A crise e o Estado Social
Assisti
à Independência de Moçambique, na cidade de Angoche, ali junto do Oceano
Índico.
Um
dia de paz, mas com guerra antes e guerra depois. Estive 13 anos no Colégio dos
MBN logo nacionalizado passando a ser a Escola Secundária de Angoche. Anos
difíceis com fome, violência, sem medicamentos, sem emprego nas fábricas
falidas. Só em Angoche fecharam 8: de cajú e camarãol.
A
crise por que passamos assemelha-se a uma guerra ou pelo menos aos efeitos duma guerra. Dando
uma vista de olhos aos jornais deparamos com muita violência e situações de
fome; fazem-se casamentos com um simples lanche a festejar, discute-se a reunião de freguesias no adro da igreja,
recusam-se a soprar no balão e baleiam os GNR, violência doméstica e contra
profissionais da saúde, E a voz de D. Clemente, bispo do Porto, apela para a necessidade
do Estado Social: é preciso conhecê-lo, reconhecê-lo e comprometer-se com ele.
A
violência sexual contra as nossas crianças continua em abusos que não têm
qualificação.
A
moral anda arredia. Prefere-se viver sem amarras e explorando sordidamente o
outro que não se reconhece como irmão nem como amigo, mas como um inimigo a
abater, quando passa no nosso caminho.
(Enviado para JN mas não publicado)
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