PSD Silva Peneda: “Com este caminho, o que vai acontecer é a morte” do PSD
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Silva Peneda: “Com este caminho, o que vai acontecer é a morte” do PSD
Histórico
social-democrata considera, em declarações ao Jornal Económico, que o partido
"se fechou muito sobre si próprio". E quando isso acontece nas
instituições "normalmente definham e morrem”.
O antigo ministro
social democrata José Silva Peneda não tem “grandes expectativas” que a reunião
do Conselho Nacional do PSD, marcada para hoje, para avaliar um dos piores
resultados autárquicos de sempre do partido, resulte em alterações profundas.
Mas espera que se reflicta porque “com este caminho, o que vai acontecer é a
morte”.
“Não sei se o Dr.
Passos Coelho vai apresentar a demissão, se não vai apresentar a demissão, há
quem diga que sim, há quem diga que não. As linhas do PSD nos últimos tempos
habituaram-nos a que é tudo mais do mesmo”, frisa o histórico social-democrata,
em declarações ao Jornal Económico, acrescentando que “será uma grande surpresa
se mostrar um passo muito grande em termos de ruptura com este passado recente.
Não tenho grandes expectativas”.
Pedro Passos
Coelho admitiu, no domingo, não se recandidatar a um novo mandato como
presidente do partido. Na conferência de imprensa realizada após a
divulgação dos resultados o líder social-democrata reafirmou que não se
demite da liderança do partido por causa do resultado de eleições locais,
mas que iria refletir sobre uma nova candidatura à liderança do partido.
Silva
Peneda, ministro do Emprego de Cavaco Silva e, mais tarde, presidente do
Conselho Económico e Social (CES) até 2015, quando assumiu funções de assessor
do Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, realça que “o PSD
fechou-se muito sobre si próprio, não se abriu e quando as instituições se
fecham sobre si mesmas, normalmente, definham e morrem”.
“O PSD tem que se
abrir, abrir ao contraditório, isso é que faz as instituições estarem vivas e
terem energia e ultrapassar os desafios”, frisa. “Eu julgo que nos últimos
anos, o PSD fechou-se muito sobre um número muito reduzido de pessoas e isso é
mau, isso é mau”.
Não tem dúvidas
sobre a leitura dos resultados autárquicos alcançados pelo PSD este domingo:
trata-se “de um momento muito, muito mau para o PSD. Há muitos erros acumulados
nos últimos tempos, mas não vamos dizer que foi agora, só em seis meses. Há
erros, estratégias, que não foram as mais corretas e as mais adequadas e houve
este resultado”, frisou.
O
social-democrata não pede a demissão do atual líder, ao contrário de
Manuel Ferreira Leite, mas deixa um conselho: “Reflictam muito o que é que
querem porque com esse caminho, o que vai acontecer é a morte, a tendência para
desaparecer. É o caminho natural que isto leva”. Reconhece que “os nomes” que
ocupam as lideranças partidárias são importantes, mas que “mais importante é
também qual é a estratégia”.
“O que é que
pensam em fazer para voltar aos tempos em que o PSD foi importante na sociedade
portuguesa. Neste momento começa a ser pouco importante, pouco atractivo para
os portugueses. E isso é mau. É mau para o PSD, mas é mau também para o país,
acho que faz falta. Um PSD forte na sociedade portuguesa”, sublinhou.
O antigo ministro
defende, ainda, a importância de uma estratégia discutida a várias vozes e que
“comece por envolver muitas pessoas”.
“Uma estratégia
não é definida só por uma pessoa, o segredo está em que essa pessoa ao ser
líder saiba congregar à volta dele um conjunto de personalidades, gente
competente, que ajude a criar uma estratégia que passa por definir quais são os
objectivos principais, quais são as áreas em que o PSD deve apostar”, concluiu.
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