A opção pelos pobres e a urgência da missão por ARMANDO SOARES
Em 1968 realizou-se em
Medellín, a segunda Conferência dos
Bispos da América Latina e do Caribe.
Nela se viu a Igreja como "diaconia" ou "comunhão", na
óptica dos pobres, que é a sua maior originalidade.
O Vaticano II,
concebeu a Igreja como a comunidade dos baptizados, na comunhão da radical
igualdade em dignidade de todos os ministérios. A missão é para a comunhão dos
fiéis e de todo o género humano. Para Medellín, a melhor forma de vivência da
fraternidade cristã é no seio de
Comunidades de Base, pequenas, e em que todos são corresponsáveis; as CEBs são
foco de promoção humana e desenvolvimento, o "rosto de uma Igreja
pobre" (Med 15, 10). A missão é para a comunhão em pequenas comunidades de
fiéis, em vista da fraternidade entre todos os seres humanos. Na perspectiva de
João XXIII, "uma Igreja dos pobres para ser a Igreja de todos". Assim
"a pobreza da Igreja deve ser sinal e compromisso de solidariedade com os
que sofrem" (Med 14,7). E mais: os incluídos devem estar comprometidos com
a inclusão dos excluídos. Medellín, optando por todo o ser humano, "opta
pelos pobres, que são os preferidos de Deus" (Med 14,9). A Igreja tem de
ser mediação de salvação da pessoa inteira e em todas as suas dimensões., promovendo e consolidando "o
desenvolvimento integral do ser humano na passagem de condições menos humanas a
condições mais humanas" (Med 2,14a).
São palavras do Padre
Agenor Brighenti: "Medellín faz da Igreja-comunidade, uma Igreja em
pequenas comunidades de base; da comunidade enquanto sujeito eclesial, a
comunidade toda ela é missionária; da Igreja povo de Deus, a Igreja dos pobres
para ser a Igreja de todos; da opção pelo ser humano, uma opção pelos pobres;
da inserção da Igreja no mundo, sua inserção no mundo dos excluídos; da
evangelização da pessoa inteira, uma promoção humana, da pessoa inteira e de
todas as pessoas, na abertura à escatologia; enfim, da diaconia histórica, um
serviço profético até ao martírio"
O conflito
armado colombiano continua fazendo vítimas. A maior parte delas camponeses e
defensores de direitos humanos. O Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos
Humanos (CPDH) tem denunciado às
organizações nacionais e internacionais as ameaças sofridas por líderes
políticos em Arauquita, município do
departamento de Arauca.
Panfletos
ameaçam lideranças políticas e sociais da região. No comunicado, os paramilitares
chamados "águias negras bloco vencedores de Arauca” acusam os
representantes sociais do departamento de serem defensores das Farc. Segundo CPDH, os paramilitares revelam que alguns líderes
já estão ameaçados e alertam para um "massacre em série”. Para o Comité,
os assassinatos e as violências continuarão no país enquanto o conflito armado
persistir.
Para
evitá-las, a única saída é a solução política dialogada do conflito. Só deste
modo se poderá conseguir a paz. Os agentes missionários estão na linha da
frente na defesa dos pobres e dos injustiçados. Por aqui passa a missão. É
mesmo urgente.
Comentários
Enviar um comentário