Papa deixa África com apelos ao diálogo e à «coexistência harmoniosa»
Bento XVI no Benim, entrega da exortação apostólica, 2011 |
Visita de três dias marcada pela
entrega de exortação apostólica aos bispos do continente para transformar
dinâmica da Igreja.
Bento XVI deixou o Benim, após uma viagem de
3 dias, com um apelo à “coexistência harmoniosa no seio da nação e entre a
Igreja e o Estado”.
“A boa vontade e o respeito mútuo não só
favorecem o diálogo, mas são essenciais para construir a unidade entre as
pessoas, as etnias e os povos”, disse, numa mensagem dirigida a toda a África.
No aeroporto internacional de Cotonou, onde
foi saudado pelas autoridades locais, o Papa agradeceu o “caloroso entusiasmo”
com que foi recebido no país, uma constante ao longo dos vários encontros e
celebrações a que presidiu, nesta cidade e em Ajudá, a 40 km de distância, no
litoral deste país da África ocidental.
“Viver juntos como irmãos, apesar das
legítimas diferenças, não é uma utopia. Porque é que um país africano não
poderia apontar ao resto do mundo a estrada a seguir para se viver uma
autêntica fraternidade na justiça, fundada na grandeza da família e do
trabalho”, questionou.
Após a viagem realizada aos Camarões e
Angola, em 2009, Bento XVI disse ter querido “uma vez mais o continente
africano” por estar “convencido de que é uma terra de esperança”.
“Aqui encontram-se valores autênticos,
capazes de servir de inspiração para o mundo, que nada mais pedem senão poder
desenvolver-se com a ajuda de Deus e a determinação dos africanos”, precisou.
Durante a visita, na qual falou várias vezes
em português, o Papa assinou e entregou aos bispos africanos a exortação
apostólica pós-sinodal ‘Africae munus’, ‘O serviço de África’, sublinhando “as
perspetivas pastorais que abre e as interessantes iniciativas que há de
suscitar”.
O documento denuncia novas formas de
“escravatura”, considera a SIDA como um problema ético e apela à intervenção da
Igreja nos processos de consolidação da democracia e da paz, para além de
estimular uma “nova evangelização” em África, apresentada como “um dos pulmões
espirituais” do planeta.
“Que os africanos possam viver reconciliados
na paz e na justiça. Tais são os votos que formulo, com confiada esperança,
antes de deixar o Benim e o continente africano”, disse Bento XVI.
O Papa, de 84 anos, segue com destino a Roma,
numa viagem com mais de 4 mil quilómetros, encerrando assim a sua 22ª viagem
apostólica, a segunda em solo africano.
Bento XVI encontrou-se com líderes políticos
e religiosos, com os bispos do Benim e de toda a África, para além de ter
visitado o túmulo do cardeal Bernardin Gantin (1922-2008), seu amigo e primeiro
africano a liderar um dicastério da Cúria Romana, bem como um lar das
Missionárias da Caridade (congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá) que
acolhe crianças doentes e abandonadas.
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