Missionários digitais por JOÃO AGUIAR*
D, Manuel Clemente é um bom comunicador
Recebi com alegria o anúncio do tema para o 47º
Dia Mundial das Comunicações Sociais: «Redes sociais: portais da verdade e da
fé, novos espaços de evangelização».
Escrevi «com alegria», mas posso acrescentar que
«sem surpresa». De facto, vinham-se acumulando os sinais reveladores da
crescente atenção da Igreja Católica ao mundo digital como nova terra de
missão. Basta pensar, por exemplo, na Mensagem para o 43º Dia Mundial, quando
Bento XVI pediu aos jovens que levem ao continente digital o testemunho da sua
fé, introduzindo na cultura desse ambiente comunicativo e informativo os
valores em que assenta a sua vida crente.
Subjacente a este interesse está a convicção de
que a cultura mediática e digital «progressivamente se estrutura como o lugar
da vida pública e da experiência social» (Instrumentum
laboris para o próximo sínodo dos bispos, 59); e ainda que a sua influência
pesa sobre a percepção que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo.
Esta noção de que estamos mergulhados num outro
caldo cultural e não confrontados com
meras tecnologias, alterou atitudes: hoje, para a Igreja, a internet não é mais
um mero meio de evangelização, mas um espaço a evangelizar, porque aí se
exprime também a vida dos homens.
Neste ciberespaço moram hoje milhões de
destinatários do Evangelho; também eles com o direito a que lhes seja
apresentado o Nome que está acima de todo o nome, como resposta ao apelo de
Bento XVI a uma renovada urgência na Missão, nascida de uma caridade que impele
a evangelizar.
Precisamos, então, de missionários digitais. Não
de meros conhecedores de tecnologias, mas de gente capaz de aí introduzir alma…
Volto ao Instrumentum laboris (62) para o próximo
sínodo dos bispos… Mencionando as novas fronteiras do cenário comunicativo em
que a evangelização acontece, o documento reconhece benefícios e riscos na
internet; mas pede aos cristãos «a audácia de frequentar estes novos areópagos,
aprendendo a dar uma valorização evangélica, encontrando os instrumentos e os
métodos para tornar audível também nestes lugares hodiernos o património
educativo e de sapiência conservado pela tradição cristã».
Se a evangelização é uma prioridade à qual se
devem adequar os estilos de vida, os planos pastorais e a organização
diocesana, ao fazê-lo não se esqueçam as redes que precisam de ser humanizadas
e vitalizadas…
ECCLESIA
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