SRI LANKA S. José Vaz português de Goa, missionário do Sri Lanka

SRI LANKA
S. José Vaz     português de Goa, missionário do Sri Lanka
São José Vaz  RV 

 RV   14/01/2015 10:55 

Foi canonizado nesta quarta-feira dia 14 de janeiro o Padre José Vaz, sacerdote com raízes portuguesas que viveu nos séculos XVII e XVIII. O Papa Francisco em Visita Apostólica ao Sri Lanka presidiu à celebração de canonização daquele que é considerado o missionário daquele país. O Padre José Vaz, nasceu em Goa a 21 de abril de 1651 e é sobre ele que falaremos hoje nesta nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo”.
O Padre José Vaz, nasceu em Goa a 21 de abril de 1651 numa família da casta dos brâmanes. Esta canonização do beato José Vaz é motivo de alegria não só para a Índia e o Sri Lanka, mas também para o Oratório de S. Filipe Neri, que vê inscrito no álbum dos santos um seu sacerdote. S. João Paulo II aquando da beatificação há vinte anos afirmou que: “Em consideração de tudo o que o padre Vaz foi e fez, do modo como o fez e das circunstâncias nas quais conseguiu realizar a grande obra de salvação de uma Igreja em perigo, é justo saudá-lo como o maior missionário cristão que a Ásia jamais teve”.
Segundo nos conta a história, o Cristianismo “começou a espalhar-se no Sri Lanka apenas com a chegada dos portugueses, no século XVI”. Uma frota comandada por Lourenço de Almeida chegou a Colombo, a atual capital, a 15 de novembro de 1505, numa altura em que a ilha estava dividida em três reinos: o tâmil a norte e dois cingaleses, no centro e no sul.
Com a autorização do rei de Kotte, Almeida erigiu uma capela em honra de S. Lourenço, onde se celebrou uma Missa presidida por frei Vicente, capelão dos navegadores. À medida que o acesso ao país se foi facilitando, os franciscanos foram enviados para a ilha, pelo que em 1530 já havia alguns religiosos e um pároco, cujo túmulo foi descoberto em 1836. Segundo o ‘Dicionário de História Religiosa de Portugal’, o primeiro vigário de Ceilão foi o padre Luís Monteiro de Setúbal, que ali viria a ser enterrado em 1536.
Recordemos que entre 1515 e 1534 Ceilão pertenceu à Diocese do Funchal, passando depois a ser território da diocese de Goa até 1557, data em que foi erigida aquela que será a sua futura diocese até 1836, Cochim. Em 1543, cinco franciscanos enviados pelo rei D. João III chegaram a Kotte para converter o soberano local, o que viria a acontecer com o rei Dharmapala em 1551.
Esta conversão abriu caminho ao crescimento da fé católica, num esforço de missionação que contou com a participação de outras ordens religiosas, como os jesuítas e os dominicanos.
A meio do século XVII, os holandeses chegaram à ilha e expulsaram os portugueses, ocupando os seus territórios, ao que se seguiu a proibição do catolicismo.
É neste contexto que decorreu a ação do padre José Vaz, vindo de Goa, entrou no Sri Lanka disfarçado para ajudar os católicos.
O padre José Vaz conseguiu introduzir-se clandestinamente no Ceilão, oprimido pela dura perseguição desencadeada contra os católicos pelos holandeses que tinham conquistado a ilha. Quando chegou, como escravo e mendigo, todos os sacerdotes tinham sido mortos, as igrejas profanadas ou destruídas, os fiéis dispersos, amedrontados pela ameaça de morte.
O Padre Vaz chegou mesmo a ser preso. Ajudava clandestinamente as comunidades católicas, celebrando Missa de noite. Fez uma tradução do Evangelho para as línguas tâmil e cingalês.
Quando o Padre José Vaz faleceu havia uma Igreja florescente, com setenta mil católicos fervorosos, quinze igrejas, quatrocentas capelas, dez presbíteros e numerosos catequistas leigos que se ocupavam da formação do povo, servindo-se dos manuais que o padre Vaz compusera em língua local. Este homem franzino, com a santidade de vida e o seu zelo apostólico, lançou raízes tão profundas que as tempestades vindouras não conseguiriam extirpar.
Na noite de 15 de Janeiro de 1711, recebendo o viático, à comunidade oratoriana que lhe pedia uma última lembrança, Vaz disse: «Recordem-se que não se pode facilmente cumprir no momento da morte aquilo que foi descuidado durante a vida inteira». E com uma vela acesa nas mãos, com o nome de Jesus nos lábios, concluiu a sua extenuante peregrinação terrena.
O missionário do Sri Lanka, como é conhecido, morreu a 16 de janeiro de 1711 e a sua proclamação como santo contou com os votos favoráveis da Congregação para as Causas dos Santos em relação a este processo, sem ter sido exigido um novo milagre.
Foi beatificado por S. João Paulo II em janeiro de 1995, também durante uma viagem ao Sri Lanka.
A Igreja Católica tem hoje cerca de 1,4 milhões de fiéis (6,1% da população) num país maioritariamente budista, representando a maior confissão cristã na ilha.
Em 1947, a Virgem Maria foi proclamada padroeira da nação, com o título de Nossa Senhora de Lanka.

“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa. (RS/Ecclesia)

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