Colóquios IGREJA em DIÁLOGO* Deus tem futuro?
Por razões de saúde não me foi possível estar no Colóquio deste ano. No entanto estava à mira de um comentário que me satisfizesse, até porque tenho pronto para publicar um livro “na força de Deus”, numa dinâmica mais familiar e sobretudo para os crentes. Embora crentes e não crentes andem em busca de Deus. A procura do rosto de Deus é um coordenada da vida da humanidade do nosso tempo. Gostei muito da reflexão do Padre Calado. Sintetiza e explica bem o tema, e caracteriza o Padre Anselmo como p rovocador. Ele é-o de facto e conscientemente. É preciso despertar as pessoas para uma fé esclarecida, que não a fé do que tem o nome esrito no livro dos baptizados. Gosto do Padre Anselmo quando nos faz voar alto, mas se firma na riqueza da fé para muitos crentes sem sentido, porque vazia. Atrevo-me a dizer que a fé ou é provocadora ou não o é. Padre Anselmo Borges provoca as mais variadas reacções. Considera a voz do Padre Anslmo Borges uma voz profétiva mesmo e sobretudo quando é provocadora. A maior parte dos que se dizem crentes pauta-se por uma crença sine vita.. O Padre Anselmo provoca e acompanha as pessoas. Porque é um homem de fé esclarecida. Tomo as palavras do comentário do Padre Calado, com a devida vénia). «Para uns, é uma voz profética e clarividente; para outros, uma voz incómoda e quase herética. Já, por diversas vezes, tropecei nas redes sociais em considerações pouco abonatórias sobre ele. Os que se assustam com a mínima beliscadura à doutrina da Igreja evidentemente não suportam as suas reflexões de fronteira, por vezes críticas e desalinhadas do pensamento oficial. Os que não se conformam a uma aceitação acrítica ads questões da fé são espicaçados pelas suas posições a aprofundar as razões para acreditar. Para uns e outros, não há dúvidas de que é um provocador.
Provocatória, como o próprio assumiu,
é também a questão: “Deus ainda tem futuro?” Este foi o mote escolhido para
mais uma edição dos Colóquios ‘Igreja em Diálogo’, que decorreram no fim de
semana passado. Para os crentes, colocar desta forma a questão “terá até um
sabor a blasfémia”. Para os não crentes, «a pergunta não tem sentido»,
reconhece Anselmo Borges. Esclarece que o que se pretende verdadeiramente é
reflectir sobre se «Deus ainda tem futuro na e para a Humanidade». Discutir a
importância de Deus no contexto de uma sociedade em crise.
Ao longo do fim de semana, crentes e
não crentes reflectiram sobre a relevância da religião da religião e da crença
em Deus num mundo em mudança. Paul Clavier, citado por Anselmo Borges, terá
dito que,” a existência de Deus é um assunto demasiado sério para ser confiado
exclusivamente aos crentes”. Com o contributo de todos, entre outras
conclusões, percebeu-se a necessidade de recuperar a religião para resgatar a
sociedade contemporânea. “Se é verdade que o humanismo foi muitas vezes
construído em oposição às religiões, também o é que estas por sua vez podem
agora, num mundo secular desencantado, tornarem-se preciosos garantes de um
ideal humanista, ameaçado por uma mercantilização e tecnizização cegas”, disse
o sociólogo Jean-Paul Willaime, professor na Sorbonne, Paris. Eu atrever-me-ia
a dizer que necessitamos de ser resgatados da idolatria dos mercados e
redescobrir o Deus que tem no ser humano a sua obra-prima. E que possui, por
isso mesmo, uma dignidade divina inviolável e inegociável.» *(p. Fernando Calado Rodrigues (in CORREIO
DA MANHÃ 18.10.13, p.2 – Ressonâncias)
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