Deus presente na nossa história por Armando Soares


O Nascimento de Jesus é um facto histórico tão importante que até a história ficou dividida em dois tempos: antes de Cristo e depois de Cristo.
A Liturgia celebra Deus presente na história humana. Ele está presente no Antigo Testamento: nossos primeiros  pais, Adão e Eva recebem todas as tardes a visita de Deus que vem conversar com eles, até que um dia se escondem porque tinham desobedecido. A Moisés aparece na sarça ardente, aquele fogo que não se apagava. Ao povo no deserto faz companhia, de dia numa nuvem e, de noite numa coluna de fogo. Nas necessidades fundamentais do povo ele está presente com o maná e com a água que mana do rochedo ferido por Moisés. 

Ao Profeta faz-se presente na plantazinha que cresce e lhe dá sombra, mas logo o bicho a corrói e seca. Mas o Profeta arranja forças para ir cumprir sua missão. A Tobias faz companhia na figura de um viandante e lhe dá a cura da cegueira. Chama Eliseu para ir com seu carro  por-se ao lado do carro do eunuco etíope que lia a Bíblia, lhe explica o sentido do que lê e ele mesmo pede para ser baptizado porque passam junto dum rio: água que lhe lavou a alma e ficou cheio de alegria. Em Jesus Cristo seu Filho, o Messias, o Salvador, através dos muitos milagres ou sinais que realiza, prioritariamente para os pobres ou desprezados e doentes: o cego de Jericó, o paralítico, a samaritana, que se torna apóstola, Zaqueu o pecador convertido e com coração generoso, o filho pródigo exemplo de arrependimento e o pai modelo de misericórdia, a mulher que o toca e fica curada, a sogra de Pedro, a multiplicação dos pães em que alimenta a multidão com o pouco mas que é dado generosamente, a Maria que, chorando procurava o morto e pergunta por ele ao jardineiro,  que afinal é o Mestre e o reconhece pela voz “Maria”, aos Apóstolos reunidos com Tomé e sem Tomé, aos discípulos de Emaús como companheiro de viagem discutindo os problemas que os preocupavam, e na cruz ao ladrão arrependido ao qual diz “hoje estarás comigo no paraíso”…

Deus aparece em múltiplas circunstâncias. É o Deus Omnipresente. É Deus da história do povo, e de cada pessoa. Das circunstâncias importantes, menos importantes ou mesmo de nenhum ou pouco valor. E onde está Deus tem de haver alegria. Deus está na nossa história. Ela tem de ser vivida com íntima alegria mesmo entre injúrias e maus tratos, da nossa parte, devemos evitar para nunca ferirmos os nossos amados e queridos “irmãos”.
Os Apóstolos foram proibidos de falar em nome de Jesus. Eles  respondem: “Deve obedecer-se primeiro a Deus que aos homens”. Prendem-nos, açoitam-nos, julgam-nos e soltam-nos por medo do povo, pois faziam milagres. De novo, cheios de alegria, por sofrerem em nome de Jesus, continuam a anunciá-lo ao povo.

No céu e na terra e em toda a parte todos se prostram e adoram o Cordeiro. Ele com o Pai é o principio e o fim de tudo. O testemunho da presença de Deus: pode ser dado através do sangue. À pergunta de Jesus:” Pedro tu amas-me?”, Pedro responde por três vezes. “Senhor Tu sabes que te amo”. Ficou triste à terceira vez. Mas Jesus responde: apascenta as minhas ovelhas e aponta para a cruz como sinal de amor. Pedro e todos os mártires de ontem e de hoje dão testemunho do mesmo amor. Hoje como ontem são centenas e milhares de cristãos, seguidores de Jesus, os que são perseguidos em tantos países do mundo. E são torturados e martirizados. “Segue-me”. Seguir Jesus é mesmo dar a vida se for preciso-.
Neste ANO DA FÉ vivamos a presença de Deus em todo o lado, na nossa vida, na nossa história.

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