MÉDIO ORIENTE Execução de clérigo xiita na Arábia Saudita causa protestos no Médio Orient
MÉDIO
ORIENTE
Execução de clérigo
xiita na Arábia Saudita causa protestos no Médio Oriente
2/1/2016,
16:30
Os protestos de repúdio à
execução de Nimr al-Nimr, xiita e opositor do regime saudita, estendem-se por
todo o Médio Oriente. O clérigo foi um dos 47 executados este sábado.
Nimr al-Nimr, 56 anos, foi detido em 2012 e acusado
de causar "motins" e ações subversivas
MOHAMMED HUWAIS/AFP
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O
ministro do Interior da Arábia Saudita anunciou na manhã deste sábado a
execução de 47 pessoas por alegados “atos terroristas”. Apesar do número
particularmente alto de mortes, tem sido
a
de um entre os 47 que tem levado a manifestações espontâneas um pouco por todo
o Médio Oriente. Trata-se de Nimr al-Nimr, um clérigo xiita, defensor da
igualdade para aquela minoria do Islão e um declarado opositor ao regime
autoritário de Salman Al Saud.
Segundo
a BBC, está a acontecer uma manifetação em Qatif, uma província no este da
Arábia Saudita, onde vive a maioria da população xiita. Além disso, também na
Península Arábica, no Barein a polícia está a responder a manifestantes com gás
lacrimogéneo. Também há registo de manifestações na província índia de
Caxemira.
“A arma da palavra é
mais forte do que as balas”
Com
ligações ao Irão (país de maioria xiita, onde estudou e de onde regressou para
a Arábia Saudita, onde os sunitas são predominantes), Nimr al-Nimr, 56 anos,
tornou-se a cara dos xiitas no país. Em 2009, ficou conhecido por acusar as
autoridades de descriminarem os xiitas depois destes serem atacados pela
polícia no cemitério de al-Baqi, um local de peregrinação. Em 2011,
aproveitando a onda da Primavera Árabe, liderou protestos pacíficos contra o
regime da família real saudita. Nessa altura fazia questão de que as
manifestações mantivessem o seu caráter não-violento. “É o rugido da palavra
contra as autoridades, mais do que o das armas… A arma da palavra é mais forte
do que as balas, porque as autoridades vão sempre beneficiar de uma batalha de
armas”, disse à BBC na altura.
Em
2012 foi detido pela polícia, ocasião em que foi baleado — seguiram-se também
protestos onde morreram três pessoas. Depois, foi acusado de causar “motins” e
ações subversivas, o que acabou por levar à sua condenação à morte. Em outubro
de 2015, o supremo tribunal saudita rejeitou um recurso da defesa de Nimr
al-Nimr, que acabou por ser executado este sábado, dia 2 de janeiro de 2016.
A
aplicação da pena capital já provocou a indignação do Irão e de outros
representantes xiitas. Um dos primeiros a reagir foi o Irão, cujo Ministério
dos Negócios Estrangeiros (MNE) avisou que a Arábia Saudita vai pagar “um preço
elevado”. “O Governo saudita apoia terroristas e sunitas extremistas ao mesmo
tempo que executa e oprime as vozes críticas dentro do próprio país”, disse o
porta-voz do MNE iraniano, naquilo que indica ser uma acusação de ligações da
Arábia Saudita ao auto-proclamado Estado Islâmico.
Mais
tarde, o líder supremo do Irão reagiu no Twitter, com uma imagem contendo a
mensagem: “Não é possível suprimir um despertar”. OBSERVADOR
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