NA FORÇA DA PALAVRA por ARMANDO SOARES
1.Temos um Deus como
Pai
A nossa fé baseia-se na Morte e
Ressurreição de Cristo, precisamente como uma casa se apoia sobre os alicerces:
se eles cederem desaba a casa inteira. Na cruz, Jesus carregou sobre si os
nossos pecados e na Ressurreição derrota-os, elimina-os e abre-nos o caminho de renascermos para uma
vida nova. São expressão de maneira sintética no início da sua primeira Carta:
«Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande
misericórdia Ele fez-nos renascer pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, incontaminável
e imarcescível»(1, 3-4).
O Apóstolo quer dizer-nos que mediante
a Ressurreição acontece algo de absolutamente novo: somos libertados da
escravidão do pecado e tornamo-nos filhos de Deus; ou seja, somos gerados para
uma vida nova. Isto acontece no Baptismo, em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Vestindo-se com uma roupa nova, que era branca, o recém
baptizado nascia para uma vida nova mergulhado que fora na Morte e Ressurreição
de Cristo. Tornava-se filho de Deus. São Paulo, na Carta aos Romanos escreve:
«vós recebestes o espírito de adopção, pelo qual clamamos: “Abba! Pai”» (Rom 8,
15). É precisamente o espírito que nos ensina e nos impele a chamar a Deus
«Abba!», que significa «papá». O nosso Deus é assim, é um papá para nós. O
Espírito Santo realiza em nós esta nova condição de filhos de Deus. E este é o
maior dom que recebemos do Mistério pascal de Jesus. E Deus trata-nos como
filhos, compreende-nos, abraça-nos até quando erramos. Já no Antigo Testamento,
o profeta Isaías afirmava que mesmo que uma mãe se esquecesse do filho, Deus
nunca se esqueceria de nós, em momento algum (cf. 49, 15). E isto é mesmo
bonito.
Todavia, esta relação filial com Deus
deve crescer cada dia, deve ser alimentada com a escuta da Palavra de Deus, a
oração, a participação nos Sacramentos, especialmente da Penitência e da
Eucaristia e com a caridade. Temos a dignidade de filhos. Devemos viver de
acordo: comportar-nos como filhos autênticos!
Isto quer dizer que devemos procurar
viver como cristãos, ou seja, devemos procurar seguir o Mestre, apesar dos
nossos limites e das nossas fraquezas. A tentação de pormos Deus de lado, para
nos colocarmos a nós mesmos no centro está sempre à espreita, e a experiência
do pecado fere a nossa vida cristã, o nosso ser filhos de Deus. Por isso
devemos ter a coragem da fé, sem nos deixarmos conduzir pela mentalidade que
nos diz: «Deus não é útil, não é importante para ti», e assim por diante.
Sentindo-nos amados por Ele, a nossa vida será nova, animada pela serenidade e
pela alegria. Deus é a nossa força! Deus é a nossa esperança!
O Senhor ressuscitado é a esperança
que nunca esmorece, que não engana (cf Rom 5, 5). A nossa esperança de cristãos
é forte, certa e sólida nesta terra, onde Deus nos chamou a caminhar, e está
aberta à eternidade, porque se fundamenta em Deus que é sempre fiel. Ser
cristão não se reduz a seguir mandamentos, mas significa permanecer em Cristo,
pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele; significa deixar que Ele tome
posse da nossa vida e que a mude, transforme e liberte das trevas do mal e do
pecado. Manifestemos a alegria de sermos cristãos, a alegria de sermos filhos
de Deus.
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FONTE: Papa Francisco na
audiência da manhã de quarta-feira 10 de abril, na Praça de São Pedro
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