SUDÃO DO SUL Um país a caminho do precipício
SUDÃO DO SUL
Um
país a caminho do precipício
Fundação AIS 18-7-2014 |
A guerra voltou em 15 de
Dezembro do ano passado, mais violenta do que nunca, trazendo fome, miséria e
morte, uma escala que nem os mais velhos, que viveram a longa e sangrenta
guerra civil que acabaria por dar origem ao Sudão do Sul, conseguem recordar.
Fez agora, em Julho, três anos que o Sudão do Sul festejou a sua independência.
Durou pouco tempo a paz. Em Dezembro explodiu o conflito, quando o presidente Salva Kïïr acusou o seu ex-vice-presidente Kier Machar de estar a preparar um golpe de Estado. O exército dividiu-se e o conflito espalhou-se como um vírus maligno num corpo enfezado. Na verdade, esta é uma guerra tribal entre a etnia dinka e os neur, entre os seguidores do presidente e os do ex-vice-presidente.
A organização Médicos Sem Fronteiras anunciou, em Junho passado, que há “um número alarmante” de mortos em acampamentos, onde se acotovelam milhares de pessoas. No campo de Bentiu, a capital do Estado e Unidade, no norte do país, “todos os dias morrem pelo menos três crianças com menos de cinco anos”, essencialmente por pneumonia, desnutrição e diarreia aguda. Esse campo acolhe 38 mil refugiados. Neste momento calcula-se que cinco milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária de emergência. As zonas mais atingidas por esta tragédia pertencem aos estados do Alto Nilo,Unidade e Jonglei, que, por sua vez, fazem parte da Diocese de Malakal.
O Monsenhor Roko Taban Musa,
Administrador Apostólico de Malakal não sabe como acudir a tantas pessoas. Foi
como que um terramoto que se abateu sobre a sua diocese. As cidades de Bentiu,
Malakal e Bor estão irreconhecíveis.
O Monsenhor fala em mais de 30 mil
casas em ruína e mais de 100 mil pessoas sem nada para comer. “Este conflito
é Devastador e extremamente desumano”, diz à Fundação AIS.Percebe-se que está aflito. Como alimentar tantas pessoas
Quando não se tem nada para oferecer?
O Monsenhor Taban descreve o que
precisa como se estivesse a fazer uma lista para as compras no supermercado.Precisa
urgentemente de arroz, milho, feijão, açúcar, azeite e sal. E água potável.“As pessoas estão a passar fome e, se não se fizer nada, é uma desgraça”.
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Malakal é uma diocese
mártir.
Não há medicamentos e a cada hora que
passa há mais casos de malária e disenteria que afectam cada vez mais pessoas. “Como não têm água
potável, bebem-na do rio Nilo que atravessa a diocese.” O
Monsenhor Taban está agora a tentar refazer também a estrutura da própria
diocese. Quando se deram os ataques, com uma violência que ninguém conseguia
imaginar ser possível, milhares de pessoas fugiram. “Os
ataques foram brutais. Muitas das nossas igrejas e casas foram completamente
destruídas e tudo o que tínhamos foi saqueado. Nós estamos num estado
miserável. Por favor, lembrem-se de nós nas vossas orações!” Malakal é uma diocese
mártir. Antes da guerra, a cidade – que tem o
mesmo nome - tinha uma população estimada em cerca de 250 mil habitantes.
Agora, ninguém sabe quantas pessoas vivem lá. Os que não morreram fugiram para
as matas, fugiram de carro, fugiram como puderam.
O Sudão do Sul precisa
urgentemente de ajuda. Com esta onda de violência étnica,
quase tudo o que existia está destruído. Hospitais, centros de saúde, escolas. A
Igreja, que tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento do país e
no apoio às populações mais fragilizadas, tem agora que voltar a fazer quase
tudo de novo. É preciso reerguer este país da ruína em que se encontra. É
preciso reconstruir casas, infraestruturas, trazer as pessoas de volta para as
cidades, de regresso às suas aldeias, às suas casas, aos campos. Para isso, é
preciso que as armas se calem e que a desconfiança seja varrida entre as
pessoas, independentemente das etnias a que pertencem.
SE ISSO NÃO ACONTECER, É
O PRECIPÍCIO. MAS, NO MEIO DESTE TERROR, A IRMÃ ELENA, E TODA A IGREJA DO SUDÃO
DO SUL NÃO BAIXAM OS BRAÇOS!
PARA A IRMÃ ELENA A
IGREJA TEM UM PAPEL MUITO IMPORTANTE: DAR ESPERANÇA.
“A experiência de ver tanta destruição
e carnificina numa escala tão grande tem sido um desafio à minha fé. Eu
pergunto-me porque é que Deus nosso criador nos permite, seres humanos,
prejudicar-nos tanto. E um dia um padre
disse-me que eu não me posso colocar no lugar de Deus e que temos de,
humildemente, permanecer no nosso lugar. Essa afirmação deu-me uma certa paz,
lembrando-me que, apesar de tudo, DEUS ESTÁ NO COMANDO.”
AJUDA JÁ ENVIADA
O mais recente país do mundo, o
Sudão do Sul, é um dos mais pobres e é uma prioridade para a Fundação AIS! A Diocese de Malakal, da Irmã Elena,
é a maior e a mais pobre do Sudão do Sul, apesar do petróleo. Após as
atrocidades cometidas contra este povo, a
Fundação AIS não pode ficar indiferente a este pedido de ajuda e, no passado
mês de Março, enviou uma primeira ajuda de emergência no valor de 25.000€ para alimentação, roupa,
medicamentos e abrigos.
Os benfeitores da AIS em todo o
mundo ajudaram no ano passado a financiar vários projectos na área da
educação, evangelização, subsistência, no valor de 1.309.040€.
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