Acreditar na vida com esperança
A vida coloca-nos vários desafios, alguns dos
quais são difíceis de enfrentar e de ultrapassar. Em 2004, a revista
missionária Bethleem apresentou vários casos de Sida e como os doentes
enfrentavam a sua situação. Confesso que fiquei edificado com a maior parte.
Acentuavam: a vontade de viver, a falta de medicamentos e o abandono a que são
votados pela sociedade (um jovem zambiano de 14 anos), uma selecção brutal
porque os medicamentos não chegam para todos (nem a ONUSIDA nem a OMS reúnem os
milhões necessários para financiar a compra de medicamentos a nível mundial),
os missionários distribuem os medicamentos gratuitamente àqueles que não os
podem pagar.
Um caso me impressionou: Teresa é uma mulher
optimista apesar de vítima da Sida. Sabe sorrir. Sua vida tem altos e baixos.
Seu marido morreu com sida. Contraiu o vírus numa transfusão de sangue após um
acidente. Ficou seropositiva também. Veio o medo de morrer, a cólera
contra o mundo inteiro, em especial os
médicos. A sociedade que a rejeitava. Teresa sente-se impotente perante uma
realidade que ela não pode mudar. Mas ela quer viver: “Aprendi que a vida e a
morte estão intimamente ligadas. Vivo mais intensamente cada momento, vivo
minhas emoções, vou directa ao essencial”.
O que dá força a Teresa? “Eu sei que trago em
mim um tesouro como uma planta que é a vida. Minha responsabilidade é cuidar
desta planta para que ela cresça e tome cada vez mais o seu lugar irradiando em
todo o meu ser”. Seus desenhos, seus passeios pela floresta, o acolhimento da
vida como um presente, a compreensão dos outros que estão na mesma situação e
que têm necessidade de amar e ser amados. Custa-me ver que muitos perdem a
esperança. Eu quero curar-me. Estabilizar a minha doença será já uma vitória.
Por isso tenho cuidado comigo.”
Ela quer uma sociedade onde todos tenham o
seu lugar. E quer uma Igreja mais acolhedora, mais pronta a ouvir do que a
condenar, mais próxima dos excluídos.”
É um desastre a falta de medicamentos. A organização católica
Caritas Internationalis acompanhou a XVIII Conferência Internacional sobre SIDA
que decorreu em Viena, Áustria, até 23 de Julho p.p., sob o tema “Os Direitos
Aqui e Agora”. Segundo Robert Vitillo, especialista da Caritas Internationalis
para este campo, a falta de recursos económicos poderá travar os programas em
curso, em todo o mundo. Há já pessoas sem acesso a tratamentos em vários dos
países que visitou, como o Uganda, por causa da falta de fundos. “Negligenciar o
HIV/SIDA irá pôr milhões de vidas humanas em risco, nos países pobres”,
assinala o especialista. Assim é matar a vida e acabar com a esperança. E
muitas Teresas voltarão a sofrer, embora confiando sempre na vida!
Louvo
os jovens que enfrentam com coragem o Sida ou outras doenças e animam aqueles
que estão nelas envolvidos prestando ajuda e carinho aos doentes e idosos. É um
dos grandes desafios que a sociedade hodierna nos coloca. Coragem
e força para viver e ajudar a viver a vida com confiança. Enfrenta o desafio.
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