A mulher na sociedade


Na sede da ONU, em Nova Iorque, a doutora Suzanne Scorsone, da delegação da Santa Sé junto da Comissão das Nações Unidas para a Condição Feminina, interveio na sua 42ª sessão, para manifestar o empenhamento das mulheres na Igreja, e também o esforço da Igreja, ao longo dos séculos, em favor do reconhecimento da dignidade da mulher.

A história da Igreja revela, de facto, um grande número de iniciativas para eliminar a escravatura e o infanticídio feminino bem como para alterar leis e costumes que conduziam ao abuso da dignidade da mulher. A Igreja actuou a favor da educação das mulheres e das jovens, em mosteiros e conventos, e hoje, mais de 21 milhões de meninas e jovens mulheres em todo o mundo encontram-se em formação em Escolas, Institutos ou Universidades católicas. E no campo da saúde, são mais de 100 mil os hospitais e centros de saúde ou de acolhimento para grávidas, mulheres maltratadas, leprosarias, lares femininos e instituições da assistência para deficientes. E fez votos para que se aplique cada vez mais e concretamente no universo feminino, o conteúdo da DUDH, de modo a que as mulheres possam usufruir plenamente dos direitos políticos, económicos, sociais e culturais que ali estão reconhecidos como património da humanidade.

A Igreja tem procurado seguir o modo de agir de Jesus Cristo. Ele constituiu-se, perante os seus contemporâneos, promotor da verdadeira dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Por vezes, provoca espanto, surpresa, frequentemente o raiar do escândalo: «ficaram espantados por Ele estar a falar com uma mulher» (Jo 4, 27) porque esse comportamento distinguia-se do dos seus contemporâneos. Estranheza do fariseu, quando uma mulher pecadora: «lhe vai beijar os pés» (Lc 7, 39) e ainda maior estranheza dos que ouviram Jesus dizer: «os publicanos e prostitutas entram adiante de vós no reino de Deus» (Mt 21, 31). Agarrados à lei moisaica « de repudiar a mulher por qualquer motivo», custa aos ouvintes de Jesus aceitar suas palavras e seus modos de agir: «quando o homem deixa seu pai e sua mãe unindo-se à sua esposa, de modo a formarem uma só carne, permanece em vigor a lei que provém do próprio Deus: «Não separe, pois, o homem, o que Deus uniu» (Mt 19, 6).

Jesus cura mulheres atingidas por doenças físicas como a sogra de Simão (Mc 1, 30), ressuscita a filha de Jairo (Mc 5, 4), cura a filha da cananeia (Mt 15, 28). Louva atitudes de mulheres, como no óbolo da viúva (Lc 21, 1-4), nas parábolas da dracma perdida (Lc 15, 8-10), do fermento (Mt 13, 33), das virgens prudentes e das virgens loucas (Mt 25, 1-13). Em Jesus não há discriminação. Suas palavras e suas obras exprimem sempre o respeito e a honra devida às mulheres. A mulher samaritana, a mulher surpreendida em adultério, são episódios de uma beleza incalculável e da força do perdão de Deus e do seu desejo em recuperar o pecador para que se salve, e isso abertamente contra os homens que se julgam melhores: «o que estiver sem pecado atire a primeira pedra…». E o pedido simples mas cheio de bondade e amor: «não tornes a pecar» (Jo 8, 3-11).


O modo de agir de Cristo, o Evangelho de suas obra e palavras, é um protesto contra tudo quanto ofende a dignidade da mulher. As mulheres que o ouvem, sentem-se libertadas; algumas servem Jesus e os discípulos, Marta faz profissão de fé em Jesus Cristo, «a ressurreição e a vida», perdoa os pecados à pecadora em casa do fariseu «porque ela muito amou», chorando os seus pecados (Lc 7, 47). São as mulheres que acompanham Jesus na via dolorosa do Calvário e são as primeiras testemunhas da ressurreição. São as primeiras e encontra a sepultura vazia.

«A paridade do homem e da mulher no que se refere às grandes obras de Deus, tal como se mostrou de modo tão límpido nas obras e nas palavras de Jesus de Nazaré, constitui o fundamento evidente da dignidade e da vocação da mulher na Igreja e no mundo. Toda a vocação tem um sentido profundamente pessoal e profético. Na vocação assim considerada, a personalidade da mulher atinge uma nova medida: a medida das “grandes obras de Deus”, das quais a mulher se torna sujeito vivo e testemunha insubstituível» (MD, 47).

A vocação da mulher exprime-se tanto na maternidade como na virgindade. A maternidade é o fruto da união matrimonial entre um homem e uma mulher, no dom recíproco abrindo-se ao dom de uma nova vida. A maternidade anda ligada à virgindade O celibato “por amor do reino dos céus” (Mt 19, 11) é fruto não só de uma escolha livre da parte do homem, mas também duma graça especial da parte de Deus, que chama determinada pessoa a vivê-lo, «permitindo dedicar de modo exclusivo todas as suas energias, da alma e do corpo, durante a vida temporal, ao reino escatológico».

Isto vale tanto para o homem como para a mulher. Na virgindade se exprime o radicalismo do Evangelho: «deixar tudo e seguir Cristo» (Mt 19, 27). «A virgindade não se restringe ao simples “não”, mas contém um profundo “sim” na ordem esponsal: doação por amor de modo total e indiviso» (MD, nº 20).

Na vida das mulheres consagradas, a virgindade poderá exprimir-se como solicitude pelos mais necessitados: os doentes, os deficientes físicos, os abandonados, os órfãos, os idosos, as crianças, a juventude, os presos, os marginalizados.

Quem não lembra o carinho duma mãe, duma irmã, duma pessoa amiga que ajudou a caminhar na vida?! Que no mundo de hoje, a mulher seja respeitada na sua dignidade, e o mundo será melhor. No coração das mães joga-se o futuro da humanidade!

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