JOÃO BALTAR DA SILVA (PADRE)

Pelas 18h00 do dia 05 de Dezembro faleceu em Malema, diocese de Nampula,  Moçambique, o Padre João Baltar da Silva
Padre Baltar nasceu em Burgães (Santo Tirso), no dia 02 de Janeiro de 1944.
Entrou no Seminário de Tomar em 01 de Outubro de 1955. Fez o seu primeiro Juramento no Seminário de Cucujães, no dia 15 de Agosto de 1964.
Ordenado Sacerdote, no mesmo Seminário, em 28 de Julho de 1968.
Após a ordenação, esteve um ano como Prefeito e Professor no Seminário de Cernache.
Partiu para Pemba (então Porto Amélia) no dia 17 de Outubro de 1969.
Em 1971 foi incorporado no Exército Português como Capelão. Em 16 de Setembro desse mesmo ano partiu para a Guiné como Capelão Militar, onde se manteve até 23 de Junho de 1974 (duas comissões).
Em Novembro de 1974 regressou a Porto Amélia. Em Janeiro de 1975 era eleito Superior Regional. Como tal, participou na nossa IV Assembleia Geral.
Em 15 de Setembro de 1982 é nomeado para a Equipa Formadora do Seminário de Valadares e para a Pastoral Vocacional. No ano seguinte vai para Cucujães.
Nomeado para as Missões em 04 de Janeiro de 1987, parte para Pemba em 11 do mesmo mês. Pároco de Maria Auxiliadora.
Em Dezembro de 1993 vem para a Paróquia do Aeroporto e Mavalane (Maputo). Em 1995, Chibuto.
Em Fevereiro de 2001, Director do Lar‑Seminário da Matola. Em 11 de Outubro do mesmo ano, Director do Ano de Formação (Matola), de que pediu demissão em Junho de 2003. Em 2004 regressa ao norte de Moçambique, indo para a Paróquia de Malema.

Comunico que a Sociedade Missionária da Boa Nova vai a S. Miguel do Couto (Santo Tirso) celebrar Missa por alma do P. João Baltar na próxima quarta‑feira, dia 14, às 19.00 horas, na igreja paroquial.
Pedimos a todos os que puderem ir que marquem a sua presença: Missionários colegas de Missão, ARM, e muitos dos que beneficiaram do seu trabalho de animação em Portugal. CF | 13.12.11

Testemunho
O Padre Baltar é herdeiro do Padre Monteiro que o levou de Burgães para o Seminário das Missões. Aquela voz alta dá a impressãode pessoa zangada, Mas aqueles que conseguem vencer essa primeira impressão encontram um coração afectivo. Diríamos que funciona a preto e branco, não é diplomata, encara as pessoas de frente para as ajudar a crescer com carinho ou para corrigir com ousadia os seus erros. Isso lhe vale muitos amigos e alguns desafectos.
Missionário de corpo e coração inteiros. Por onde passou fez estudos a sério sobre a cultura ads pessoas que encontrou: Guiné, Pemba, Maputo, Chibuto e Malema. Tudo metodicamente organizado na estante que hoje nos lega. Nos tempos em que a Igreja estava mais preocupada com a inculturação (Pemba e Chibuto), os conhecimentos culturais permitiram-lhe trabalhar com padres diocesanos em estudos sobre adaptações litúrgicas. Em todo o lugar, as suas informações sobre as comunidades eram precioso auxílio para o pároco.
Como capelão militar na Guiné, não viveu só para soldados. Ajudou as missões por onde passava, fez amigos entre a população local. Chegou a ser acusado de conviver com inimigos. Mas essa convivência local salvou vidas de companheiros.
Em Pemba foi o Pároco que conseguiu unir Macondes e Macuas na mesma paróquia. Foi o homem dos jovens, foi o superior regional do tempo dos julgamentos e expulsões de missionários. No meio da perseguição, viajava de noite para socorrer os aflitos, ajudar na sua defesa e encaminhamento.
É o homem dedicado às vocações. Na sua doença, em Nampula, foi visitado por muitas Irmãs de várias congregações, que ele ajudou no discernimento vocacional quando jovens. A Irmã Anastácia, das Vitorianas, nascida no Chibuto, estagiária de medicina, descobriu-o no hospital e foi uma preciosa auxiliar, tanto dentro do hospital como em nossa casa. Era a intermediária entre os médicos, o doente e os nossos que dele deviam cuidar. A Irmã Joaquina, das Filhas do Coração Imaculado de Maria, vivitava-o todos os dias, por amizade pessoal mas também porque ele encaminhou muitas jovens para a congregação.
Quando foi nomeado para a animação missionária em Portugal, dedicou-se todo aos jovens (encontrei muitos casais novos da região de Valadares, Cucujães e Cernache que diziam ter sido formados pelo Padre João).
Essa experiência valeu-lhe quando foi nomeado Reitor do Seminário da Matola e Director do Ano de Formação. Os que passaram por ele e resistiram são seus admiradores.
Por amor ao povo moçambicano e, talvez por não ver mais justificativas para ir a Portugal, em 1994 pediu a nacionalidade moçambicana e foi-lhe concedida. A família sofreu (sua mãe estava viva) e ele próprio não beneficiou de cuidados de saúde que aí seriam mais fáceis. Nunca mais voltou à sua terra nem recebeu a merecida reforma.
Teve saúde frágil. Não confiava na medicina oficial. Mas tinha imensos cuidados com temperos e comidas que não conhecia. Só ia para o hospital quando obrigado por outros, portanto quando já estava muito mal. Foi isso que aconteceu no dia 22 de Setembro de 2011, quando teve um AVC, o médico veio ao seu quarto e despachou-o rapidamente para Nampula. Agradecido, esperou o dia em que o Dr. Isidoro viria jantar com ele, em agradecimento pelso serviços prestados. Conversou com ele, agradeceu e inclinou a cabeça.
A equipa missionária de Malema fica imensamente grata aos membros da SMBN que mais o acompanharam nos últimos dois meses e meio.
1º. A equipa de Nampula: Padre Tavares Martins, professor do Baltar em Cernache, e Ir. Luís que foi incansável nos cuidados que lhe dedicou: comida, remédios, muitas noites mal dormidas para o socorrer.
2º. O nosso estagiário e seminarista Constantino Hatende que estava sozinho na Casa Paroquial quando veio o AVC. Acompanhou-o na ambulância e visitava-o diariamente no Hospital Central para lhe dar comida na boca. Na nossa casa, ainda sem Baltar se segurar de pé, fazia os serviços de enfermagem e cuidados pessoais. Foi a parte mais dura do seu estágio e talvez a mais válida.
3º. Padre Luís Figueiredo, ao chegar das férias, ficou em Nampula, para continuar o trabalho do Constantino que teve de ir para Maputo e Angola.
4º. Hipólito, de Nampula, cuidou dele e Abdul, de Malema, aluno do 1º ano do Seminário da Matola carinhosamente cuidou do Baltar nos últimos dias e noites em Malema. Nalguns dias teve a ajuda de Benedito, seminarista dos combonianos.
O Padre Baltar queria vir para Malema e nós o trouxemos. Foram 10 dias em que ninguém o viu fraquejar. Nós sabíamos que essa força era aparente. Mas resistiu até ao fim. Passeou em casa, comeu connosco à mesa todos os dias, recebeu visitas, chamou a casa as pessoas que queria ajudar. No último dia enfraqueceu de repente e começou a falar palavras de despedida. Continuará a ser missionário desde Malema até à Guiné de que falava muitas vezes.
A população de Malema acorreu nessa mesma noite e participou em massa nas cerimónias cristãs e tradicionais. Merecia esse carinho filial.
Deus o chamou, na sua misericórdia o acolherá. (testemunho de Padre Jerónimo Nunes in  Boa Nova, Janeiro 2012)

Comentários

  1. Foi um missionário dedicado e atempo pleno na Animação Missionária em Portugal e nas terras de Moçambique. Deus o guarde.

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  2. Como não pudemos estar presentes nas cerimónias fúnebres, realizades em Malema, Moçambique, serão estas celebrações que lhe podemos oferecer em comunidade. Por eles e pela generosidade da sua família, que se desprendeu dum filho ou dum irmão ou dum ti, para servir o Reino de Deus. O Missionário que tudo deu a Deus no seu adeus!

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  3. Faz hoje um mês que este missionário da SMBN terminou sua vida na terra e continuando-a no céu. Homenajeio sua família e sua terra Burgães (Santo Tirso) por terem feito a oferta da sua mvida à missão. Pedimos a Deus que envie outros mensageiros da Palavra e da Vida para continuar sua actividade missionária. O missionário é presença de Deus no meio do seu povo para fazer descobrir com seu jeito de viver, o Deus presente em toda a parte e em todas as culturas.culturas

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  4. Padre Capelão em Teixeira Pinto. Guiné.Anos 71/73. Grande Amigo !
    Ajudou-me muito!Meu obrigada!

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  5. As boas ações não são esquecidas.

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  6. Ola sou uma sobrinha do padre Joao Baltar por a caso vim ver sobre google mais informacao sobre o meu tio que mal conheci mas que recordo uma boa,simpatica e alegre pessoa.Com curiosidade porcorava fotografias dele durante a sua vida.A um ano atras perdi o meu pai (seu irmao que nunca mais viu des que foi para Mozambique nem eu).Hoje o que espero e desejo é que com os seus pais eles se encontro todos juntos e reposem em Paz pertos de Deus.

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  7. Dói muito! Passei quase duas décadas procurando saber do paradeiro do Pe. Baltar. Tive educação religiosa por conta deste saudoso homem de Deus. Me lembro quando organizou os jovens da paróquia Maria Auxiliadora de Pemba em categorias Anuarite, Luwanga, e Quisito, Roteiro. Curancas, o prejovens e jovens. O melhor que posso dizer O Jovem Pe Baltar viverá pra sempre no meu coração. Deus que o de merecido descanso. Amen.

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