Malala diz que não merece o Nobel da Paz
Malala
diz que não merece o Nobel da Paz
A activista paquistanesa pelo direito das mulheres à educação defende que
ainda precisa de trabalhar muito. Vencedor é conhecido na sexta-feira.
“Penso que ainda preciso de trabalhar
muito. Na minha opinião, ainda não fiz assim tanto para ganhar o Prémio Nobel
da Paz”, realçou Malala, em declarações à rádio paquistanesa City89 FM, citada
pela AFP.
Malala é uma das favoritas para receber o
Prémio Nobel da Paz, atribuído na sexta-feira, pela sua luta pelos direitos das
crianças e das mulheres. A jovem está também nomeada para o Prémio Sakharov,
atribuído pelo Parlamento Europeu, cujo vencedor é conhecido esta quinta-feira.
A 9 de Outubro de 2012, um grupo de
talibans lançou um ataque à aldeia paquistanesa de Mingora, no Vale de Swat, na fronteira
com o Afeganistão, que tinha como objectivo assassinar a jovem, numa altura em
que a sua luta pelo direito à educação começava a fazer manchetes em todo o
mundo. O ataque saiu gorado e, desde então, Malala tornou-se um símbolo dos
direitos das crianças.
Logo após ter sobrevivido ao ataque, uma
petição para que Malala fosse nomeada para o Prémio Nobel da Paz juntou mais de
60 mil pessoas em apenas um mês. Na altura, uma representante desse movimento
referiu aoThe Guardian que “Malala não representa apenas as
jovens mulheres, ela fala em nome de todos a quem lhes é negada a educação
apenas por causa do género”.
Shahida Choudhary sublinhava que a
entrega do Nobel à paquistanesa “vai mandar uma mensagem clara de que o mundo
está atento e que apoia aqueles que defendem os direitos das mulheres à
educação”.
Recentemente, Malala, discursando na sede das
Nações Unidas em Nova Iorque, apelou ao acesso à educação para todas
as crianças. “Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o
mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro”, destacou a jovem.
Malala começou o seu activismo mais cedo
do que o comum. Aos 14 anos já era um símbolo nacional: venceu o National Peace
Award for Youth, no Paquistão, e foi nomeada para o International Children’s
Peace Prize, da Dutch Kids Rights Foundation.
A sua luta começou em 2009 quando os
taliban começaram a impor a sharia(lei islâmica) na região do Vale de Swat,
onde vivia. Desobedecendo à proibição de frequentar a escola, Malala insistiu.
Dizia, apenas com 11 anos, numa reportagem to New York Times: “No caminho para a escola eles podem
matar-nos, atirar-nos com ácido para a cara, fazer o que entenderem. Mas eles
não podem parar-me, eu vou ter a minha educação”.
A “insurreição” de Malala era acompanhada
por um diário que actualizava diariamente para o site da BBC Urdu. Nele
denunciava o domínio dos taliban sobre a sua aldeia e de como impediam as
mulheres de aceder à educação.
Aos poucos, os seus relatos começaram a
ter eco e os taliban viram na jovem um perigoso foco de rebelião que precisava
de ser contido. O ataque que faz hoje um ano era apenas uma questão de tempo.
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