IMBISA | ZIMBABWE Os bispos apelam à não-violência por FR CARLOS GABRIEL*



Bispos da IMBISA e do ZIMBABWE com P. Carlos Gabriel,
Tradutor Intérprete

 Na sequência da publicação da Exortação Apostólica “Africae Munus” em Novembro de 2011, que aconselhava a Igreja a tornar-se mais visível e pública em África, a IMBISA, Associação Inter-regional do Bispos da África Austral, embarcou num projecto que, em parceria com organizações internacionais, trouxesse paz ao Zimbabwe no decurso das eleições presidenciais que possam já ter acontecido quando este artigo for publicado.
A sede da IMBISA é no Zimbabwe e a violência à volta das eleições de 2008 provocou muito mal-estar entre os Bispos do Zimbabwe e dos outros 8 países da África Austral (Angola e São Tomé e Príncipe, Moçambique, África do Sul, Botswana,  Namíbia, Lesotho e Suazilândia). Em solidariedade com  o povo do Zimbabwe, a Comissão Permanente da IMBISA, presidida pelo Bispo de Francistown, na Botswana, Dom Franklin Nubuasah, e apoiada por uma ONG europeia, embarcou num périplo de visitas a governos e bispos de países da SADC, para chamar a atenção o perigo eminente da violência à volta de eleições no Zimbabwe. A delegação da IMBISA encontrou-se em Outubro de 2011 com Morgan Tsvangirai, Primeiro Ministro do Zimbabwe, mais tarde, 20 de Fevereiro deste ano,  com o próprio Robert Mugabe, Presidente do Zimbabwe. Visitou a seguir o Presidente Guebuza de Moçambique, a Conferência Episcopal da Zâmbia e o Presidente José Eduardo dos Santos de Angola pedindo que intercedessem pelo Zimbabwe, pressionando o Presidente Mugabe a presidir a eleições pacíficas, livres e justas.
No encontro com Robert Mugabe, os Bispos pediram ao Presidente que não deixasse que a violência manchasse as próximas eleições. Num discurso de mais de duas horas, Robert Mugabe insurgiu-se contra a Inglaterra, acusando-a de ser a causa de todos os problemas do Zimbabwe, contra a Nigéria e contra o Botswana, afirmando que estes países são muito mais violentos que o Zimbabwe e que são uma vergonha no continente africano.
É difícil concluir se tais contactos resultaram ou não. É, neste momento, imprevisível o desenrolar dos acontecimentos, mas Robert Mugabe, num discurso de 90 minutos num comício do seu partido, ZANU-PF, em Julho passado, desafiou todas as forças políticas do Zimbabwe, afirmando que venceria de novo as eleições, mas, e isto é de notar, pediu também ao seu partido e às aterradoras agências de segurança do país, para não embarcarem em violência, porque afinal de contas não precisam dela para vencer as eleições. Nesse mesmo discurso avisou também a SADC para não se ingerir nos assuntos internos do Zimbabwe. É que a SADC, pressionada por todo o mundo e pelas Igrejas da região, pediu o atraso na realização das eleições, já que não há financiamento adequado e as cláusulas do GPA (Acordo Político Geral de 2008) ainda não foram concretizadas.
Ao que parece, Robert Mugabe, descobriu também que tem vantagens percentuais sobre o adversário mais próximo, Morgan Tsvangirai, de acordo com sondagens não públicas (não há sondagens eleitorais no Zimbabwe…) feitas por um grupo de investigadores africanos designado por Afro-Barometer.
Será que o trabalho da IMBISA deu resultado? Mugabe prometeu aos Bispos não-violência na reunião de 20 de Fevereiro, como já tinha feito publicamente. Ou será que a vantagem sobre o mais próximo adversário o terão tranquilizado e aclamado, levando-o a concluir que já não precisa da violência para ganhar mais estas eleições?...
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* Tradutor Intérprete da IMBISA
insf@ananzi.co.za

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