PALAVRA 3.Uma fonte de água viva


3.
Uma fonte de água viva

Lemos no Livro do Êxodo (c 17): «o povo judeu, atormentado pela sede,
começou a altercar com Moisés: “Porque nos tiraste do Egipto? Foi para
morrer aqui à sede nós, os nossos filhos e os nossos rebanhos?”
Moisés, então, rezou, clamou ao Senhor: «Que hei-de fazer deste povo? Por
pouco me vão apedrejar!» E Deus disse: «Toma a vara com que dividiste o rio
e põe-te a caminho. Eu estarei diante de ti, sobre o rochedo, no Monte Horeb.
Baterás com a vara no rochedo e dele sairá água; então o povo poderá beber». Moisés assim fez à vista dos anciãos de Israel. E chamou ao lugar Massa e Meriba, porque ali altercaram contra Moisés e ali tentaram ao Senhor.
Da água do rochedo de Moisés, Jesus passa a um diálogo de água viva com a samaritana. Eis o grande diálogo, porventura o maior, narrado no Evangelho.
- Ao meio-dia: Jesus, cansado da caminhada, sentou-se à beira do poço de Jacob, na Samaria. Era a hora de Deus para se encontrar com alguém. De madrugada, de noite, à noitinha, durante a noite (= Samuel), quando se vive um drama, quando tudo parece perdido, a qualquer hora,…
Vem uma samaritana buscar água. E samaritanos e judeus nem sequer se falavam: aqueles eram cismáticos, pecadores, desprezados… por causa da religião!
- Jesus: «Dá-me de beber».
- Samaritana, admirada: «Como é que tu, sendo judeu, me pedes água a mim, que sou samaritana?»
- Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e Aquele que está a falar contigo, tu é que Lhe pedirias e Ele dar-te-ia água viva».
- Samaritana: «Nem sequer tens balde, e o poço é fundo. Donde te vem a água viva? Serás Tu maior que Jacob, que nos deu este poço…?»
- Jesus: «Todo o que bebe desta água voltará a ter sede. Mas o que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede».
- Samaritana: «Senhor, dá-me dessa água para eu não ter mais sede, nem ter de vir aqui buscá-la…».
- Jesus: «Vai chamar o teu marido e volta cá.»
- Samaritana: «Não tenho marido.»
- Jesus: «Disseste bem: tiveste cinco e o que agora tens não é teu marido: disseste a verdade.»
- Samaritana: «Vejo que és Profeta. Os nossos pais disseram que se devia adorar neste monte, e vós adorais em Jerusalém.»
- Jesus: «Mulher, vai chegar a hora em que os verdadeiros adoradores, adorarão em espírito e verdade, em qualquer tempo ou lugar.»
- Samaritana: «Eu sei que há-de vir o Messias. Quando Ele vier, anunciar-nos-á todas as coisas.»
- Jesus: «Sou Eu, que estou a falar contigo.»
Esta foi a grande revelação. A samaritana foi à cidade, falou de Jesus, vieram muitos e acreditaram nEle, em Jesus Salvador do Mundo. Aquela foi a hora de Deus para a samaritana e para todos os que O encontraram.
Nos primeiros séculos da Igreja, o testemunho dos cristãos levou à conversão e ao martírio. Hoje, as Igrejas da Ásia voltam-se para o cristianismo porque a Igreja responde aos problemas e anseios de justiça, de paz, de fraternidade, afirmam os bispos asiáticos.
Vindos da euforia do Vaticano II – chama que depressa se apagou ou esmoreceu – temos de dar vida às nossas comunidades, às nossas paróquias.
A começar por cada um de nós. No encontro com Ele.
Todos ouviram sua voz e acreditaram nEle. Encontraram a água viva.
Bebamos também dessa água que o Senhor nos dá. Hoje, infelizmente, vivemos num mundo de águas turvas, que leva e teima em levar as pessoas por caminhos errados. E os grandes, os poderosos do mundo, com a sabedoria do mundo, tentam enganar e desviar os incautos, até por meio de leis contra a natureza, e isto também no nosso país. Basta ligar os aparelhos da TV… O mundo precisa de água viva para viver. Para isso é preciso aceitar o diálogo ascendente como a samaritana: situação religiosa cismática, água natural, seu modo de viver, a crença na fé dos antepassados, a esperança no Messias, o encontro com o próprio Messias, Jesus Cristo Salvador e a adesão a Ele pela fé.

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