SRI LANKA S. José Vaz português de Goa, missionário do Sri Lanka
SRI
LANKA
S. José Vaz português de Goa, missionário do Sri Lanka
São José Vaz RV |
Foi canonizado nesta quarta-feira dia 14 de janeiro o Padre José
Vaz, sacerdote com raízes portuguesas que viveu nos séculos XVII e XVIII. O
Papa Francisco em Visita Apostólica ao Sri Lanka presidiu à celebração de
canonização daquele que é considerado o missionário daquele país. O Padre José
Vaz, nasceu em Goa a 21 de abril de 1651 e é sobre ele que falaremos hoje nesta
nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo”.
O Padre José Vaz, nasceu em Goa a 21 de abril de 1651 numa família
da casta dos brâmanes. Esta canonização do beato José Vaz é motivo de alegria
não só para a Índia e o Sri Lanka, mas também para o Oratório de S. Filipe
Neri, que vê inscrito no álbum dos santos um seu sacerdote. S. João Paulo II
aquando da beatificação há vinte anos afirmou que: “Em consideração de tudo o
que o padre Vaz foi e fez, do modo como o fez e das circunstâncias nas quais
conseguiu realizar a grande obra de salvação de uma Igreja em perigo, é justo
saudá-lo como o maior missionário cristão que a Ásia jamais teve”.
Segundo nos conta a história, o Cristianismo “começou a
espalhar-se no Sri Lanka apenas com a chegada dos portugueses, no século XVI”.
Uma frota comandada por Lourenço de Almeida chegou a Colombo, a atual capital,
a 15 de novembro de 1505, numa altura em que a ilha estava dividida em três
reinos: o tâmil a norte e dois cingaleses, no centro e no sul.
Com a autorização do rei de Kotte, Almeida erigiu uma capela em
honra de S. Lourenço, onde se celebrou uma Missa presidida por frei Vicente,
capelão dos navegadores. À medida que o acesso ao país se foi facilitando, os
franciscanos foram enviados para a ilha, pelo que em 1530 já havia alguns
religiosos e um pároco, cujo túmulo foi descoberto em 1836. Segundo o
‘Dicionário de História Religiosa de Portugal’, o primeiro vigário de Ceilão
foi o padre Luís Monteiro de Setúbal, que ali viria a ser enterrado em 1536.
Recordemos que entre 1515 e 1534 Ceilão pertenceu à Diocese do
Funchal, passando depois a ser território da diocese de Goa até 1557, data em
que foi erigida aquela que será a sua futura diocese até 1836, Cochim. Em 1543,
cinco franciscanos enviados pelo rei D. João III chegaram a Kotte para
converter o soberano local, o que viria a acontecer com o rei Dharmapala em
1551.
Esta conversão abriu caminho ao crescimento da fé católica, num
esforço de missionação que contou com a participação de outras ordens
religiosas, como os jesuítas e os dominicanos.
A meio do século XVII, os holandeses chegaram à ilha e expulsaram
os portugueses, ocupando os seus territórios, ao que se seguiu a proibição do
catolicismo.
É neste contexto que decorreu a ação do padre José Vaz, vindo de
Goa, entrou no Sri Lanka disfarçado para ajudar os católicos.
O padre José Vaz conseguiu introduzir-se clandestinamente no
Ceilão, oprimido pela dura perseguição desencadeada contra os católicos pelos
holandeses que tinham conquistado a ilha. Quando chegou, como escravo e
mendigo, todos os sacerdotes tinham sido mortos, as igrejas profanadas ou
destruídas, os fiéis dispersos, amedrontados pela ameaça de morte.
O Padre Vaz chegou mesmo a ser preso. Ajudava clandestinamente as
comunidades católicas, celebrando Missa de noite. Fez uma tradução do Evangelho
para as línguas tâmil e cingalês.
Quando o Padre José Vaz faleceu havia uma Igreja florescente, com
setenta mil católicos fervorosos, quinze igrejas, quatrocentas capelas, dez
presbíteros e numerosos catequistas leigos que se ocupavam da formação do povo,
servindo-se dos manuais que o padre Vaz compusera em língua local. Este homem
franzino, com a santidade de vida e o seu zelo apostólico, lançou raízes tão
profundas que as tempestades vindouras não conseguiriam extirpar.
Na noite de 15 de Janeiro de 1711, recebendo o viático, à
comunidade oratoriana que lhe pedia uma última lembrança, Vaz disse:
«Recordem-se que não se pode facilmente cumprir no momento da morte aquilo que
foi descuidado durante a vida inteira». E com uma vela acesa nas mãos, com o
nome de Jesus nos lábios, concluiu a sua extenuante peregrinação terrena.
O missionário do Sri Lanka, como é conhecido, morreu a 16 de
janeiro de 1711 e a sua proclamação como santo contou com os votos favoráveis
da Congregação para as Causas dos Santos em relação a este processo, sem ter
sido exigido um novo milagre.
Foi beatificado por S. João Paulo II em janeiro de 1995, também
durante uma viagem ao Sri Lanka.
A Igreja Católica tem hoje cerca de 1,4 milhões de fiéis (6,1% da
população) num país maioritariamente budista, representando a maior confissão
cristã na ilha.
Em 1947, a Virgem Maria foi proclamada padroeira da nação, com o
título de Nossa Senhora de Lanka.
“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui na Rádio Vaticano em língua
portuguesa. (RS/Ecclesia)
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