PORTUGAL "Instabilidade política" não se resolve com executivo PS, alerta Fitch
PORTUGAL
"Instabilidade política" não se resolve com executivo PS,
alerta Fitch
A agência de
'rating' Fitch defendeu hoje que a queda do Governo de Passos Coelho revela
"instabilidade política" do país, considerando que esta situação não
se resolve com a indigitação de um Governo liderado pelo PS
A
agência de notação financeira argumenta que o acordo dos três partidos de
esquerda "fica muito aquém de uma plataforma de política abrangente",
destacando que "qualquer tipo de cooperação parecia improvável até há
pouco tempo, tendo em conta as diferentes perspetivas e prioridades
políticas", o que "aumenta o risco de que qualquer Governo que formem
não cumpra o mandato completo".
"As declarações até agora sugerem que um potencial
novo Governo tem poucas intenções de adotar algumas das propostas mais extremas
dos partidos mais pequenos (como a reestruturação da dívida)", lê-se na
nota da Fitch, que espera que os socialistas se mantenham comprometidos com as
regras orçamentais europeias, o que "implica um abrandamento e não uma
reversão dos planos de redução do défice existentes".
No entanto, a instituição considera que há "incertezas
significativas" do lado orçamental, tendo em conta a incerteza política
existente e a potencial constituição de um governo apoiado por partidos
anti-austeridade.
A Fitch alerta que há "riscos para a consolidação
orçamental e para a implementação de reformas", considerando que "a
extensão destes riscos vai depender da coesão do novo Governo, do seu programa
de política" e de saber se "a incerteza política prejudica a
confiança dos mercados económicos e financeiros".
Além disso, a Fitch destaca que "as perspetivas para
[adotar] reformas que promovam o investimento e o crescimento estão a diluir-se
por causa da incerteza política", o que "será negativo" na
medida em que a redução do défice e da dívida ficam mais dependentes de um bom
desempenho da economia.
A agência de 'rating' deixa ainda um outro alerta:
"Não se pode excluir a existência de mais incerteza política no médio
prazo em torno da indigitação do próximo governo", uma vez que o
Presidente da República, Cavaco Silva, "tem sido hostil quanto à ideia de
uma aliança de esquerda formar Governo".
A Fitch espera que Cavaco Silva indigite o líder do PS,
António Costa, para primeiro-ministro "nos próximos dias".
Quanto a ações de 'rating' futuras, a Fitch diz que um
abrandamento da consolidação orçamental que gere uma trajetória de redução da
dívida menos favorável ou um crescimento mais fraco que tenha impacto negativo
nas contas públicas "podem levar a uma ação de 'rating' negativa".
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