O apelo dos simples
O apelo dos simples
Num momento em que Fátima é por alguns
questionada por vários motivos. Fátima nunca foi o céu, mas sim caminho para o
céu. Os pastorinhos, colocados como modelos e não como alucinados, serão
caminho para Deus e para Maria, nas suas figuras cheias de simplicidade e de
humildade e de fervor religioso. O que importa é chegarmos a Deus pelo menos
pelo que nos manda e nos põe à disposição no nosso caminho: pessoas,
acontecimentos, aparições, natureza, gestos humanos e positivos. Recusando um
barco de salvamento, que pode ser único, podemos perder todos os barcos que
virão a seguir e o céu será bonito mas não será para nós.
A beatificação de Francisco e Jacinta deve
ser reconhecimento da fé que cresce também e sobretudo nos humildes e através
deles se expande. De certeza que a fé dá firmeza na vida a quem anda desiludido
atrás de soluções cientifico-religiosas ou socio-antropológicas.
Fátima pode ser ponto de referência para o
ateísmo. Com efeito, como disse o cardeal irlandês Cahal Daly, que presidiu à
peregrinação internacional de 13 de Outubro de 1999: «o comunismo ateu e
materialista foi substituído por um ateísmo e materialismo prático, que pode
ser igualmente destruidor da fé e da vida cristã».
«Pode ser até mais perigoso porque é mais
traiçoeiro, mais sedutor e mais difícil de discernir e de contar do que uma
manifestação dos militantes comunistas»
Reina uma «anemia real» no fim deste milénio,
e cada vez mais espalhada e afectando muitos sectores da sociedade, mesmo em
países de tradição religiosa como Portugal. Juntamente com pessoas que
professam uma fé profunda e esclarecida, há uma grande parte da população, que
se diz católica, mas que professa uma religião anémica e anónima.
É preciso revitalizar a fé, é preciso
recristianizar a Europa, é preciso dar novo sentido a vidas efémeras que
se movem no vazio.
Fátima é apelo e desafio aos que ainda querem
salvar o que de bom existe na raça humana. É apelo aos simples e aos de coração
humilde.
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