Evangelização porta a porta: todos com um coração missionário por ARMANDO SOARES
NOVA EVANGELIZAÇÃO
Evangelização porta a porta: todos com um coração missionário por ARMANDO SOARES
Perfil: É cónego na diocese de Bragança. Foi missionário em Cabo Delgado, em
Moçambique,
durante 8 anos. Por motivos de saúde ficou missionando em Bragança e nas terras
do nordeste. É certa a presença anual nas Jornadas Missionárias em Fátima. Trabalhou
com a juventude, como professor. Um homem humilde com seu valor específico.
Investigador. Acolheu-nos com amizade e simpatia. Ouvimo-lo e transmitimos.
Hoje é nosso convidado.
Voz da Missão – O Sr. Cónego Amado nasceu numa aldeia do Concelho de Vimioso, Pinelo. Como
surgiu a ideia da vocação missionária: da família, da comunidade interessada
pelos problemas eclesiais…? Pois bem
sabemos que estas terras transmontanas deram muitos missionários à Sociedade
Missionária da Boa Nova e outras. A palavra é sua.
Cónego Amado – Nesta terra de gente humilde e
crente como era no meu tempo de jovem, ter um filho sacerdote, missionário, ou
uma filha religiosa, era uma distinção e era acolhida e incentivada a vocação
como um dom de Deus, que nem todos mereciam. Meus pais viviam a vida com uma fé
simples mas real. Éramos 6 irmãos. Deste
modo animei-me a ir para o Seminário. Já lá andavam os PP. Firmino e Viriato,
naturais desta aldeia
VM – Falou no
padre Viriato. De certeza que teve também a sua influência, não é verdade? Quer citar mais alguns, em primeiro da sua
aldeia e depois desta zona?
CA – É com muita alegria que cito
aqueles com quem mais convivi e eram aqui da região. Em primeiro lugar, do Pinelo:
PP. Firmino, Amado, Viriato Matos, Norberto Pino e as Irmãs Laura, Maria João,
Maria Delfina e Lídia, missionária em Angola. O P. Amândio teve muita
influencia, na promoção vocacional, a começar na sua aldeia de Carção, sendo
missionário daqui seu sobrinho P. Policarpo. De Caçarelhos: PP. Agostinho
Rodrigues, Fernando Eiras e Justino Vicente. De Genísio: PP. Virgílio e Basileu
(Mariano). De S. Joanico os dois irmãos Aníbal e Casimiro João. De Atenor: P.
Aquiles Rodrigues. De Vale de Pena: o Ir. António, dos Marianos.
Estes 15 missionários saíram de
dezenas que passaram pelo Seminário e se lançaram na vida nas cidades do litoral. Os anos passados no Seminário
marcaram nas suas vidas pela disciplina e no aproveitamento do tempo.
VM – Percorremos
as ruas da aldeia, e quase nem rasto de gente. Só ouvíamos os pássaros nos seus
trinados. No tempo da sua juventude qual era a população da aldeia de Pinelo
comparada com a desertificação que reina hoje no interior do país?
CA - Nessa altura a aldeia tinha 750
habitantes, hoje sofre uma grande desertificação como todas as aldeias do
interior e terá mais ou menos metade da população. Uma população bastante
envelhecida. Tem 6 crianças (!)... E não é das piores.
VM – Hoje nota-se grande envelhecimento da
população e grande falta de crianças.
CA – Temos um Lar para a Terceira Idade,
que eu aumentei quando vim para aqui. Para 20 pessoas. Crianças, no meu tempo
éramos 91 na catequese (45 rapazes e 46 raparigas)
VM – Voltando
à vida missionária em Moçambique qual foi seu campo de missão?
CA - Em Cabo Delgado trabalhei no Seminário do
Mariri, como educador e Reitor até ao 25 de Abril, e depois, em Pemba onde
terminei meus anos de missão nas mais
variadas tarefas de ensino e pastorais.
VM – Apesar do pouco tempo após a independência,
sentiu profundamente a revolução que deixou marcas profundas em muitos
missionários maltratados e presos.
CA – Senti profundamente após a
revolução, os ataque à religião, considerada como “obscurantismo”. A então
chamada “Comissão Liquidatária”, mostrou ao pormenor o que pretendia a
Revolução. Além de não permitir retirar os móveis das missões nacionalizadas
para as novas residências: isto até para as Irmãs moçambicanas naturais da
diocese, caíram no “ridículo” de contarem o número de peças de roupa que os
missionários possuíam.
VM – Como
definiria em poucas palavras a acção do bispo da Diocese D. José dos Santos
Garcia perante os problemas de uma diocese a começar nestes tempos difíceis, e
ainda da guerra colonial?
CA – D. José Garcia foi um bispo
«empreendedor» na construção das infraestruturas necessárias a uma diocese; foi
um homem muito prudente e cauteloso nas relações com as autoridades e um bispo
muito próximo dos missionários; humilde e preocupado com as comunidades locais.
Procurou colaborar para que o poblema político se resolvesse pacificamente.
Classifico de “amorosa” a
despedida que fez aos missionários, quando decidiu vir para Portugal. E fundou
uma congregação de Irmãs diocesanas com o apoio das Irmãs missionárias da Consolata.
De resto, contam-se numerosas construções de Seminário para promoção do clero
local, lares para formação de filhos dos professores e para Irmãs africanas…
VM– Paróquia
que reza é paróquia em missão, “é
paróquia missionária” dizia Madre Teresa de Calcutá. Na falta de juventude nas
nossas Igrejas que apelo faria às nossas comunidades eclesiais?
CA - Citaria as palavras do Papa
Francisco na sua Mensagem deste ano par o Dia Mundial das Missões: “O mundo tem
uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja,
continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas
da humanidade, que provocam um grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor
crucificado. O Evangelho ajuda a superar os conflitos, o racismo, o tribalismo,
promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre
todos.”
E deixo também o apelo do Papa
Francisco: “As Obras Missionárias Pontifícias inspiram na comunidade o desejo
de anunciar o Evangelho a todos, envolvendo na formação e animação missionária:
adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas,
bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário.”
Comentários
Enviar um comentário