MUNDO O mundo será o que quisermos

MUNDO
 O mundo será o que quisermos  


Facilmente e frequentemente dou comigo a tentar dar uma resposta a esta pergunta: o homem é bom ou mau, ou então, que penso da humanidade no meio da qual vivo hoje?
É uma pergunta a que não é fácil responder.
De um modo simplista, os homens são bons se penso neles um a um, se penso nos que vão morrendo,… É tão fácil amiúde ouvir dizer: «morreu Fulano, era tão boa pessoa», «morreu Beltrano, nunca conheci pessoa tão boa como ele»! E assim sempre vou acreditando que o mundo estará cada vez pior, porque quase todos os que vão morrendo vão rotulados de “boas pessoas”. Então ficam só os maus, e assim parece justificar-se que o mundo esteja cada vez pior.
Mas se fizesse a pergunta à maioria das pessoas, elas diriam: alguns, que “as pessoas são boas” tanto quanto é possível, quase todos “são interessantes ou com alguma reserva”.
No geral, quase todas as pessoas são pessimistas e “prevalecem os instintos  sobre os bons sentimentos”, “são medíocres”, “em grupo, lamentáveis e pobres”, “em multidão, geralmente incomodam-me”, “em geral as pessoas em conjunto más, uma a uma são boas”. Isto para usar expressões populares e algumas citações de Martin Descalzo.

Se passamos ao domínio da fé e da religião podemos acentuar que a humanidade foi transformada em nova humanidade por Jesus Cristo, mas o homem tornou-se um “robot” das matérias cósmicas, dominado por seus instintos e esquecendo sua dignidade.
Quando era pequeno lembro figuras de homens de quem tinha medo, ou porque eram maus ou porque vestiam fardas ( = eu tinha medo das fardas e das espingardas, é verdade). Mais tarde vi, na minha escola, alguns colegas que maltratavam o/a professor/a, grupos de colegas que se juntavam para partirem vidros das janelas das casas que ficavam à beira da estrada, ou para se guerrearem à pedrada.
Mais tarde, ouvi falar de homens que se matavam com armas, nas guerras ou para tentarem resolver problemas por suas mãos.

Vivi em África, em Moçambique, no meio da guerra fratricida de moçambicanos, durante treze anos e nunca pensei que era possível que pessoas boas se matassem umas às outras porque eram obrigadas a estar num exército sob o comando de outrem, ainda por cima desconhecido. Quem a matar quem? Moçambicanos a matar moçambicanos, e à ordem muitas vezes de estrangeiros!
Hoje conheço muitos países. E sei que a humanidade se liquida. Não tenta salvar-se. Vinga-se. Explora-se o povo. São os governos que só apelam para as obrigações dos cidadãos, esquecendo os seus deveres respeitantes à educação, ao ensino, à saúde, à satisfação das necessidades elementares para viver. E sinto vergonha quando vejo que o povo passa mal, que há gente sem trabalho, gente que vive em casas que mais parecem currais de animais, gente que não tem o mínimo para viver. Que há falta de segurança, que há roubos por toda a parte e a todas as horas, que incêndios maldosos, que há um mundo de traições e de embustes na sociedade. Que prolifera a corrupção em muitos níveis.

Ah! Não é este o mundo com que sempre sonhei, o mundo pelo qual tenho trabalhado de muitas e variadas formas: na escola, na igreja, em grupos de jovens, no campo e na cidade, em Portugal e no estrangeiro,…

Mas, apesar de tudo, queria ser optimista, mesmo quando vejo o mundo de patas para o ar. Ainda acredito na redenção possível, numa humanidade nova mesmo que a presente se destrua a si mesma voluntariamente. Acredito que uma nova humanidade há-de surgir, mesmo que seja com o sacrifício dos que não quiseram como no tempo de Noé. Esse povo serás tu? Serei eu? Seremos todos nós os que quisermos.

Comentários

Mensagens populares