A morte
1.Os dias 1 e 2 de Novembro são datas
universais, pois são em todo o mundo os dias da Memória e da Interrogação.
A palavra luto (cito Dr. Anselmo Borges<) -, dor pela perda, do emprego,
do que mais estimamos, mas principalmente a dor pela perda causada pela morte
de alguém. O primeiro luto deve ser cada um
reconciliar-se, com a sua mortalidade e, assim, com a sua própria morte.
Hemingway escreveu um romance famoso, pleno de humanidade: Por Quem os Sinos
Dobram. Afinal, por quem dobram os sinos? É por ti. Por cada um de nós. Por
mim. Queria o autor exprimir mais isto do que os mortos na guerra.
2.Nós vivemos numa sociedade que lançou seus
alicerces no bem estar: no luxo, no divertir-se, no comer e beber bem, no
materialismo, no vistoso. E assim se construiu uma sociedade assente na
mentira. Com efeito, tentar construir uma sociedade como se não houvesse morte
é uma pura mentira. Tentar esquecer a morte, ela não se esquecerá de nós. Jugariam que a morte já não seria problema
mas é exactamente o contrário: de tal
modo a morte é problema, que uma sociedade poderosíssima concretamente no
domínio técnico não tem solução para ele; a única solução é tentar calá-lo,
ocultá-lo. E assim a morte acaba e continua a ser o nosso principal problema!
3.Para o crente é diferente a perspectiva
perante a morte. Já não será a desgraça natural da nossa condição fraca e
mortal. Não terá lugar um pensar mórbido da morte - esse pensamento é
detestável, ou dominado pelo terror da
morte e do Além. É necessário viver para um Além real e FELIZ. Viver para o
lado de lá enquanto estamos do lado de cá. É preciso reconciliar-se e conviver
de modo sadio com a própria morte – como
caminho para a vida. A maneira de viver a vida, condiciona a morte. Ainda se
olha para a morte com terror, mesmo sabendo que de facto o sinos dobram por ti,
por mim, por cada um de nós. Sem possibilidade de qualquer fuga.
4.Luto é perda e a perda principal e sem
retorno é a morte; há que reconciliar-se e conviver de modo sadio com a própria
morte. Numa perspectiva de ressurreição
e de vida nova. “EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA”
Pascal chamou a atenção para a morte como a
causa de todas as nossas infelicidades. Mas a consciência do limite temporal da
existência no mundo obriga-nos a viver intensamente cada instante. Só se vive
uma vez e tudo é sempre pela primeira e última vez. O que temos a fazer é aqui
e agora. Não há adiamento possível. E da nossa vida podemos fazer uma obra de
arte ou um desastre.
5.A realidade da morte é um convite a viver a
vida com muita seriedade para ser feliz…
Seguir o caminho de Jesus, os seus gestos e
ensinamentos. Santa Teresa, quando ouvia as badaladas das horas no sino da
torre da igreja costumava dizer: “Graças a Deus…menos uma hora que tenho a
impedir-me de ir ao encontro do meu Amado!
Façamos da nossa vida uma obra de arte!
Assim seja.
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