POBRES Deus fala no grito dos pobres
POBRES
Deus fala no grito dos pobres
O
nosso mundo é um mundo onde incessantemente chegam até nós os gritos das
viúvas, dos órfãos, dos famintos, dos explorados, dos camponeses, que no meio
da cidade se encontram com os braços cruzados e sem esperança de vida. Os
massacres dos nossos irmãos nos levam a exclamar: que fazer nesta situação? Que
quer Deus de mim nestes momentos? Como ser profeta ao estilo de Jesus?
Dizem-nos "seguidores de Jesus" que entregou a sua vida pelos
desprezados e que sem medo denunciou e anunciou palavras e acções.
O
missionário é aquele que possui a força de Deus para enfrentar temores, medos e
egoísmos, pois são estes que nos impedem de ver, escutar e descobrir Deus que
fala no fundo dos corações através dos acontecimentos que, dia a dia, sucedem
no mundo. Nas situações difíceis como por exemplo, na presença de grupos
armados, dizem os missionários, experimenta-se que o espírito de Deus está vivo
em nós, que está presente no mundo, que nos fala através do pobre, do
marginalizado, do deslocado que ficou sem nada. Não é o espírito que se cala,
mas nós é que tapamos os olhos e os ouvidos para não ver nem escutar.
Junto
dos nossos irmãos cristãos nos países em guerra, a presença do missionário é
tudo. Significa respeito por parte dos grupos armados; significa, além disso,
segurança, apoio, esperança, alegria e confiança. Estar com eles é transmitir
tranquilidade, amor e paz. Acompanhá-los é entrar a fazer parte dessa família,
dessa comunidade ameaçada, sofrida e ferida, e fazer-lhes sentir que não está
só na sua dor, na sua angústia, no seu temor... e na sua fé. É preciso
escutá-los e partilhar os problemas da sua vida.
Disse
a irmã Marinho, na Colômbia, a qual trabalhou entre os camponeses fugidos para
a montanha ao anúncio da chegada de grupos armados: "Partilhando a minha
vida com meus irmãos camponeses vítimas da violência, dei maior sentido à minha
vida consagrada; aprendi do camponês a sua profunda fé, até onde pode chegar a
generosidade e o perdão. Eles ensinaram-me a saber agradecer com verdadeiro
sentido o alimento de cada dia e a viver com mais alegria as consequências da
minha vida consagrada".
E
cita uma oração que escutou: "Deus, eu te peço que perdoes aos
paramilitares, aos militares e guerrilheiros e que mudes sua violência em
acções de paz para que possamos trabalhar nas colheitas".
O
século XXI precisa de homens e mulheres, de jovens decididos a deixar fama,
prestígio, poder e comodidade para estar ao pé do que não pede senão presença,
escuta, companhia e igualdade.
Nossos
irmãos em regiões de conflito estão esperando e, através deles, Deus segue chamando.
É hora de sair de nós mesmos ao encontro do irmão necessitado, desesperado,
refugiado e excluído.
No
serviço missionário descobriremos nossa realidade pessoal e comunitária e a
felicidade de encontrarmos Deus que nos fala no grito de todos os que sofrem.
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