BIBLIA IMAGENS proibição de Deus, ou briga de imperadores e nunca Deus no meio?
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IMAGENS proibição de Deus, ou briga de imperadores e
nunca Deus no meio?
Vimos há dias noutra
publicação deste semanário VIDA NOVA, n.155 de 16/07/17 que o Moisés seguiu
como modelo e decalcou o código do Sinai dos Dez Mandamentos sobre códigos
anteriores como o código de Hamurabi.
Sabemos que na época da
cativeiro no Egito os judeus eram escravos do Faraó. Escravo era obrigado a ter
a mesma religião do seu senhor. Nessa hora os judeus não podiam ter outras
imagens e outro culto, só as imagens e o culto do imperador, o faraó. Na
verdade, desde o séc. XVI a.C. que o faraó dizia que ele era o deus vivo na
Terra. O que fazer? Praticavam a sua fé às escondidas.
Aí, quando se viram livres
e se juntaram a outros povos para se libertar do faraó, foi quando Moisés, o
fundador do povo do deserto, tentou pôr em prática o modelo de Código de que
ele tinha conhecimento. Porque Moisés “foi instruído em toda a ciência dos
egípcios, e era poderoso em palavras e obras”, como afirmou São Paulo.
(At.7,22).
Seguindo o método do código
de Hamurabi para dar uma organização ao povo, organizou também o Código dos 10
Mandamentos, e todo o Pentateuco, Toráh, ou Tanak. E como vinham acostumados a
praticar a sua religião sem imagens, às escondidas, assim colocaram no código
dos Mandamentos do Sinai.
Na verdade, Israel entrava
em diálogo com os povos vizinhos tanto na religião como nas cosmologias. Neste
sentido, são notórias as semelhanças entre o salmo 103, que fala da criação, e
o hino ao deus Atón.
No que concerne ao Gênesis
é semelhante à epopeia de Gilgamesh, “quando o céu foi separado da terra”. E
ainda coincidem no modo da criação das águas, as quais foram criadas antes do
céu e da terra” (Gn.1,2).
Também em muitos destes
mitos antigos os inimigos da ação criadora dos deuses costumava ser representada
sob a forma de serpentes.
Além dos elementos históricos que estamos
constatando, devemos ter presente a diferença entre a cultura egípcia e grega e
a cultura hebraica no seguinte: egípcios e gregos davam mais importância ao
primado da imagem sobre a palavra, da visão sobre a audição.
Enquanto que a cultura
hebraica dava mais importância ao primado da palavra sobre a imagem, audição
sobre a visão.
Aliás, estas diferenças
foram se inserindo nos primeiros cristãos, mas foram convivendo pacificamente
tendo em conta que já no período dos reis de Israel, no templo de Salomão foram
colocadas muitas imagens: de Anjos, querubins e bois e grinaldas e de figuras
de leões (1Rs. 6,23-30).
Na verdade a noção de
estética esteve sempre mais ligada à tradição do cristianismo e teve o
seu apogeu na Idade Média desenvolvendo mais o primado da imagem sobre a
audição, o que a ciência veio confirmar, pois a pessoa humana aprende 75% mais
com a imagem do que com a palavra, ficando dó 25% com a palavra. Daí veio o surto
moderno do cinema, vídeos e videogames, e toda a exuberância da TV sobre a
Rádio, e todos os meios audiovisuais usados em todas as palestras e em todos os
cursos.
Os próprios invisuais
transformam as imagens captadas pelos dedos em palavras no seu cérebro pelo
método Braille.
No entanto, já no séc. VIII
ocorreu no império bizantino um novo movimento chamado iconoclasta que agia
perseguindo as pessoas que veneravam imagens e quebrando seus objetos
devocionais.
Esse movimento foi
promovido pelo imperador Leão III, o Isáurico, que era de descendência árabe,
de Marrocos. Foi quando ele fez a sua própria estátua para ser carregada em
procissão pelas ruas no Cerco de 717, e proibindo outras imagens, igual o rei
Faraó do Egito.
A partir daí ordenou a
proibição de imagens e ordenou a sua destruição tanto nos Templos cristãos como
nos Templos árabes.
Porém, em 780, a viúva de
Leão IV, Irene do Oriente revogou as proibições e acabou com essa polêmica
tanto no Oriente como para o Ocidente, o que foi depois confirmado pelo
Concílio de Nicéia em 787 e depois de Constantinopla em 843.
Como vimos, sempre os
imperadores no meio até esta data. Podemos então perguntar: Imagens – proibição
de Deus, ou briga de imperadores e nunca Deus no meio?
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