VATICANO Papa FRANCISCO Comunicar a família
VATICANO
49ª Mensagem Dia Mundial das Comunicações Sociais
Papa FRANCISCO Comunicar a
família
Comunicar a família»: ambiente privilegiado do
encontro na gratuidade do amor» Assim começa a sua mensagem:« a família é o
primeiro lugar onde aprendemos a comunicar.»
Lembremos a visitação (Lc 1, 39-56). «Quando
Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e
Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”» (vv. 41-42).
Aqui está « a comunicação como um diálogo que
tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de
Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar
pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de
qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O
ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e
contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num
ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe.» Este
encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos é a nossa primeira
experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois
cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em
certo sentido permanecemos num «ventre», que é a família. Um ventre feito de
pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é «o espaço onde se aprende
a conviver na diferença» (Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de
gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque
existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações,
tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. Em
família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em
condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e
belo. É facto que a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa
da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus
que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se
abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos,
entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a
outra… Na visitação «de um ‘sim’
pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de
nós mesmos e se expandem no mundo. «Visitar» supõe abrir as portas, o apartamento,
sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para
além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua
mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais
feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na
família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes
problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. A família onde as pessoas,
apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de
perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e
se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível
reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros,
a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos
outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
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Além disso, num mundo onde
frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as
murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de
comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer
como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre
si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do
ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer «agora basta»; na
realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em
vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar
que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
A própria família não é um objecto acerca do
qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas
ideológicas, “mas uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar., A
família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do
testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem
e a mulher, entre pais e filhos, entre confrades. Não lutemos para defender o
passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde
diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
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