EUROPA 133 milhões de pobres sofrem mais com políticas de austeridade (Cáritas)
EUROPA
133
milhões de pobres sofrem mais com políticas de austeridade (Cáritas)
19 de Fevereiro de 2015, às 16:21
Habitação e alimentação são prioridades da organização católica em Portugal. |
A
confederação europeia da Cáritas apresentou hoje em Roma o terceiro relatório
sobre a crise, no qual denuncia a existência de 133 milhões de pobres na União
Europeia e o aumento das desigualdades sociais.
O
documento adianta que a situação se agravou com a crise financeira e as
políticas de austeridade, analisando em particular os seus impactos na Itália,
Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, Roménia e Chipre.
A
organização católica sustenta que a resposta a crise acabou por “transferir
dinheiro dos pobres para os ricos”, pedindo novas políticas sociais para
inverter o atual rumo da União Europeia.
Walter
Nanni, responsável da Cáritas italiana, disse em conferência de imprensa que os
objetivos assumidos na chamada ‘Estratégia de Lisboa’, que visavam uma
diminuição dos pobres até 2020, estão longe de ser concretizados.
“Os
pobres deveriam ser 96,4 milhões até 2020, isto é, menos 20 milhões, mas pelo
contrário estão a aumentar. É preciso questionar se o medicamento utilizado
para curar a despesa pública não matou o paciente”, declarou, durante a
apresentação do relatório 2015 da Cáritas Europa, ‘A pobreza e as desigualdades
em ascensão: sistemas sociais justos são necessários como solução’.
Este
é um estudo sobre as consequências da crise
europeia e da intervenção da ‘troika’ nas populações dos países da União
Europeia mais afetados pela crise económica, apresentando os “impactos humanos
da crise e das políticas de austeridade”.
Os
dados mostram que um “número crescente de pessoas lutam contra a pobreza e as
desigualdades” e que a crise “tem afetado o acesso aos serviços sociais e de
saúde”, prejudicando “a difícil situação das crianças e suas famílias”.
Segundo
a Cáritas, a pobreza infantil afeta 28% dos menores da União Europeia, há 24
milhões de desempregados e 9,9 milhões de pessoas vivem em situação de
“privação material grave”.
Em
Portugal, a «Semana Cáritas» 2015 (1 a 8 de março) vai ter entre as suas
principais preocupações as carências alimentares das crianças, jovens e adultos
sem esquecer a “explosiva” questão da habitação.
“Tem
sido muito sofrimento para as nossas famílias, em termos de austeridade, que se
podia ter evitado em termos de intensidade se as opções políticas tivessem sido
outras”, disse à Agência ECCLESIA Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas
Portuguesa.
Face
ao número de pessoas que têm vindo a perder a sua casa, a organização católica
vai reunir-se com Governo para pedir “urgentemente” uma medida de
corresponsabilidade entre “bancos, Estado e sociedade civil”.
“Nós
defendemos que haja um fiador moral, alguém que consiga manter uma distância
esclarecida pudesse dizer ao banco e ao Estado que as pessoas não pagam porque
efetivamente perderam os recursos que dispunham”, esclarece o presidente da
Cáritas Portuguesa.
O
presidente da Cáritas apela aos portugueses que sejam generosos nas “dádivas
financeiras” e embora reconheça que existem pessoas que já não são capazes de
“dar mais” porque têm sido “muito solicitadas”.
CB/OC
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