiam ser
confundidas com o marxismo, mas ele respondia que isso é simplesmente o
Evangelho. Giorgio fazia vigílias com os
operários de indústrias que eram ameaçados de serem despedidos e
transformou em cooperativas fábricas à beira da falência. Requisitou casas vazias
para abrigar os “sem tecto” e as vítimas de uma grande inundação do Arno.
Os
valores fundamentais que Giorgio sempre pregava e impulsionava: A paz e a
serenidade do coração, o amor universal, a paixão pela justiça, o empenho no
diálogo e a tensão contínua para a unidade.
Reconhecimento mundial – Faleceu em 5 de
Novembro de 1977. Durante o seu funeral, um negro americano pediu a palavra: “Estou aqui para homenagear o prefeito
Giorgio, em nome dos negros da América, e quero cantar para a sua alma:
Obrigado, senhor La Pira, em nome de todos os deserdados da terra que você honrou com a sua amizade”.
Seu
corpo foi transportado pelas ruas de Florença aos ombros dos operários, que o
exaltavam como Santo.
Giorgio,
homem profundamente convicto em sua fé, esperou e semeou esperança até onde
faltavam motivos para esperar.
Seu legado político – O seu exemplo de
honestidade e de seriedade com o que é público e considerado bem comum ficou
como legado à humanidade. Tratou todas as pessoas como se fossem uma extensão
de si mesmo, mostrando que é possível fazer política com justiça e honestidade.
É
de muitos leigos cristãos, como Giorgio La Pira, que a sociedade e a Igreja
precisam. Mostrou que a Igreja pode e deve relacionar fé e política, sem
confundir uma com a outra; estar na sacristia e na praça pública; anunciar e
denunciar.
A
Missão no mundo da política é, sem dúvida, uma das mais difíceis. Prova disso é
o pouco testemunho que estão oferecendo muitos dos baptizados que estão
engajados nos diversos sectores da política. Não deveria ser preocupação, sobretudo
dos colégios e universidades católicas, prepara pessoas competentes e honestas,
capazes de assumir a política como uma verdadeira missão? Fica aqui o grande
recado do venerável Giorgio La Pira!
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